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Nº 5814
Polícia

Dinheiro tomado de passageiros alimenta o tr�fico de drogas nos bairros de Macei�

RÓDIO NOGUEIRA O Serviço Reservado da Polícia Civil, com base nos recentes assaltos registrados contra coletivos em Maceió, revela que o pouco dinheiro roubado dos passageiros destina-se à compra de drogas. Os objetos, como relógios, celulares e roupas

Por | Edição do dia 03/03/2002 - Matéria atualizada em 03/03/2002 às 00h00

RÓDIO NOGUEIRA O Serviço Reservado da Polícia Civil, com base nos recentes assaltos registrados contra coletivos em Maceió, revela que o pouco dinheiro roubado dos passageiros destina-se à compra de drogas. Os objetos, como relógios, celulares e roupas são vendidos e o dinheiro também utilizado para a compra de maconha. A Polícia Civil informa que em janeiro três ônibus foram assaltados e em fevereiro quatro, totalizando sete delitos cometidos por “galeras” em Maceió. Agentes policiais do Serviço Reservado que investigam a ação dos assaltantes não têm dúvidas de que a droga é efetivamente a causa maior do incentivo à prática de assaltos. Os policiais revelam que é tão pouco o dinheiro roubado em todos os assaltos já registrados que, para gerar mais dinheiro, é necessários revender os objetos roubados dos passageiros. - Investigo a questão há mais de um ano. E se não me falha a memória, o maior valor roubado de um coletivo foi R$ 76, em assalto registrado no Conjunto Benedito Bentes, no início de janeiro - explica um policial civil. A Secretaria de Defesa Social, que tem um mapa das áreas de maior atuação dos assaltantes, informa que a ação dos bandidos acontece sempre no início da manhã ou fim de tarde, de preferência, distante de delegacias e postos policiais. A faixa etária dos ladrões está entre 16 e 20 anos. A maioria tem passagem pelo Centro de Ressocialização de Menores (CRM). Muitos destes jovens procedem do interior do Estado e o nível educacional é praticamente zero. Os pequenos assaltos acontecem nos bairros distantes do centro de Maceió. A Polícia Civil detectou que os grupos se dividem em três ou quatro, de acordo com os bairros escolhidos para as ações. Um dos bandidos usa um revólver para anunciar o assalto enquanto os demais dão início ao que eles chamam de “catação”, que é recolher os objetos dos passageiros sem usar violência. Mas, a polícia alerta que o melhor é evitar o confronto com os bandidos porque o resultado pode ser trágico; apesar de não existir registro de passageiros mortos ao reagir a um assalto nos arquivos da polícia em Maceió. As investigações da Polícia Civil revelam que a participação de menores nos assaltos a ônibus cresce a cada dia porque muitos deles estão fugindo de suas famílias, no interior do Estado, e buscando em Maceió algum tipo de sobrevivência. Na Delegacia de Menores, muitos dos que ali passaram tiveram envolvimento direto com assaltos a coletivos. Existe informação de que os menores eram orientados por quadrilhas compostas por adultos. Esta forma de exploração, segundo policiais, ainda existe, mas estaria com os dia contados. Prisão No último dia 22, o delegado Flávio Saraiva da Silva, da Delegacia de Repressão a Drogas, prendeu em flagrante Francisco de Assis Rocha, 18, e Sérgio Noberto da Silva, 20. Os dois são acusados de comandar vários assaltos na cidade de Marechal Deodoro e, sobretudo, na Praia do Francês. Os dois acusados foram apresentados à imprensa e negaram. Mas os policiais, com base nos indícios e em testemunhas, não têm dúvidas de que os dois realmente praticaram os assaltos naquela região. Vários turistas foram à delegacia da cidade de Marechal Deodoro e reconheceram os elementos Francisco e Sérgio como as pessoas que os roubaram. Segundo informações das vítimas, os elementos portavam revólveres e tomavam celulares, dinheiro, jóias e até bebidas importadas. Alguns donos de veículos alternativos também denunciam a ação de assaltantes naquela região turística e de grande movimentação. A Polícia Civil também prendeu, no Conjunto Benedito Bentes, Gileno Ferreira Silva, Cláudio da Silva, Eduardo Alves de Souza e Marcelo Teles da Silva. O secretário de Defesa Social, Antônio Arecippo, os apresentou à imprensa como assaltantes de coletivos e que vinham impondo o toque de recolher no Conjunto Benedito Bentes. Os quatro elementos garantem não ser exatamente o que a polícia informa. No entanto, o comerciante Ernande Vicente, dono de um mercadinho, reconheceu pelo menos dois deles como sendo os autores do assalto a sua firma. – O Gileno e o Marcelo não têm a coragem de dizer na minha frente que não assaltaram o meu estabelecimento -, protesta Ernande Vicente. O delegado Valdir Silva de Carvalho, da Delegacia de Roubos e Furtos de Maceió, explica que os recentes assaltos a coletivos em Maceió têm sido praticados por pequenos grupos e que não existe, efetivamente, uma quadrilha organizada com este fim. –Os assaltos foram praticados por “galeras” que não roubaram boa soma. O dinheiro é para a compra de drogas. Mas a polícia tem trabalhado muito, e já mandou vários assaltantes de ônibus para os presídios -, conclui o delegado.

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