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Nº 5759
Polícia

M�fia da cola monta “bases” na periferia de Macei�

Ednelson Feitosa O novo delegado de Repressão às Drogas, Tarcízio Vitorino, revela que já iniciou investigações, no sentido de prender os marginais envolvidos num crime que se auto-intitula “máfia da cola de sapateiro”. O grupo está recrutando menino

Por | Edição do dia 03/11/2002 - Matéria atualizada em 03/11/2002 às 00h00

Ednelson Feitosa O novo delegado de Repressão às Drogas, Tarcízio Vitorino, revela que já iniciou investigações, no sentido de prender os marginais envolvidos num crime que se auto-intitula “máfia da cola de sapateiro”. O grupo está recrutando meninos e meninas de rua para revender o produto e com base no faturamento do traficante receber sua cota, em latas da “droga”. A existência de uma quadrilha organizada foi denunciada pelo coordenador do Instituto Catarse de Fomento à Cidadania, radialista Walmar Buarque, no primeiro semestre do ano. “As informações chegaram ao meu conhecimento e eu vou apurar”, garantiu o delegado. Para Tarcízio, “todos os cidadãos devem colaborar para a recuperação de um viciado em drogas, voltando a sua atenção às entidades públicas ou privadas que diretamente ou indiretamente atuam no combate à prevenção ao tráfico e porte de substâncias tóxicas e drogas afins”. Ele acrescenta que, outras famílias poderão se tornar a próxima vítima dos traficantes. As investigações sobre a máfia estão adiantadas, mas os policiais sabem que alguns donos de pequenos estabelecimentos comerciais podem ter participação direta na venda da cola de sapateiro. Segundo informes dos policiais, é comum entre cinco meninos de rua, pelo menos dois terem em seu poder um frasco cheio do produto. Mapa A delegacia especializada no combate ao tráfico de drogas tem em seu poder, desde sua criação, o mapa da venda de drogas, além dos nomes de poderosos traficantes e viciados. A cola vinha sendo alvo de investigação há algum tempo. No início deste ano, segundo levantamento feito nos bairros de Maceió, o número de meninos e meninas viciados sofreu uma redução gritante. Parecia o fim do pesadelo. “Dois meses depois nossos policiais voltaram para os mesmos locais com os mesmos objetivos. E para a nossa tristeza, o número de garotos viciados cresceu de forma assustadora, apesar do apoio de algumas Organizações Não-Governamentais (ONGs). E agora, temos a certeza de que a cola de sapateiro está sendo vendida na Feira do Passarinho, Praça Guedes de Miranda, Vila Brejal e casas que servem como “bocas”, alerta o policial civil Temildo Duarte das Trevas, ex-chefe do Setor de Operações da DRD, ainda preocupado com a questão da cola de sapateiro. Bases Pelo menos três “supostos” traficantes de cola podem ser presos a qualquer momento pelos policiais da Repressão às Drogas. Eles já sabem que cada um controla sua “jurisdição” e costumam usar bicicleta para fazer a entrega. A base 1 fica instalada no bairro da Levada e compreende Bom Parto, Cambona, Mutange, Bebedouro, Alto do Céu e Pinheiro. A base 2 domina os conjuntos Benedito Bentes, Denisson Menezes, Lucila Toledo, Eustáquio Gomes de Melo e Dubeaux Leão. E finalmente, a base 3 atinge os bairros do Vergel do Lago, Prado e Poço. No mapa da polícia as três bases estão sendo investigadas e deverão ser desativadas com as prisões dos seus chefes. “O mais grave nesta questão é que os traficantes de cola, através dos meninos e meninas de rua, chegam a formar novos viciados, oferecendo o produto de graça, no início. O sistema é o mesmo de todo e qualquer tipo de entorpecente. Mas a cola não sofre a pressão do sistema por ser um produto como outro qualquer. Se um sapateiro tem o seu estoque de cola, o pensamento é de que ele vai usar em sua atividade e não se pode fazer julgamento leviano. No entanto, alguns compram a cola para, através de viciados, fazer dinheiro”, relatam policiais da DRD. Unanimidade Na Delegacia de Menores de Maceió, todos os meninos ali recolhidos, independente de ser de rua ou não, usam a cola de sapateiro. Os depoimentos são quase os mesmos. “A história se repete sempre. Converso muito com eles e ouço coisas absurdas. A conversa é basicamente a de que foi parado no meio da rua por um homem, que lhe ofereceu cola. Mas ele teria que vender o produto e faturar alguns trocados”, relatou um policial, cujo nome não pode ser revelado. O delegado Tarcízio Vitorino declarou que o comércio clandestino de cola será alvo de uma fiscalização por parte dos policiais da Delegacia de Repressão às Drogas. Vários pontos-de-venda mapeados devem ser desativados e várias prisões deverão ocorrer nos próximos dias. A Feira do Passarinho é um dos pontos mais visados pela polícia. O local, ponto histórico em Maceió, é considerado ponto-de-venda de produtos suspeitos onde não se utiliza a nota fiscal. A cola, segundo investigação, também é muito procurada pelos viciados. Mas a polícia explica que há sapateiros e comerciantes que usam o produto em seus negócios de forma correta e têm seus estabelecimentos cadastrados. “Quem tiver usando a cola como tráfico será preso e colocado à disposição da Justiça. É evidente que a polícia vai continuar combatendo este tipo de negócio, que vicia e mata tantos jovens em todo o Estado”, garantem os policiais.

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