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Nº 5759
Polícia

For�a policial de elite ainda n�o saiu do papel

GILVAN FERREIRA Anunciada como uma poderosa alternativa para o combate ao crime organizado em Alagoas – um dos Estados do País que tradicionalmente sofre com a ação do “Sindicato do Crime” –, o projeto de implantação da “força de elite”, que seri

Por | Edição do dia 07/03/2004 - Matéria atualizada em 07/03/2004 às 00h00

GILVAN FERREIRA Anunciada como uma poderosa alternativa para o combate ao crime organizado em Alagoas – um dos Estados do País que tradicionalmente sofre com a ação do “Sindicato do Crime” –, o projeto de implantação da “força de elite”, que seria comandada pela Promotoria de Controle Externo da Atividade Policial e Investigações Especiais, ainda não saiu do papel. A idéia da criação do grupo de combate ao crime organizado foi divulgada em outubro do ano passado pelo Ministério Público e governo do Estado. Na teoria, o grupo especial envolverá MPE, Secretaria de Defesa Social e Polícia Militar. O trabalho deveria ter começado no final de 2003. O prazo foi anunciado pelo promotor Luis Vasconcelos, que chefia a Promotoria especial e seria o coordenador dos trabalhos desse novo grupo de investigação. Cinco meses depois de anunciada, a “força de elite” ainda não foi formada, pois há uma forte resistência de setores da segurança pública do Estado, que tentam evitar a “interferência” do Ministério Público nas investigações de crimes no Estado. Pelo projeto do MPE, as investigações de crimes vão ser coordenadas pela Promotoria de Controle Externo da Atividade Policial e Investigações Especiais, que terá toda autonomia para definir os procedimentos do inquérito policial e sugerir as ações policiais, definidas conjuntamente com os integrantes da “força de elite”. O trabalho da equipe estaria diretamente ligado às investigações e combate e seguiria o mesmo modelo adotado pelo Ministério Público e autoridades da área de Segurança Pública dos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais. A maior resistência para a implantação do modelo vem do secretário de Defesa Social, Robervaldo Davino, que, desde a época do anúncio do projeto, posicionou-se contra a sua implantação. Ele sugeriu que o Ministério Público estaria fugindo do seu papel e não haveria necessidade da formação do “grupo de elite”, já que o trabalho que seria desempenhado por essa equipe já vinha sendo realizado pela “força-tarefa”, formada pelas polícias Federal, Civil e Militar. “Sou contra, não tem sentido a criação de força-tarefa, de força de elite. Isso não ajuda em nada; o que nós queremos é a parceria do Ministério Público. O dr. Luiz Vasconcelos não me procurou para falar sobre esse assunto e quero adiantar que nós já temos uma força-tarefa e não vejo sentido na criação de uma força especial”, afirmou Robervaldo Davino. Promessas de apoio Mesmo com a resistência do secretário Robervaldo Davino, o promotor Luiz Vasconcelos conseguiu o apoio do governador Ronaldo Lessa, anunciado durante a entrega do projeto da Promotoria, que também contou com a participação do procurador-geral de Justiça, Dilmar Camerino. Lessa revelou a sua preocupação com as ações do crime organizado no Estado e suas ligações com autoridades dos três poderes. Com isso, o governo entendeu da necessidade de apoiar a criação da “força de elite”. Lessa sugeriu que o promotor Luiz Vasconcelos negociasse com o secretário Robervaldo Davino os detalhes da implantação do grupo de combate ao crime organizado. Apesar do anúncio oficial de apoio do governador, que aconteceu há seis meses, o projeto não conseguiu avançar, pois a única coisa até agora definida é o local da sede da “força de elite”, que vai ocupar um imóvel na Rua Ministro Salgado Filho, 41, no Farol. Novo prazo Mesmo recebendo do governo a garantia de apoio à implantação da idéia do Ministério Público, o promotor Luiz Vasconcelos ainda não conseguiu sensibilizar as autoridades de segurança pública de Alagoas, mas ele garante que já conseguiu superar algumas resistências e vem negociando várias parcerias com órgãos de segurança do Estado para a implantação do seu projeto. Ele garante que apesar do atraso no planejamento das ações para a criação da “força de elite”, dentro de no máximo 20 dias a Promotoria de Controle Externo da Atividade Policial e Investigações Especiais vai poder implantar o combate ao crime organizado. “Estamos superando todas as resistências e as dúvidas sobre a criação dessa força de elite e creio que em 20 dias poderemos contar com essa equipe de investigação e de inteligência, que vai funcionar com base no combate ao crime organizado”, disse o promotor, otimista. “Nós estamos fechando as últimas parcerias com os órgãos de segurança do Estado e vamos implantar toda uma estrutura para que a Promotoria de Controle Externo da Atividade Policial possa ter muito mais força de atuação. Esse modelo vem funcionando de modo notável em alguns Estados do País e pretendemos criar um grupo extremamente profissional e com a capacidade de trazer frutos para a população alagoana”, prometeu Luiz Vasconcelos. O chefe da Promotoria disse que a “força de elite” vai ser estruturada para funcionar bem, a equipe vai receber treinamento da Polícia Federal para atuar no combate ao crime organizado. A Promotoria será interligada ao sistema nacional de informações, que mantém o maior cadastro com nomes de pessoas envolvidas em crimes no País. Por enquanto, vale a opinião do secretário Davino, para quem “Polícia e Ministério Público devem ficar cada um no seu lugar”. Assim, se depender da “força de elite”, o crime organizado não tem com o que se preocupar.

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