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Nº 5822
Polícia

Traficantes de drogas invadem bairros de Macei�

RÓDIO NOGUEIRA O tráfico de drogas está presente 24 horas nos bairros de Maceió. Jacintinho, Benedito Bentes, Vergel do Lago e Reginaldo detêm as mais disputadas “bocas-de-fumo”. O Bom Parto, considerado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Esta

Por | Edição do dia 15/09/2002 - Matéria atualizada em 15/09/2002 às 00h00

RÓDIO NOGUEIRA O tráfico de drogas está presente 24 horas nos bairros de Maceió. Jacintinho, Benedito Bentes, Vergel do Lago e Reginaldo detêm as mais disputadas “bocas-de-fumo”. O Bom Parto, considerado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como um bairro de porte médio, nas investigações da Delegacia de Repressão às Drogas (DRD) aparece como a novidade no tráfico de drogas. É que o bairro fica próximo à Vila Brejal e é cortado pela Lagoa Mundaú. “A Nova Vila, que fica no Bom Parto, vem se revelando como uma novidade no comércio de drogas. Mas está com os dias contados”, explica o delegado Alcides Andrade, que pela segunda vez comanda a Delegacia de Repressão às Drogas. Alcides Andrade explica que o Jacintinho com uma população em torno de 220 mil habitantes está cercado de favelas e grotas, fatores que facilitam muito a movimentação de traficantes. O Vergel do Lago tem nas margens da Lagoa Mundaú dezenas de favelas, prato cheio para a venda de drogas. O Reginaldo tem também suas deficiências, a exemplo do Benedito Bentes. “São bairros com grandes populações, onde as chamadas “galeras” se reúnem para montar suas bases. A polícia tem, por conta de um trabalho de inteligência, estourado muitas bocas-de-fumo. Muitos traficantes foram mandados para os presídios São Leonardo e Baldomero Cavalcanti”, explica Alcides Andrade. “O quadro atual é realmente preocupante. Mesmo porque não há estatística na nossa polícia de que o tráfico de drogas caiu em Alagoas. Muito pelo contrário, o movimento vem crescendo. Basta atentar para o número de prisões que vêm sendo feitas quase que todos os dias. Já temos casos de apreensão de cocaína e haxixe. Então, é sinal de que a maconha muito popular aos poucos vai sendo colocada de lado, visto muitos usuários terem interesse de provar novas drogas”, explica o delegado de Repressão às Drogas. Roças Andrade afirma que Alagoas tem suas roças nas cidades de Olivença, Cacimbinhas e Santana do Ipanema, sempre muito combatidas e destruídas pela polícia. Quando não há maconha em Alagoas os traficantes compram nas cidades de Floresta, Cabrobó e Salgueiro (PE), que ficam no polígono da maconha. A entrada em Alagoas pode ocorrer de várias formas. As polícias Civil, Militar e Federal já efetuaram prisões importantes. A Federal apreendeu cerca de 400 quilos de maconha no interior alagoano. A Civil apreendeu 95 quilos e nove traficantes em um operação na Chã da Jaqueira. A Militar, que não é sua especialidade, tem colaborado com algumas apreensões. Segundo Alcides Andrade, para a Delegacia de Repressão às Drogas (DRD), efetivamente combater esse tipo de crime 24 horas, precisa haver maior atenção da Secretaria de Defesa Social. “Temos atualmente 12 policiais para atender a capital e o interior do Estado. O número é insuficiente para nosso objetivo. Precisamos de, pelo menos, 30 policiais civis, serviço de comunicação, arma pesada e viaturas velozes para perseguir os traficantes que usam carros possantes para fugir da polícia. Mas enquanto não temos essa estrutura, vamos usando nossos meios no combate aos plantadores e traficantes de maconha”, alerta Alcides Andrade. Andrade relata que um quilo de maconha considerada pelos viciados de boa qualidade chega a ser vendido por até 300 reais. Um cigarro (finório) custa um real mas ninguém compra por unidade. A menor quantidade fica entre 50 e 100 gramas. E quem tem dinheiro leva até de quilos para usar a sua maneira quando a maré está para viciado. O delegado não tem dúvidas de que menores são recrutados para levar a droga para clientes porque a polícia normalmente não revista essas pessoas. “Mas é importante que as revistas sejam efetuadas. O menor é usado como “mula”; é a pessoa que leva a maconha para quem adquiriu. Ficava fácil passar pelos policiais”. Grupos “Não pense a sociedade que a droga está apenas nos bairros do Vergel do Lago, Benedito Bentes, Jacintinho, Reginaldo e Bom Parto. A droga está em Ponta Verde, Farol, Pajuçara e em Jaraguá. Obviamente, que em lugares fechados. Trata-se de grupos organizados que consomem droga pesada como cocaína e crack em seus condomínios fechados e banheiros de bares sofisticados. Sei de pessoas de muita influência na sociedade que usam drogas. Para prender preciso de mandado de busca para entrar em sua residência. E para efetuar a prisão preciso ter a certeza de que vou durante o flagrante encontrar drogas. Nossa meta é trabalhar visando encontrar meios que possam levar a polícia a este caminho”, alerta o delegado Alcides Andrade, que inclui esses bairros na rota do tráfico. “Não tenho o menor receio em fazer esta revelação. Agora, quero provar as minhas colocações mostrando apreensão e droga e prisão de usuário e traficante”, explica o delegado. Andrade lembra que os tempos mudaram neste tipo de atividade. Alerta ele que em épocas passadas o viciado se dirigia à boca-de-fumo para comprar a droga. De alguns anos para cá é o traficante que leva o produto onde o consumidor quiser. “É muito comum a pessoa que se preocupa com a reputação não procurar o traficante em seu ponto-de-venda. É a chamada entrega em domicílio. O jogo é rápido com pagamento à vista, nunca em cheque, sempre em dinheiro”, frisa Alcides Andrade.

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