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PM faz blitze para tentar conter assaltos

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MARCOS RODRIGUES Repórter A pressão da população e dos transportadores rodoviários, aliada à repercussão na imprensa em relação à onda de assaltos a coletivos, obrigou a polícia a agir. Ontem à tarde, pelo menos por algumas horas, foram realizadas blitze para coibir a ação dos assaltantes que vêm agindo em vários bairros de Maceió, principalmente no Dique Estrada, Joaquim Leão, Vergel do Lago e Virgem dos Pobres. A ação da polícia - que incluiu revista aos passageiros - foi bem recebida por usuários mas criticada pelos profissionais, por conta do horário escolhido. Segundo os motoristas que circulam pela Avenida Senador Rui Palmeira, no Dique Estrada, o perigo maior é quando a noite cai. Os assaltantes agem de surpresa. O horário da noite é o pior, tanto que não entramos mais por essa avenida, disse o motorista José Honorato dos Santos Silva. Motorista da Veleiro há quatro anos, Honorato, que é casado e pai de dois filhos, confessa que anda intranqüilo pela região. Quanto à presença da polícia, ele não escondeu a surpresa, mas demonstrou ceticismo quanto à continuidade das operações. O ideal é que se façam blitze com freqüência e não começar e depois parar, alertou. Pressão No terminal da Veleiro, localizado na mesma avenida, os motoristas e cobradores se sentem pressionados pela situação de insegurança. Essa operação, com certeza, já se espalhou entre os que fazem os assaltos. Acho que a solução não é parar o coletivo, mas sim surpreender o bandido nos pontos de ônibus. A ronda deveria começar por eles, afirmou o motorista Antônio Ulisses da Silva. Com dez anos de empresa, ele conta que há dois anos foi vítima de um assalto à mão armada. Antônio, que é pai de oito filhos, não hesitou em dizer que todo dia sai de casa, mas não sabe se vai voltar. Alento Mas a presença da polícia na rua serviu de alento para alguns passageiros. Para a dona-de-casa Sônia Maria da Silva, só em a polícia estar nas ruas já dá a sensação de segurança. Ela conta que devido aos assaltos na região do Dique Estrada tem saído com suas filhas sempre durante o dia. Caso venha para esses lados o melhor é sair com dia claro. Até porque, à noite, os ônibus não passam mais por aqui, revelou Sônia. No momento da blitz da polícia ela aguardava um coletivo. Ao seu lado uma outra mulher, Viviane Calixto da Silva, também aprovou a ação. Para ela, o fato de os policiais serem vistos na região cria um clima de desconfiança entre os assaltantes. Quem vai agir sabendo que a polícia está por perto? ### Beco da morte vira ponto de fuga A ação da polícia será discutida hoje numa reunião entre o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários e o secretário de Defesa Social, Robevaldo Davino. A ação preventiva iniciada ontem pela polícia em alguns bairros de Maceió ainda não é considerada suficiente. No encontro de hoje os sindicalistas irão apontar, mais uma vez, as áreas de risco da capital alagoana. A categoria tem uma mapeamento das áreas com maior freqüência de assaltos a ônibus. Um dos locais apontados é o popular beco da morte, que liga o Conjunto Joaquim Leão ao Conjunto Virgem dos Pobres I. Ontem, a Gazeta esteve no local e confirmou a fama do lugar. Segundo os moradores mais antigos, o beco é um ponto conhecido por ser palco de vários assaltos. Morte mesmo aqui não acontece. O detalhe é que quem é baleado ou esfaqueado no Virgem dos Pobres é socorrido por aqui, disse o morador Antônio Basílio da Silva. Ele mora com a família há dez anos ao lado do beco. Basílio confirmou que o local é um dos prediletos pelos assaltantes para fugirem depois de cometer assaltos aos ônibus. É mais fácil de eles se esconderem, considerou. O beco também é um dos acessos para o Conjunto Mutirão, onde existe uma favela com várias entradas estreitas. A convivência com a insegurança já está levando algumas pessoas a deixarem o local. Eu mesma estou me mudando para um local mais seguro. Faço isso com o coração partido porque investi muito em minha casa, contou uma dona-de-casa, que não quis ser identificada. Um outro morador, que também optou pelo anonimato, disse que não entende por que a polícia não age na região. Se a imprensa sabe e o povo também, por que a polícia não faz operações por aqui?, indagou o morador. Os comerciantes também sofrem com a ação dos assaltantes. Mesmo prestando serviços à comunidade eles são alvo fáceis dos jovens usuários de drogas. O mercadinho, que fica nos fundos do beco da morte, já foi assaltado três vezes. A proprietária, assim como seu marido, já ficou na mira de revólveres. No carnaval fomos assaltados com os clientes que estavam aqui dentro, às 11 horas da manhã, conta Sirlene Brito da Silva. Os casos de assalto se multiplicam e fazem parte da rotina. A padaria da rua foi alvo dos assaltantes no último sábado, no fim da tarde, segundo moradores. |MR ### Violência se transforma em caso banal A área onde está localizado o beco da morte sofreu com o crescimento desordenado da cidade. Segundo o morador José da Silva, que reside na região há 20 anos, foi a chegada de uma favela que pôs em risco a moradia nas proximidades do local. Houve um tempo que era possível dormir com as portas dos fundos abertas. Hoje coloco de tudo nas portas e eles [assaltantes] conseguem arrombar, disse José que é proprietário de um pequeno negócio no bairro. As mortes freqüentes tornaram a violência banal. Tanto que seu Antônio Basílio confirmou que já se acostumou a ver os corpos jogados na rua. Sábado passado acordei de madrugada com um corpo na calçada, confirmou. |MR

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