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Nº 5831
Polícia

Bebida alco�lica � a principal causa da viol�ncia

Diariamente, a delegada Maria Aparecida efetua prisões e manda mulheres fazerem exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal Estácio de Lima. As agressões são sempre motivadas pela bebida alcoólica ou uma simples discussão entre casais. “Toda segu

Por | Edição do dia 14/04/2002 - Matéria atualizada em 14/04/2002 às 00h00

Diariamente, a delegada Maria Aparecida efetua prisões e manda mulheres fazerem exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal Estácio de Lima. As agressões são sempre motivadas pela bebida alcoólica ou uma simples discussão entre casais. “Toda segunda-feira, logo cedo quando chego a delegacia, entro e vejo pelos corredores mulheres com marcas de violência pelo corpo. Sei, mas no entanto, pergunto o que ocorreu. A resposta é quase sempre a mesma: “Meu marido bêbado me deu uma surra”, responde a maioria”, relata Maria Aparecida. Ela já registrou casos em que a mesma mulher apanhou diversas vezes. Também conhece histórias de após sucessivas surras, determinadas mulheres retomam o relacionamento e voltam a conviver ao lado do perigo sem condição nenhuma de falar do marido ou companheiro. É cultural “É da cultura brasileira. Ela está no sangue do povo evidentemente desprovido de estudo. Isto inclusive, é um dos fatores que geram homicídios no Brasil. Tem mulher que apanha todos os dias mas não denuncia o marido. Muitas vezes a polícia toma conhecimento através de denuncias anônimas ou vizinhos revoltados que resolvem chamar a polícia”, lamenta Maria Aparecida. “O dia é de cão na delegacia diariamente. Em cada semblante uma história de violência, dor, incerteza e solidão. São pessoas humildes normalmente dependentes dos maridos ou companheiros que sob ameaça de ser expulsa de casa procura a polícia para contar seus dramas. Estas corajosas sempre acabam mal, porque perdem os companheiros. Depois da denúncia, muitas vezes os maridos as deixam e somem de Maceió”- revela a delegada Maria Aparecida. Mas, salienta que nestas casos se trata de casal que passa a viver sem ser casado. Emboscada “Entre 30 mulheres ouvidas em minha sala, 20 têm marcas pelo corpo e 10 estão sob ameaça de morte por parte dos companheiros. Tem mulher que nem chega em casa e no meio da rua é emboscada e espancada na frente dos filhos menores e das pessoas”- diz a delegada. No seu relato sobre o dia-a-dia da Delegacia de Defesa da Mulher, Maria Aparecida revela ter conhecimento de cenas terríveis cometidas por alguns homens violentos que acabaram presos e processados pela Justiça. Ricos e pobres “A questão da violência precisa ser revista pelos juristas. A sociedade organizada deveria criar mecanismos para pelo menos reduzir a questão, porque ela não está apenas na cama pobre. Também é forte na cama rica. Só que tudo fica entre quatro paredes e a polícia não tem bola de cristal para adivinhar”, frisa a delegada Maria Aparecida.

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