Assaltantes e traficantes d�o as ordens no Village

RÓDIO NOGUEIRA O clima é de terror, pânico, medo, desespero, tristeza e incerteza entre os moradores do Conjunto Village Campestre II, no Tabuleiro do Martins. Este ano, 15 jovens foram barbaramente assassinados a tiros pelas organizações criminosas que ali atuam a luz do dia. Diariamente, ocorrem cinco assaltos à mão armada. O tráfico dá as cartas. A maconha pode ser comprada nas esquinas, como se o mercado fosse legalizado. O viciado chega ao local, diz a quantidade e vai embora, levando a droga, sem ser incomodado, porque a polícia nunca vai àquele local. A denúncia em tom de revolta é de Fernando José dos Santos, presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Village Campestre II. Ele tem consciência de que ao denunciar o crime organizado pode ser seqüestrado, julgado e assassinado pelos bandidos da região. ?Sei que corro este risco. Mas sei também que na condição de representante de uma população desprezada, tenho a obrigação de mostrar à sociedade o que acontece nas barbas das autoridades?, enfatiza o líder comunitário. Fernando José explica que o Village Campestre II tem, atualmente, uma população estimada em cerca de 28 mil pessoas residindo em áreas sem a menor estrutura. Relata que os esgotos correm a céu aberto, pondo em risco a saúde da população. O sistema de iluminação é péssimo e a carência nos meios de transporte é um dos graves impasses existentes. ?Na verdade, morar naquele local é desafiar as regras da natureza e acabar num hospício louco. Mas, eu vou brigar sempre. Não vou calar nunca porque represento famílias aflitas e vou até as últimas conseqüências?, relata Fernando José, que na próxima semana deve comandar uma passeata pelas ruas daquele populoso conjunto.