Marginais cobram ped�gio de moradores
MAIKEL MARQUES A partir das 22 horas começa o terror na vizinhança. Ninguém mais entra ou sai sem pagar o famigerado pedágio. A denúncia é de um morador da Rua da Glória, no bairro da Ponta Grossa. Ele se diz revoltado com a ação de vândalos e trafican
Por | Edição do dia 24/10/2002 - Matéria atualizada em 24/10/2002 às 00h00
MAIKEL MARQUES A partir das 22 horas começa o terror na vizinhança. Ninguém mais entra ou sai sem pagar o famigerado pedágio. A denúncia é de um morador da Rua da Glória, no bairro da Ponta Grossa. Ele se diz revoltado com a ação de vândalos e traficantes de maconha que condicionaram o direito de ir e vir dos moradores da Vila Porto Calvo (na Rua Pedro Cardeal Farias) ao pagamento de 1 real. Estamos a pouco mais de 200 metros do 3º Distrito Policial. Isso ocorre há mais de um mês e ninguém toma uma providência, denuncia o morador, que pediu para não ser identificado temendo represálias dos integrantes das quadrilhas que atuam, ainda, em outras ruas do bairro. Semana passada, uma senhora precisou sair de casa para ir à farmácia. Quando se aproximava da esquina, um dos marginais roubou-lhe o relógio, o telefone celular e os 10 reais que tinha no bolso. Ela foi ameaçada e preferiu o silêncio a denunciar o fato à polícia, conta um comerciante da Rua da Glória, que também não quis se identificar. Segundo os poucos moradores que concordaram em romper o silêncio, os marginais concentram-se em duas esquinas e, entre um trago e outro de maconha, ficam na moita à espera da vítima. Muitos se escondem nos buracos abertos no calçamento pela prefeitura. Surpreendem os moradores e lhes dão o ultimato: só passam depois do pedágio, afirma outro morador, que pediu para não ter a identidade revelada e planeja deixar o bairro para viver num lugar menos violento. Eles fumam às claras. A polícia nada faz. Aliás, a delegacia fecha cedo e a gente fica entregue à própria sorte. Ou seja: é ver, ouvir e fechar os olhos para não morrer, reclama outro comerciante do mesmo bairro. Polícia vai investigar A reportagem da GAZETA foi ao 3º Distrito Policial, próximo ao local de concentração dos marginais, e apurou que as denúncias já chegaram ao conhecimento da Polícia Civil. Somente hoje ficamos sabendo do caso. Estamos atentos e vamos investigar o mais rapidamente possível, prometeu Ferreira, agente de polícia que estava de plantão até o início da noite de ontem.