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Assassino de Bernardo Oiticica ainda est� livre

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Antes do trigésimo dia do assassinato do industrial Bernardo da Rosa Oiticica, ocorrido em 25 de abril, no município de Rio Largo (a 27 km de Maceió), o delegado Oldemberg Paranhos encaminhou à juíza daquela comarca, Marlene Cândido Madeiro, os resultados do inquérito policial. Os autos do processo 37/2003, da Delegacia Regional do município, foram entregues no último dia 20, e indiciam Francisco Oiticica Quintella Cavalcanti por crime doloso e hediondo. Primo da vítima, Francisco Oiticica Quintella é acusado de ter assassinado Bernardo Oiticica por questões ligadas à administração dos bens da família, e pode ser condenado a uma pena que varia de 12 a 30 anos de prisão. ?Está provada a materialidade do delito?, disse o delegado, que pediu a prisão preventiva do acusado com base nos artigos 13, parágrafo IV, e 311 a 313, do Código de Processo Penal. Francisco continua foragido, embora com decreto de prisão temporária vigorando até esta segunda-feira, 26 de maio. Para Oldemberg Paranhos, no tocante às investigações o caso está concluído. Entretanto, admite realizar novas diligências se surgirem fatos novos ou se este for o entendimento da juíza e do Ministério Público. Na conclusão do inquérito, o delegado afirma que os depoimentos de familiares levaram à conclusão de que Francisco teria tomado partido num litígio entre Bernardo Oiticica e Alberto Rodrigues de Moura, um dos acionistas, pelo comando administrativo da Usina Santa Clotilde. Os depoimentos indicam ainda que o acusado vislumbrava tirar proveito da disputa, embora viesse sendo ajudado pela vítima, que lhe permitiu explorar areia e pedra em terras daquela propriedade. Quanto ao momento do crime, o inquérito presidido pelo delegado Oldemberg Paranhos revela que Francisco Oiticica Quintella tinha domínio da situação e que a vítima não lhe oferecia qualquer perigo. Os disparos foram feitos à curta distância. Ganância Os familiares revelam que a vítima não usava qualquer tipo de arma, ao contrário de Francisco Oiticica Quintella. O inquérito mostra que ele sempre andou armado, desde o período em que atuou na extinta Secretaria de Segurança Pública, exercendo atividades no sistema prisional alagoano. ?O inquérito contém subsídios claros para que a juíza fundamente a prisão com os dados oferecidos pela Polícia Judiciária?, disse o delegado Oldemberg Paranhos. O Ministério Público já recebeu o inquérito e ofereceu denúncia contra Francisco Oiticica Quintella por homicídio duplamente qualificado. O inquérito agora espera a decisão da juíza Marlene Cândido Madeiro acerca da decretação da prisão preventiva. Empresário exemplar O industrial Bernardo da Rosa Oiticica tinha 43 anos e era formado em Engenharia Mecânica pela Faculdade Engenharia de Itajubá (Minas Gerais). Filho do conceituado empresário e pesquisador Jarbas Oiticica, assumiu o comando da Usina Santa Clotilde em 1988, quando a empresa passava por uma grave crise. Bernardo encarou o desafio e, apesar de contar com pouca experiência no início da jornada, revelou-se um talento na condução dos negócios. Dedicado ao extremo, conseguiu recuperar a Usina Santa Clotilde em apenas 10 anos e daí ampliou as atividades do grupo com igual sucesso. Fundou a indústria de água mineral Frascalli, utilizando fontes naturais existentes nas propriedades do grupo. Enxergando o futuro estratégico dos recursos hídricos, planejou o aproveitamento ecologicamente correto das reservas naturais de água na área rural das empresas da família e teve aprovado, por unanimidade, no Conselho de Proteção Ambiental de Alagoas, seu projeto para uma represa na região de Rio Largo. Capitalizando O sucesso fez com que Bernardo apostasse em novos empreendimentos industriais de vulto para o grupo e investiu na criação de uma nova usina de açúcar, a Santa Maria, a partir da aquisição da antiga Usina Santana (no município de Porto Calvo) em parceria com outro grupo empresarial. O sucesso, porém, trouxe novos problemas e o controle das empresas passou a ser objeto de disputa entre grupos de familiares. Em determinado momento dessa disputa o comando das empresas chegou a ser ocupado, por um ou outro grupo, em função de liminares. Na oposição a Bernardo, destacavam-se Alberto Rodrigues, Cristóvão Oiticica, Solange Oiticica Ramalho e Silvana Oiticica Cardoso. Depois de idas e vindas, Bernardo e seus familiares mais próximos decidiram-se por sair do grupo Santa Clotilde, encerrando definitivamente as divergências com a formação de dois grupos distintos. Bernardo Oiticica (e mais seus pais e irmãos) passariam a controlar, juntamente com os sócios do empreendimento, a Usina Santa Maria. Os demais acionistas seguiriam administrando a Santa Clotilde. Mas essa proposta de solução pacífica não foi aceita, nem nenhuma outra opção de negociação, elevando ainda mais as tensões. No dia 25 de abril, pela manhã, Bernardo Oiticica estava no escritório da Usina Santa Clotilde e teve uma discussão com o acionista Alberto Rodrigues. Nessa ocasião, foi assassinado por Francisco Oiticica Quintella, seu primo em segundo grau. Repercussão O assassinato de Bernardo Oiticica foi um choque para quem o conhecia. Além de empresário, era um cidadão atuante. Foi diretor da Associação Comercial de Maceió, participando ativamente de projetos como o da restauração do Palácio do Comércio, da instalação pioneira das urnas eletrônicas em Maceió, dos fóruns de de-senvolvimento econômico de Alagoas. Bernardo Oiticica destacou-se também como diretor do Hospital dos Usineiros. Quando surgiu a necessidade de reestruturação da Fundação Teotônio Vilela, Bernardo foi convocado para a tarefa. E reorganizou inteiramente a entidade. Findo o trabalho, regressou as atividades empresariais. Convidado por repetidas vezes para se candidatar a algum cargo eletivo, sempre recusava, afirmando que ?primeiro as empresas e ainda tem muita coisa a fazer nelas?. Morreu querendo fazer mais pelas empresas. O assassinato foi tema de pronunciamento de parlamentares alagoanos no Congresso Nacional, a partir de uma manifestação iniciada pelo senador Teotônio Vilela Filho (PSDB). ?Só a história dimensionará a importância do trabalho de Bernardo para a modernização do setor produtivo e para o desenvolvimento de Alagoas?, disse Teotônio, no Senado. Pedindo justiça, o senador afirmou, ainda, que Bernardo ?foi vítima da inveja, ganância e estupidez?.

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