app-icon

Baixe o nosso app Gazeta de Alagoas de graça!

Baixar
Nº 5905
Polícia

Favelas est�o sob dom�nio do crime organizado

RÓDIO NOGUEIRA O complexo de favelas Sururu de Capote, Estação, Papódromo, dos Pescadores e Virgem dos Pobres, situado às margens da Lagoa Mundaú, no Vergel do Lago, testemunha todos os dias a prática de assaltos, homicídios, estupros e tráfico de dr

Por | Edição do dia 13/10/2002 - Matéria atualizada em 13/10/2002 às 00h00

RÓDIO NOGUEIRA O complexo de favelas Sururu de Capote, Estação, Papódromo, dos Pescadores e Virgem dos Pobres, situado às margens da Lagoa Mundaú, no Vergel do Lago, testemunha todos os dias a prática de assaltos, homicídios, estupros e tráfico de drogas, além de tiroteios entre quadrilhas que se matam pelo domínio do território lucrativo, sobretudo com o comércio de drogas. As favelas que ali se proliferaram há mais de 10 anos têm sido palco para diversos tipos de conflitos. O mais comum é o assassinato de jovens entre 14 e 20 anos de idade, viciados em drogas e com passagens pela Polícia Civil. Os barracos feitos de madeira e cobertos com lona chegam a abrigar até dez pessoas por família, num espaço que mal acomodaria cinco. A energia é desviada da Ceal pelas gambiarras e “gatos”. A água é fornecida com o mesmo procedimento, através do desvio pela rede de abastecimento. No local a violência se mistura à miséria 24 horas, favorecendo o surgimento dos “inimigos da lei” para defender seu território com sangue. Em setembro a polícia registrou 34 homicídios no complexo de favelas. Até o dia 10 deste mês, dois assassinatos foram registrados de forma misteriosa e pelas mãos dos famosos “justiceiros”, segundo denúncias dos moradores. Os assassinatos quase sempre têm a mesma característica. Ocorrem durante a madrugada com o uso de pistolas ou revólveres e são praticados por mais de uma pessoa. As vítimas, em sua maioria, são viciadas em drogas, têm passagens pela polícia ou cumprem sentença em presídio. Esse perfil é passado pela própria Polícia Civil ao concluir investigação e o processo. O delegado Manuel Wanderley, do 3º Distrito Policial (Ponta Grossa) reconhece que as “galeras” estão em guerra e se matando. “A guerra fica por conta de bandido contra bandido. A polícia no entanto não pode permitir que isso possa continuar ocorrendo”, alerta o delegado, que comanda pessoalmente rondas nas favelas com o objetivo de inibir a presença de marginais e levar segurança aos moradores. Entre as vítimas recentes na Favela Sururu de Capote estava José Cláudio dos Santos, 20, ex-detento que estava em liberdade. Ele foi atacado por três elementos e executado com vários tiros de revólver. Os autores, segundo testemunhas, comemoraram o feito em um bar na Rua da Palma, no Vergel do Lago. O crime teria sido praticado por vingança. Também foi assassinado, por encomenda, o adolescente Jaelson Pereira Ramos, 16, vulgo “Uréia”. Ele foi executado próximo à sua residência, na Rua Esperança, no Vergel do Lago. Um dos executores comemorou o crime fazendo um disparo para o alto e gritando “é menos um bandido na terra”. Famílias reféns A onda de assaltos é constante e motivo de medo para os moradores favelados. Independe da hora, os bandidos invadem barracos para roubar, ainda que sejam alimentos ou roupas velhas. As quadrilhas agregam jovens que atuam, drogados, e que não titubeiam em acionar suas armas. Este ano um pescador teve a casa invadida e foi ferido à faca porque defendeu seu patrimônio. Casos como esses acontecem todos os dias e sobretudo com a Polícia Civil em greve. Os assaltantes estão, agora, usando outros meios para intimidar suas vítimas. Um dos bandidos vai até o barraco e informa que os moradores têm que ajudar a uma pessoa que está precisando comprar medicamento. Inventa uma doença. Se a pessoa se recusar, vira alvo de ameaça e pode ter o barraco destruído pelo fogo. Em alguns casos até pode ser executada. Essa denúncia já foi passada para a Polícia Civil que, mesmo em greve, mandou uma equipe ao local. Mas o difícil é algum favelado assumir em depoimento o que está ocorrendo naquelas favelas do Vergel do Lago.

Mais matérias
desta edição