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Nº 5759
Polícia

Pres�dios alagoanos podem voltar a receber traficantes do sul do Pa�s

Os presídios alagoanos podem voltar a receber traficantes do Sul do País, caso o Ministério da Justiça faça cumprir acordo assinado pelo governo do Estado, em 1999, quando da liberação de recursos para a construção do Estabelecimento Prisional Baldomero

Por | Edição do dia 22/09/2002 - Matéria atualizada em 22/09/2002 às 00h00

Os presídios alagoanos podem voltar a receber traficantes do Sul do País, caso o Ministério da Justiça faça cumprir acordo assinado pelo governo do Estado, em 1999, quando da liberação de recursos para a construção do Estabelecimento Prisional Baldomero Cavalcanti. A transferência de bandidos condenados em outras regiões para Alagoas foi uma das exigências feitas pelo governo federal, uma espécie de contrapartida, para construir uma penitenciária de segurança “máxima” em Maceió. Os assessores da Secretaria de Justiça não comentam o assunto, porém existem rumores de que o atual secretário, João Evaristo dos Santos Filho, teria sido sondado a respeito do envio de traficantes cariocas, envolvidos numa série de rebeliões e mortes em presídios do Rio de Janeiro, que poderiam vir para o Baldomero Cavalcanti. Também, segundo assessores, ele não fala sobre o assunto. A experiência de transferir presos para Alagoas tem se mostrado desastrosa, pois dos cinco que vieram há dois anos, apenas um permanece recolhido ao sistema carcerário do Estado: o detento Manoel Francisco de Oliveira, um dos envolvidos no seqüestro do irmão da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, que veio do Paraná. Manoel é acusado de haver planejado mais de uma dezena de fugas, inclusive a que colocou em liberdade seu cúmplice, em seqüestros, Osélio de Oliveira, que fugiu do presídio São Leonardo, no dia 14 de abril deste ano, para onde tinha sido transferido, porque se dizia ameaçado de morte no Baldomero. É atribuída a ele o plano que possibilitou a fuga de 17 presos, em 2001, quando reeducandos do Baldomero Cavalcanti fugiram pela tubulação de esgoto. Ninguém entende os motivos de ele continuar na cadeia. Os outros três presos, que tinham vindo do Ceará e Mato Grosso, foram mandados de volta pela então juíza das Execuções, Maria Nita, acatando solicitação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/AL) e em virtude da reação contrária de entidades da sociedade civil organizada, que alertou para a migração de cúmplices desses delinqüentes para o Nordeste. O superintendente da Polícia Federal em Alagoas, Bergson Toledo, foi taxativo ao afirmar que a criminalidade em Alagoas aumentou, quando o Presídio Baldomero Cavalcanti acolheu condenados de outras regiões. A transferência de presos para o Estado chamou a atenção de outros marginais, principalmente traficantes e seqüestradores, que viram em Alagoas um lugar propício para suas atividades e despreparado para combater o crime organizado. Cautela Bergson Toledo chegou a pedir cautela por parte dos proprietários de imóveis na hora de fechar negócio, especialmente quando não tiverem conhecimento da procedência do cliente. Ele explicou que, em virtude do trabalho desenvolvido pela polícia em Estados mais populosos, a tendência é os criminosos migrarem para outras regiões, citando por exemplo, o assaltante Dionísio Severo, preso, este ano, numa pousada na Praia do Francês. O superintendente da PF informou que não foi coincidência o aumento do número de criminosos vindos de outros Estados para atuar em Alagoas ter ocorrido depois que o presídio Baldomero Cavalcanti começou a receber presos do acordo do governo alagoano com o Ministério da Justiça. Ele fez um alerta quanto a hipótese de novos presos virem para Maceió: “O que pode acontecer com a vinda desses presos, considerados de alta periculosidade, é a transmissão de práticas de crime dentro da instituição, criando, assim, um clima mais pesado para o Estado”, ressaltou Bergson. Divisão A Divisão Anti-Seqüestro do Rio de Janeiro já informou às polícias do Nordeste da presença de dezenas de traficantes e seqüestradores agindo na região. Com dificuldades para agir no Rio, seqüestradores estão migrando para outras cidades do País, entre elas o Recife. Este ano, em todo o Estado do Rio, foram registrados apenas cinco seqüestros, todos resolvidos com sucesso. As vítimas foram libertadas com vida, não houve pagamento de resgate e alguns integrantes das quadrilhas foram presos. Em 1994 e 1995, houve mais de cem casos em cada ano. Ação semelhante é desenvolvida por traficantes de drogas. Com o propósito de expandir suas atividades, integrantes do crime organizado do Sul do País vêm para o Nordeste, onde montam suas bases. Recentemente, um argentino foi preso pela Polícia Federal dentro de um ônibus, na Barra de São Miguel, com cocaina, quando vinha de Salvador. Para a polícia, que já apreendeu quase 500 quilos da droga nos últimos meses, está claro de que o tráfico vem investido no Nordeste e que a transferência de marginais perigosos para presídios em Alagoas só tende a piorar esta situação.

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