Polícia
Morte tem conexão com nova gangue

| EDNELSON FEITOSA Repórter A polícia investiga a hipótese de haver uma conexão entre os envolvidos na morte dos irmãos evangélicos Elizafan e Eliane Almeida de Lima, seqüestrados e executados a tiros e facadas em Atalaia, com a quadrilha comprometida com roubos de cargas no município do Pilar, que ficou conhecida como a nova gangue fardada. O delegado de Atalaia, Gilson Rêgo Souza, descobriu que um dos envolvidos na morte dos irmãos era Alexsandro Porfírio de Araújo, um detento que se envolveu com a gangue, composta por militares, assassinado a tiros há pouco mais de uma semana. Alexsandro teria alugado, segundo as investigações do delegado do Pilar, o veículo usado pelo grupo que matou os dois irmãos, crime ocorrido no último mês de agosto, na Fazenda Gavião, naquele município da zona da mata alagoana. No entanto, no inquérito que a polícia apura os roubos de carga na Rodovia BR-316, o detento é acusado de roubar cargas e carros, inclusive esteve preso pelo roubo de um Fiat Uno, no Pilar, também no último mês de agosto. Ele teria envolvimento também com Junior Tenório e oficiais da PM que são investigados como implicados neste tipo de crime. Um dado que chamou a atenção da polícia é que Alexsandro foi morto logo após a notícia de que a Polícia Federal estava investigando a quadrilha que pretendia matar a delegada do Pilar, Paula Frachinneti, e o inspetor da Polícia Rodoviária Federal, José Edson, porque eles estavam investindo na investigação de roubo de carga. Teria sido ele, que é conhecido como Sandro, que deu os primeiros informes do bando para a polícia. Ele também teria sido morto dois dias após a prisão de José Sotero da Silva Filho, o Lelé, capturado numa operação conjunta no município de Osasco, em São Paulo. Nenhum dos delegados engajados nas investigações tem dúvida de que Alexsandro foi vítima de queima de arquivo. São apontados como integrantes da nova gangue fardade o capitão Fortes, os tenentes Raimundo e Rocha Júnior, além dos soldados Aldo e Fred. Eles faziam parte do bando que tinha como líderes também o fazendeiro Fernando Fidélis, morto a tiros no fim de outubro dentro do presídio Baldomero Cavalcanti, e do pistoleiro Cícero Belém, executado a tiros no início de novembro, na Avenida Durval de Góes Monteiro, no Tabuleiro do Martins. LEI DO SILÊNCIO Na manhã de ontem, o delegado de Atalaia, Gilson Rêgo Souza, declarou que o vereador Gilvânio Soares de Oliveira, acusado da autoria intelectual da morte dos irmãos Elizafan e Eliane Almeida, foi interrogado e negou ter qualquer tipo de envolvimento no crime. Os acusados Cícero dos Santos, o Moleza, preso em Petrolina (PE), em outubro, Marcelo Lima da Silva, capturado em Colônia Leopoldina, em novembro, e José Sotero da Silva, o Lelé, que foi localizado e preso em Osasco (SP), garantiram, em interrogatório, que foi o vereador quem contratou o grupo para assassinar Elizafan, por questões políticas. Ele teria entregue uma foto da vítima, além do revólver usado para execução. Os autores materiais do duplo crime chegaram a dizer que telefonaram para o político dizendo que Eliane estava com o irmão, recebendo a ordem de que deviam matá-la para não deixar testemunhas. O delegado afirmou que o irmão do vereador, Cícero Girlon, conhecido como Lon, não está sendo acusado de matar os evangélicos. Ele foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma. Na casa dele a polícia encontrou um revólver calibre 38 durante uma revista autorizada pela Justiça. A Gazeta apurou ontem, em Atalaia, que Lon teria praticado cinco crimes e que seu irmão, o vereador, tem problemas no Pará. O vereador e o irmão estão presos, por questão de segurança, no quartel do Tigre, o grupo de operações especiais da Polícia Civil.