app-icon

Baixe o nosso app Gazeta de Alagoas de graça!

Baixar
Nº 5824
Polícia

Moradores do Trapiche recorrem a justiceiros contra os marginais

Editoria de Polícia Famílias residentes no Conjunto Virgem dos Pobres III, no Trapiche da Barra, estão pagando a uma milícia paralela para ter proteção contra a ação de quadrilhas que atuam naquele núcleo habitacional. Denominada de “Milícia da Noite

Por | Edição do dia 19/09/2002 - Matéria atualizada em 19/09/2002 às 00h00

Editoria de Polícia Famílias residentes no Conjunto Virgem dos Pobres III, no Trapiche da Barra, estão pagando a uma milícia paralela para ter proteção contra a ação de quadrilhas que atuam naquele núcleo habitacional. Denominada de “Milícia da Noite”, o grupo circula durante a madrugada à procura de bandidos para tirar de circulação. A identidade da organização é mantida em absoluto sigilo. Cada residência que recebe proteção é identificada por um cartaz fixado na frente do imóvel com a figura de um segurança. A iniciativa da população tem cerca de um ano quando ex-militares foram convidados para fazer a segurança no Virgem dos Pobres. À época, as casas não recebiam identificação. Com a onda de violência que se instalou naquele populoso logradouro a “milícia noturna” tomou formas e passou a agir muitas vezes à luz do dia contra assaltantes, ladrões e traficantes, cujos cadáveres eram encontrados crivados de bala nas margens da Lagoa Mundaú. O recente caso envolve Josenildo dos Santos, 19, que foi morto a tiros dentro de um bar na noite de segunda-feira. A “milícia noturna” deve ter um efetivo em torno de 50 homens, sendo a maioria ex-militares. Além de residências, eles também protegem mercadinhos, bares, templos religiosos, escolas particulares e panificações. A atuação do grupo também é conhecida por “justiceiros”, segundo informações, e vem reduzindo a onda de violência nos bairros do Trapiche da Barra e Vergel do Lago. A Polícia Civil começou a investigar a ação da “milícia noturna”, que é contratada por famílias do Virgem dos Pobres. Lei do silêncio preserva nomes e preços do “serviço” prestado A lei do silêncio não permite que os beneficiados com os serviços da “milícia da noite” revelem os bastidores do grupo. É proibido revelar nomes e valores. O morador que romper o silêncio perde a proteção do grupo, que a cada dia cresce em Maceió no combate aos bandos que atuam em conjuntos. Este ano, cerca de nove misteriosos assassinatos foram registrados nos bairros do Trapiche da Barra e Vergel do Lago. A maioria, segundo a polícia, tinha ligação com assaltos, consumo e tráfico de drogas. E pela forma como ocorreu o homicídio, segundo policiais, tem a ver com crime de justiceiro. Quem ousa falar sobre essa organização revela apenas as iniciais. Proteção M.A.L., 28, relata que paga proteção porque já foi vítima de assaltantes três vezes. E que a partir do seu interesse pelo serviço não mais teve problema. “Não estou dizendo que essas pessoas estão matando bandidos. Sei que muitos foram executados e outros estão na mira da milícia noturna, que faz o papel da polícia”, relata M.A.L., que por dinheiro nenhum revela quanto paga ao grupo. J.P.F., 40, é dono de um mercadinho que foi assaltado este ano quatro vezes. Ele reconhece que a polícia tenta evitar a ação dos marginais mas não consegue. “Enquanto estiverem nos protegendo, pago e vou pagar. Dizem que eles matam bandidos. Eu não sei se é verdade. Sei que muitos já morreram”, ressalta J.P.F. S.L.M., 33, tem a mesma opinião e se diz feliz com a presença do grupo que leva segurança para as famílias assustadas no Conjunto Virgem dos Pobres.

Mais matérias
desta edição