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Folclore

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GILBERTO DE MACEDO * Dedica-se, este mês, às comemorações do folclore. Assim decidiram entidades e órgãos competentes. Competentes pela natureza e pela finalidade, antes que por qualquer injunção governamental. Decisão meritória. Lembrança inteligente. Ato de grande importância social, e de relevância histórica. Por seu alcance humanístico. Cabe, portanto, fazer-lhe o melhor elogio e o veemente aplauso aos autores da enunciada medida. É que no folclore está representada a cultura do povo, trata-se da identidade. E isso é tudo de um povo, de uma sociedade, de uma pessoa. É afirmação do que existe. Daí o seu valor existencial. É do povo em sua autenticidade, isenta de qualquer interferência estranha, independentemente de influências alheias, de dominações alienígenas. Pois aí estão presentes os sentimentos, desejos e aspirações de um povo, os valores da época, enfim a alma do povo. O folclore é a linguagem primitiva da cultura popular. Aprender os seus significados nas diversas manifestações é conhecer a realidade das mesmas. Donde sua importância para o conhecimento do homem e da sociedade numa determinada época, e esta em seu conteúdo social significativo, vale dizer histórico. Aliás, sem isto, não seria autenticamente humana, e, muito menos, social. Assim é o que se pode perceber no enredo dos dramas, nas personagens dos ritos, nas letras da literatura de cordel, nas tonalidades musicais, nos movimentos das danças, nos condimentos e vestuários, nas alegorias em geral, do pastoril, da chegança, do guerreiro, do reisado, do carnaval, e demais. E no artesanato da pintura, dos adornos, da renda, do bilro, e outros. O folclore é o símbolo da cultura popular. Reside no inconsciente coletivo, onde a interpretação da psicanálise permite descobrir os sentimentos e pensamentos aí envolvidos. É a essência da realidade. Daí a independência do folclore face a influências outras que tenderiam a descaracterizá-lo inteiramente, pois se não é genuíno, deixa de ser. Enquanto for independente, não morrerá, mas permanecerá para sempre, conservando vivas as origens do nosso povo, as suas raízes, a história essencial. Pois esta é testemunha dos passos iniciais da humanidade, que se sucedem, sem se negar, sem esquecer as fontes, ou deixaria de ser História, reduzindo-se, fragmentando-se. Sem raízes não há História. Assim, afinal, conservemos o folclore livre das influências devastadoras da chamada “civilização” tecnológica colocada contra o homem. É dever de todo cidadão, obrigação de todo militante político, responsabilidade de todo cientista. É a defesa da tradição popular, espelho das bases da sociedade. A respeito, é lisonjeiro constatar a riqueza de manifestações folclóricas em Alagoas, com a contribuição valiosa de estudiosos, particularmente reunidos na chamada “escola de Viçosa”, constituída por nomes ilustres, como Théo Brandão, José Maria de Melo, Aloísio Vilela, José Pimentel Amorim, Theotônio Vilela, e outros que realizaram importantes estudos sobre o tema. E, independentemente, há outras notáveis figuras como Arthur Ramos, Abelardo Duarte e Manoel Diegues Júnior, que escreveram obras de repercussão, dentro e fora do País. Engrandeceram Alagoas. É, afinal, o reconhecido valor do folclore, que levou à memorável reunião em 1970, da Organização dos Estados Americanos, quando foi elaborada a famosa Carta do Folclore Americano. É o conjunto de bens e formas culturais, o patrimônio cultural de cada país, ameaçado de se descaracterizar pela influência dos meios de comunicação de massa. Daí a preocupação nacional, em todos os países. Pois, descaracterizar o folclore é disfarçar a sociedade, não distinguindo as suas origens. (*) É MÉDICO

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