Opinião
Uma ideia f�rtil

Tendo como cenário a região rural de Maragogi, a experiência do microcrédito tem mais uma tentativa de plantio em Alagoas. Devemos torcer para que germine, floresça e dê (muitos) frutos. Como em todas as experiências transplantadas para culturas distintas, o fulgurante experimento pioneiro do bengalês Muhammad Yunus, depois de várias tentativas de réplicas, nem de longe se aproxima do sucesso do original nos resultados colhidos fora de sua terra natal. Mas, como disse o poeta, ?tudo vale a pena quando a alma não é pequena?. É enorme, gigantesca, a alma social da proposição do microcrédito. Espírito que ?enviveceu? com força no corpo da cultura bengali/muçulmana, onde a relação entre devedor e credor tem forte interpretação religiosa (dentre outras particularidades). Antes mesmo da experiência do Grameem Bank, a união entre cultura religiosa, economia e inclusão social teria gerado a primeira experimentação bem-sucedida de concessão de créditos em valores diminutos e é apontada pela Wikipédia como desenvolvida em 1846, ?no sul da Alemanha, quando foi criada, pelo pastor Raiffeinsen, a Associação do Pão, que cedeu farinha de trigo aos camponeses endividados com agiotas para que eles, com a fabricação e comercialização do pão, pudessem aumentar sua renda?. Não se sabe direito a extensão e os resultados da ideia do pastor Raiffeinsen, mas o microcrédito contemporâneo, em sua formatação Grameem Bank, é um hit global que brindou o professor Yunus com o Nobel da Paz no ano de 2006. Registre-se que os primeiros balanços daquela instituição bancária deram prejuízos, mas graças à persistência de seus fundadores, tornou-se uma banca rentável e em franco crescimento. Bangladesh não é aqui, mas investir no microcrédito rural em Alagoas é uma ótima ideia. Que seja tentada com persistência.