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Viúva abre jogo sobre guerra das polícias

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| EDNELSON FEITOSA Repórter No dia 2 de junho de 2003, a bancária Tânia Lima perdeu o marido - executado com mais de 50 tiros, na Via Expressa, em frente ao Conjunto José Tenório - o sossego e, por pouco, não foi também assassinada, no episódio que ficou conhecido como a guerra das polícias. Viúva do policial civil Valter Dias de Santana, Tânia se recupera de cirurgia para retirada dos oito chumbos que ainda estavam no seu rosto e do projétil de pistola que continuava encaixado em sua coluna, que somente agora puderam ser retirados de seu corpo. Testemunha-chave da morte do esposo - estava no banco do carona dentro do carro em que Valter foi assassinado - a bancária fugiu de Alagoas e vive hoje sob proteção da Polícia Federal. Os policiais civis José Alfredo Souza Pontes, o Alfredinho e Robson Ruy, e o ex-PM Josué Teixeira da Silva, o Teixeira, acusados de matar a tiros o policial Valter Dias, foram todos absolvidos este ano, em júri popular. Nem mesmo parentes mais próximos sabem onde ela está. Apenas o irmão, Valter Lima, que é policial civil e bancário, tem conhecimento de onde ela se encontra. Provavelmente, no sul do País. Tânia se diz uma pessoa revoltada com o clima de impunidade existente no Estado e fala da morte anunciada de seu irmão, Valter, um dos parentes que resolveram abrir o jogo e acompanhá-la nas denúncias contra um grupo do crime organizado, que foi acusado da morte de Valter Dias. Liberdade Todos estão em liberdade e, dois deles, voltaram a trabalhar na Polícia Civil, podendo portar arma e exercer o poder de polícia. Tânia critica a Justiça, porque não convocou ela própria para depor, já que era a principal testemunha da morte do marido. Eu assisti ao crime e sei quem matou meu marido, mas não fui convidada a prestar depoimento em nenhum dos dois julgamentos, afirma Tânia Lima, em entrevista exclusiva à Gazeta, por e-mail (leia abaixo). O desdobramento do caso foi triste, pois três dos reconhecidos como acusados acabaram assassinados: Sinvaldo Feitosa, cerca de trinta dias depois da morte de Valter. Vanilo Lima e Walkmar dos Santos morreram este ano. Os dois últimos foram executados a tiros de forma misteriosa em crimes que a Polícia Civil não consegue esclarecer. Impedimento O atual diretor-geral da Polícia Civil, Robervaldo Davino, então secretário da Defesa Civil, foi quem encaminhou ofício ao Tribunal de Justiça (TJ) dizendo que o promotor Márcio Roberto - que abolveu Alfredinho e Teixeira - impediu o depoimento de Tânia Santana, esposa de Valter Santana, nas sessões de júri dos acusados. O TJ encaminhou o caso à Corregedoria de Justiça. O processo sobre a morte de Valter Dias Santana tem quatro volumes, mas, segundo o promotor Márcio Roberto, em nenhum deles há provas de que foram José Alfredo Souza e Josué Teixeira os autores dos tiros que mataram a vítima e feriram sua mulher. ### Robson Rui atirou em Valter e em mim Intrigada por não ter podido ajudar na condenação dos acusados de matar seu marido - todos absolvidos pela Justiça - Tânia Lima quebrou o silêncio e falou à Gazeta, quando concedeu uma entrevista exclusiva por e-mail. Gazeta - Quem praticou o atentado? Tânia Lima - Foram vários bandidos: Robson (Rui), (José) Alfredo, Sinvaldo (dos Santos), (Josué) Teixeira, Walkmar (dos Santos), Bitelo e Vanilo. Você viu, com certeza, quem são os atiradores? Sim! claro que vi, eu não perdi os sentidos em nenhum momento, consegui sair do carro andando, me escondi por trás de outro carro que estava parado no sinal, fiquei entre o carro e o meio-fio e vi tudo. Qual foi a participação de Robson Rui? Ele atirou em meu marido e em mim. Por que você não foi chamada para o julgamento de Robson Rui, de Alfredinho e do ex-PM Teixeira? Quem tem de responder é o juiz e o promotor. Por que o MP e a Justiça ficaram tão interessados na sua ausência nos julgamentos? Sinceramente, não sei responder, nem os interesses que estão por trás de tudo. Você estaria com cobertura da Polícia Federal? Estou no Programa de Proteção a Testemunhas, isso inclui a PF, se necessário. Temo por minha vida, e agora mais ainda, já que os culpados foram absolvidos. Você teme pelos seus parentes que ficaram em Alagoas? Sim, principalmente pelo meu irmão mais novo, o Valter, que é policial civil e escapou de um atentado, onde morreu um inocente em seu lugar, Flávio Humberto. O promotor falou que você negou no primeiro depoimento que tinha visto os assassinos de Valter Santana. E aí? Neguei à Polícia Civil, por medo, deixei isso bem claro na época, achando que se ficasse calada, eles não viriam atrás de mim. Mas me enganei, meses depois tentaram matar meu irmão e mataram Flávio por engano. A partir daí resolvi falar tudo que vi. Só que procurei a Polícia Federal, onde prestei meu depoimento e fiz reconhecimento por meio de fotos. Você teme ou já temeu represálias por parte dos envolvidos no caso? Sim, pelo meu irmão, que a qualquer momento pode ser assassinado. Principalmente agora que todos os bandidos foram soltos e continuam trabalhando na Polícia Civil, com todas as prerrogativas de polícia e, principalmente, armados. |EF

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