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Nº 5760
Polícia

Gangue cobra ped�gio na periferia de Macei�

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Por | Edição do dia 28/04/2002 - Matéria atualizada em 28/04/2002 às 00h00

As vítimas mais recentes, os estudantes Paulo Sérgio e José Edson, foram atacadas e feridas à bala no bairro do Feitosa, porque se negaram a pagar pedágio à gangue formada por jovens entre 15 e 18 anos de idade, com muitos registros de crimes em vários bairros de Maceió. O perfil da gangue do pedágio é de drogados, violentos, destemidos, decididos e audaciosos. O grupo usa revólveres roubados e pode atacar à luz do dia sem se preocupar com as conseqüências. A gangue do pedágio não tem uma área específica de ação. Mas é nas favelas onde ela mostra o seu poder de fogo. A Grota do Estrondo já foi palco de grandes confrontos entre os membros da organização criminosa e pessoas ali residentes. Vários delegados se uniram com o objetivo de acabar com a brincadeira dos componentes da “gangue do pedágio”. Por um bom tempo as pessoas transitaram livremente sem ter que pagar pedágio. Mas logo eles voltaram a agir. No início da semana os estudantes Paulo Sérgio e José Edson seguiam para suas residências no bairro do Feitosa por volta das 18h40. Foram cercados, humilhados, tiveram objetos roubados e foram feridos à bala porque se recusaram a pagar pedágio. Além da agressão, os estudantes foram orientados a andar com dinheiro para não passar vexames porque o pagamento do pedágio é a porta aberta para se manter vivo e longe dos bandidos. Grotas e favelas O policial José Barros, do 9º Distrito Policial, onde está registrada a agressão contra os dois estudantes, explica que as gangues estão por toda parte. Mas com exclusividade nos bairros onde existem grotas e favelas, especialmente no Jacintinho. “Esta gangue sem dúvida está com os dias contados. Estamos trabalhando dia e noite e vamos colocar esta gente na cadeia”, garante o policial José Barros. Experientes policiais civis alertam que muita gente vem sendo vítima da gangue, mas prefere não procurar a delegacia para fazer a denúncia. “O problema é que denúncia contra bandido normalmente não acaba bem. Apesar de a polícia usar todos os meios legais para garantir a integridade física e moral das vítimas. Mas é sempre um risco porque a malandragem fica cada vez mais perigosa”, salienta um policial, que faz parte do grupo especial que investiga as ações desta quadrilha. O delegado Agnaldo Ramos, recém-nomeado para o comando do 9º Distrito Policial, registra, através de seus escrivães, muitos casos de assaltos, homicídios, brigas de vizinhos, invasão de terrenos, entre outros tipos de problemas. Ele sabe que existe a gangue do pedágio e já tem planos para desarticular a quadrilha que de arma em punho rouba dinheiro de quem se recusa a atender suas ordens. “Os dois casos recentes estão sendo apurados. Vamos chegar aos bandidos”, alerta Agnaldo Ramos. Ação O Conjunto Benedito Bentes é outro bairro onde a ação dos bandidos ocorre quase todos os dias e não tem hora para agir. O delegado Jair Macário, do 8º Distrito, prendeu no início desta semana quatro elementos que, usando picaretas, ameaçavam as pessoas. O grupo tentou invadir a residência do jardineiro José Maria Barbosa dos Santos para matá-lo. Foram presos em flagrante Edson da Silva, Manuel Rosa Santos, Ezequias Tavares Santos e Jairo Oliveira Ferreira. Segundo a polícia, os presos vinham atacando as pessoas, apesar de não serem da gangue do pedágio. Mas no Benedito Bentes I a presença da gangue do pedágio tem sido um desespero para seus moradores. Apesar de existir uma companhia da Polícia Militar de Alagoas para apoiar os policiais civis do 8º Distrito, as quadrilhas não estão respeitando. Representantes de associações de moradores vêm se reunindo sempre e denunciando a onda de violência que cresce a cada dia. Segundo alguns mutuários, durante o dia ainda é possível circular pelo populoso logradouro. Mas à noite é correr muito risco. De um lado atua a gangue do pedágio, do outro as quadrilhas de assaltantes que quando não estão brigando entre si estão praticando assaltos a mercadinhos, farmácias, açougues, padarias, bares e restaurantes. Em 2001, várias pessoas perderam suas vidas porque tentaram reagir contra os bandidos. Alguns foram presos, condenados e cumprem sentença nos presídios. O então delegado daquela jurisdição, Fernando Artur, chegou a instaurar até dez inquéritos por semana. Com a reativação da Companhia de Radiopatrulha, que tem o comando do tenente-coronel Marcos Brito, que opera em vários bairros, o índice de violência sofreu uma pequena redução. Mas os moradores preferem não sentar em suas portas durante a noite, muito menos se distanciar de suas casas.

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