Cada preso custa R$ 700 aos cofres p�blicos, por m�s
No Brasil, é sete vezes mais caro manter um criminoso preso que um aluno na escola: cada aluno da rede pública estadual de São Paulo custa R$ 1.140 por ano e um detento faz o governo desembolsar R$ 8.400 anuais, segundo dados publicados na Revista Época.
Por | Edição do dia 22/09/2002 - Matéria atualizada em 22/09/2002 às 00h00
No Brasil, é sete vezes mais caro manter um criminoso preso que um aluno na escola: cada aluno da rede pública estadual de São Paulo custa R$ 1.140 por ano e um detento faz o governo desembolsar R$ 8.400 anuais, segundo dados publicados na Revista Época. Cada presidiário brasileiro custa R$ 700 aos cofres públicos por mês. Pesquisa divulgada pelo Instituto DataFolha, em março, indica que 21% dos brasileiros consideram a segurança o principal problema do País. Depois do desemprego, é a maior aflição na-cional. Para resolver o problema, 57% dos entrevistados falam sobre a necessidade de investimentos na área social: criação de oportunidade de emprego e melhorias na educação. Trinta e oito por cento apostam numa solução através do aumento do número de policiais treinados nas ruas e da aquisição de equipamentos. Para o sociólogo Mauro Francisco Paulino, diretor-geral do DataFolha, não é possível reduzir a violência sem encarar as questões da educação e do desemprego. Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais, Mônica Andrade e Marcos Lisboa, da Fundação Getúlio Vargas, são responsáveis por uma pesquisa denominada Desesperança de Vida: Homicídio em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Eles concluíram que um aumento do salário real e uma queda da desigualdade são fatores que contribuem para diminuição da taxa de homicídios na população jovem, parcela mais atingida pelos problemas da economia. Essa é a fase onde as pessoas estão mais expostas aos riscos e querem melhorar sua condição de vida, segundo explicam os sociólogos. Se essa ascensão não vem, elas podem acabar seguindo o caminho da criminalidade, demonstrando que a mesma está associada à pobreza e às condições de vida. Para Richard Freeman, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, o desemprego afeta as estatísticas de violência porque os desempregados, obviamente, não correm o risco de perder o emprego e têm bastante tempo livre para cometer o crime. A Revista Época ouviu sete especialistas brasileiros que apontaram como soluções para amenizar os índices de violência a criação de políticas e programas que minimizem a marginalização dos jovens da periferia, principais personagens, sejam eles vítimas de assassinatos, sejam algozes. Eles necessitam de educação, assistência social e oportunidades de emprego.