O Benedito Bentes agrega em sua estrutura geográfica 19 conjuntos e 15 grotas sem receber a menor segurança policial. Os comerciantes ali estabelecidos trabalham atrás de grades de ferro para se proteger de assaltantes, presença comum naquele bairro. A péssima iluminação aliada à falta de segurança é, sem dúvida, um prato cheio para os bandidos que desafiam famílias inteiras e até policiais que ali residem mas nada podem fazer para evitar o massacre imposto pelos marginais. Mônica Maria é proprietária do Mercadinho Mini-Box. É da Polícia Militar de Alagoas e nem por isso foi respeitada pela bandidagem. Reside no Conjunto Moacir Andrade (parte do complexo habitacional). Dois elementos armados invadiram seu mercadinho e anunciaram o assalto. Mônica lembra que foi rendida juntamente com o marido, que também é da polícia. “Naquele momento tínhamos duas armas dentro de casa mas, sob a mira das armas dos assaltantes, não tivemos como reagir. Eles roubaram cerca de 150 reais e mercadorias. Na fuga, fizeram dois disparos e fugiram”, lembra a militar. O prefeito comunitário do Benedito Bentes, Silvano Barbosa, reconhece que o povo ali residente vive sob o domínio do medo. Explica no entanto que os assassinatos quase sempre são registrados nas grotas, onde a polícia não tem acesso com viaturas. Reconhece também que as polícias Civil e Militar não têm homens suficientes e armas para combater os bandidos. “Nos conjuntos Benedito Bentes I e 2 o clima é até regular. Agora, a violência vem das grotas para os conjuntos e a situação se complica”, relata o prefeito Silvano Barbosa, que enviou ofício à Ouvidoria Geral do Estado exigindo uma providência urgente antes que a estatística criminal cresça. O delegado Arnaldo Soares de Carvalho, do 8º Distrito Policial, explica que todas as denúncias são investigadas e que trabalha com sua equipe de acordo com a estrutura que a Polícia Civil lhe oferece. Garante, no entanto, que já investigou, esclareceu e prendeu muitos bandidos que foram conduzidos para um dos presídios do Estado e que a delegacia está com as portas abertas 24 horas para receber quem se considera ameaçado e buscar meios de atender de forma imediata. O coronel Aurélio Rosendo, comandante do 5º Batalhão de Polícia Militar, sediado no Benedito Bentes, afirma que assumiu o comando daquela corporação em janeiro de 2003. Lembra que à época era alto o índice de violência e que com muito trabalho conseguiu reduzir ao máximo a criminalidade, contando com o apoio da comunidade. Rosendo relata que mantém rondas 24 horas nas grotas e conjuntos para atender às necessidades. Agora, não pode atender com exclusividade como querem alguns líderes comunitários. “A polícia está para servir a sociedade e vem cumprindo seu papel. A região está cheia de grotas e conjuntos, mas o combate é efetivo e direcionado à violência. Vamos, a partir deste domingo, utilizar duas motos nas operações policiais”, enfatiza o coronel Rosendo.