Polícia
Secret�rio admite mordomias no Baldomero

ODILON RIOS Computadores ligados à Internet, jardins internos, visita íntima nos fins de semana, que começam no sábado e se estendem até o domingo, televisão e frigobar. ?A realidade não é a de um motel de luxo, mas do presídio Baldomero Cavalcanti?, denunciou o secretário de Ressocialização, Valter Gama, ontem pela manhã, à imprensa. ?Não precisa ser especialista em drogas para detectar que o preso está drogado?, disse o secretário, alertando para a livre circulação de drogas no Baldomero. Ele esclareceu que não sabe o porquê de o presídio ter sido construído ?daquele jeito? e já esteve nos três (Baldomero, Cirydião Durval e o de Arapiraca), constatando o mesmo defeito: falta de muros. ?Deram liberdade demais aos presos?, critica o secretário, dizendo que existem detentos que já cumpriram pena, mas até agora não foram postos em liberdade. Internamente, aponta, as falhas se referem a áreas onde não existe concreto e são enfeitadas com jardins. ?O terreno onde foi construído o Cirydião é arenoso. Há partes internas que não foram concretadas e ali colocaram jardins?, contou Valter Gama. ?O Serviço de Engenharia do Estado de Alagoas (Serveal) tem um projeto pronto para a construção de muro nas áreas dos presídios. Hoje existe uma tela?, informa. O projeto da Serveal será entregue nos próximos dias. Inspeção O sistema prisional alagoano viveu, mais uma vez, um dia tenso, durante a visita da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa. Ontem pela manhã, dois deputados, o presidente da Comissão, Paulo Fernando dos Santos, o Paulão (PT) e Maria José Viana constataram as falhas do presídio Baldomero Cavalcanti, oficialmente classificado como de segurança máxima. ?A situação aqui é de muita insegurança?, resumiu o deputado. Para reverter o quadro, de acordo com o petista, se fazem necessários maior dotação orçamentária, reforma na engenharia do Baldomero e apoio da Polícia Militar. A imprensa não teve acesso às celas nem ao local onde presos escavaram o último buraco para fuga, no fim de semana. Apenas ao parlatório ? sala onde os presos recebem visitas ?, que até a semana passada estava sem a grade que separa o preso do visitante. ?As paredes do presídio são finas e deveriam ter chapa de aço. Existe alta rotatividade dos agentes penitenciários, que não são concursados, além de receberem baixos salários?, destacou Paulão. Os deputados ouviram o ex-tenente-coronel Manoel Cavalcante e ele reclamou que o presídio estava sem segurança e sem infra-estrutura.