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Nº 5822
Polícia

Novos policiais n�o ter�o armas para trabalhar

Editoria de Polícia Os novos policiais civis alagoanos vão ter de desembolsar em média R$ 1 mil para poder trabalhar com o mínimo de segurança, apesar de seus salários não ultrapassarem os R$ 700,00. Isto é, se não quiserem sair às ruas desarmados. O g

Por | Edição do dia 01/09/2002 - Matéria atualizada em 01/09/2002 às 00h00

Editoria de Polícia Os novos policiais civis alagoanos vão ter de desembolsar em média R$ 1 mil para poder trabalhar com o mínimo de segurança, apesar de seus salários não ultrapassarem os R$ 700,00. Isto é, se não quiserem sair às ruas desarmados. O governo do Estado não pretende fornecer armas aos recém-nomeados, prometendo firmar convênios para que eles possam efetuar a compra. Mas não são somente as armas que os policiais novatos vão ter de comprar, como também as algemas jaquetas e munições. Pelo que se pode perceber, o Estado pretende se omitir de suas obrigações com esses servidores, que terão a obrigação de combater a crescente violência em Alagoas. Queixas semelhantes vêm sendo feitas pelos recrutas da Polícia Militar (PM) de Alagoas, que amargaram um concurso público dos mais concorridos e rigorosos, pois precisaram passar por um pesado teste físico e pelo menos duas baterias de exames médicos, que eliminaram centenas de candidatos. Para ingressar na academia, eles precisaram pagar suas próprias fardas como em qualquer outra escola. Não há promessas de que recebam armas, algemas ou cassetetes. Inclusive, eles passam todo o expediente no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (Cfap), mas não recebem alimentação. O presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas, José Carlos Fernandes Neto, afirmou que a entidade condena a compra de armas por parte dos policiais, pois se trata de uma obrigação institucional do governo. “O Estado quer que os policiais se virem, não tem a menor responsabilidade com eles”, destacou José Carlos, acrescentando ser bastante suspeito que os policiais estejam sendo estimulados a comprar armas que custam entre R$ 1 mil e R$ 1.500 mediante um convênio entre órgãos públicos e uma fábrica de armas de São Paulo. O sindicalista lembrou que ao invés de se preocupar em armar os policiais para o combate à violência o governo perdeu uma verdadeira fortuna na compra de armamento que não chegou. Inclusive, José Carlos acusa a cúpula da Secretaria de Defesa Social (SDS), composta de procuradores, promotores e delegados, de omissão. “Eles sabiam que as armas (espingardas calibre 12) tinham sido pagas. Isto é omissão. Por que eles não se preocuparam em apurar?”, indagou ele. Material doado José Carlos Fernandes advertiu que os policiais antigos receberam armas velhas, material este doado pela Polícia Rodoviária Federal. Foi uma dessas armas, sem dispositivo de segurança, que terminou matando um escrivão de polícia e sindicalista, no mês passado. A arma caiu e disparou. Pistolas e revólveres modernos são fabricados com dispositivos que impedem que disparem ao cair. O presidente do Sindpol informou que a PM está na mesma situação. Os curso está sendo improvisado e todo o material é pago pelos recrutas, que não receberam um tostão sequer até o momento. Os alunos foram obrigados a comprar o próprio fardamento, sob a ameaça de não poder ingressar no curso e, conseqüentemente perder a vaga conquistada por meio de concurso público. O secretário de Defesa Social, Antônio Arecippo, confirmou que a Secretaria de Defesa Social não poderá dispor de armas suficientes para atender ao novo contingente da Polícia Civil (PC), que atinge um universo de mil e vinte e nove pessoas. Declarou, ainda, que dentro das possibilidades da SDS acautelará algumas armas, entretanto, o secretário informa que conversas estão sendo mantidas com fornecedores para elaboração de um plano de financiamento que possa facilitar a aquisição de armas para os novos integrantes da Polícia Civil. O secretário fez ver que parte dos novos integrantes da PC já possuem suas armas (pessoas que vieram da PM e policiais civis que trocaram de função), o que significa dizer que não são todos os novatos que vão trabalhar desarmados. O secretário acrescentou que existe a responsabilidade de todos os que compõem a SDS, o que significa dizer que não se vai colocar nas ruas, em missão, policiais desarmados. “Dentro da filosofia do governo, a SDS mantém-se atenta no que diz respeito ao atendimento de melhorias na estrutura da Defesa Social, que compreende as polícias Civil, Militar, Corpo de Bombeiros e Detran”, salientou. Fardamento O vice-presidente do Sindpol, Carlos Jorge da Rocha, alertou que os novos policiais civis estão sendo forçados a pagar o próprio fardamento (R$ 45,00), apesar de não terem recebido a bolsa obrigatória (R$ 100,00). “O sindicato está orientando que eles não pagem, pois não receberam nada e tem gente que para fazer o curso está passando por necessidades financeiras. É um absurdo o que está sendo praticado contra eles”, destacou o sindicalista. Carlos Jorge, recentemente eleito presidente da entidade, garante que o governo quer dar o calote nos concursados e ainda levar vantagem. “O que nós propomos é que o fardamento seja descontado do valor da bolsa, e que este dinheiro seja liberado logo, pois eles já estão nomeados há quase dois meses”, completou. Para Carlos Jorge, os novos policiais civis estão fazendo um esforço sobre-humano, pois muitos abandonaram os seus empregos e estão, mesmo sem receber vale-transporte, realizando seus deslocamentos: primeiro, para a Academia de Polícia Civil, depois para o estágio probatório nas delegacias da capital.

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