Polícia
Empres�rio reconhece seq�estrador do filho durante julgamento no F�rum

FELIPE FARIAS O seqüestrador Luís Carlos Barros Alves foi reconhecido pelo empresário Álvaro Mendonça, dono de uma madeireira, como sendo o homem que seqüestrou seu filho, Alex Cícero Mendonça, em 2002. Luís Carlos ia ao estabelecimento do empresário fazer compras para uma suposta reforma domiciliar, mas, na verdade, realizava uma espécie de reconhecimento ? um preparativo para o seqüestro de Alex, cujo resgate foi de R$ 200 mil. Luís Carlos, Edeilton Jacinto da Silva, José Gomes e Ivani Gomes foram presos depois que a polícia alagoana abortou o seqüestro de Mariane França, filha de outro empresário local, em abril do ano passado. Os quatro são acusados de um terceiro seqüestro, o do filho do tabelião Celso Pontes de Miranda, há cerca de cinco anos. O reconhecimento ocorreu durante o interrogatório das testemunhas de acusação, primeira etapa do julgamento da quadrilha pela acusação de seqüestro de Alex Cícero, e causou intensa mobilização no Fórum de Maceió, no Barro Duro, ontem à tarde. Os mesmos acusados respondem, em outra Vara de Justiça, pelo seqüestro de Mariane. Como são em grupo de quatro e considerados perigosos, seu deslocamento da carceragem até a 4ª Vara Criminal exigiu a escolta de uma guarnição do Tigre, o grupo de elite da Polícia Civil, onde os acusados estão presos. E como não existe uma sala própria para reconhecimentos no Fórum de Maceió, para que essa exigência processual do julgamento fosse cumprida foi necessária improvisação por parte do titular da 4ª Vara, juiz Hélder Loureiro. Os acusados foram perfilados no corredor e, através da janela da sala de audiências, cujos vidros são protegidos por um filme reflexivo, os familiares de Alex Cícero puderam visualizar os acusados. Para isso, porém, eram obrigados a subir numa cadeira da sala de audiências, para olhar pela janela. A lei estabelece que os réus não podem ser isolados para o reconhecimento: devem estar em meio a outras pessoas, para que o processo não seja direcionado. Arregimentar voluntários que pudessem ser perfilados junto aos acusados foi outra etapa que exigiu desdobramentos do responsável pelo cartório da 4ª Vara. Como havia resistências por parte dos convocados, o processo acabou atrasando. Por fim, cinco estagiários de Direito que trabalham no Fórum se dispuseram a colaborar com o reconhecimento. Além do pai de Alex Cícero, o sogro e um cunhado foram relacionados pelo Ministério Público como testemunhas de acusação e deveriam fazer o reconhecimento dos acusados. O grupo nega envolvimento nesse caso, mas logo depois das prisões, a perícia fez um reconhecimento da casa que teria sido usada como cativeiro para os três seqüestros cometidos pela quadrilha antes do de Mariane França. A casa fica no conjunto Eustáquio Gomes. Alex e o filho de outro empresário de Maceió reconheceram a casa. Segundo Álvaro Mendonça, o imóvel tinha mesmo sido reformado antes de passar a ser usado como cativeiro. Ironicamente, parte dos itens da obra foi mesmo adquirida na loja de Álvaro, cujo filho viria a ser uma das vítimas. /// Quadrilha planejava fuga de presídio O juiz da 4ª Vara Criminal, Hélder Loureiro, informou que também vai negar o pedido de transferência dos seqüestradores de Mariane França, da sede do Tigre, o grupo de elite da Polícia Civil, onde estão presos, para um dos presídios de Maceió. Recusa semelhante já foi proferida pelo juiz do processo referente ao seqüestro de Mariane, Marcelo Tadeu Oliveira ? o juiz Hélder Loureiro julga o processo referente ao seqüestro da Alex Cícero Mendonça, filho de outro empresário, que teria sido praticado pelo mesmo grupo. Loureiro diz ter recebido informações de que estaria sendo elaborado um plano de fuga da quadrilha, tão logo chegasse ao presídio. Os acusados estão presos há dez meses na base do Tigre. ?Eles estão todo esse tempo sem direito a visitas íntimas e a banho de sol, direitos garantidos pela lei, mesmo aos presos provisórios?, protestou a advogada de três dos acusados, Ilka Pontes. ?Nós estamos há dez meses vivendo numa jaula?, acrescentou Luís Carlos, ainda na carceragem do Fórum. Os demais não quiseram dar entrevistas. Ao responder ao pedido da defesa, o juiz do caso Mariane, Marcelo Tadeu, afirmou que só permitiria a remoção após terminada a fase de instrução do processo ? as etapas legais do julgamento. Mas, segundo o juiz do caso Alex Cícero, que também teria sido seqüestrado pela mesma quadrilha, há cerca de duas semanas recebeu a informação de que haveria um plano de fuga a ser posto em prática, tão logo a quadrilha chegasse a uma das unidades do sistema prisional. Por isso, também se posicionará contrário à saída dos seqüestradores da sede do grupo especial da Polícia Civil. Divisão Os seqüestradores estão tendo uma rixa entre si, por causa da divisão do produto de um dos crimes. Segundo o juiz, o resgate pago pela liberação do filho do tabelião Celso Pontes foi de R$ 240 mil. Mas o chefe do bando teria informado para um dos cúmplices um valor bem inferior, cujo rateio daria apenas R$ 25 mil para cada. ?Como ele ficou apenas com esse valor, enquanto o outro levou uma parte bem maior, veio a rixa. Tanto que estão até sem se falar na prisão. Ele chegou até a ?jurar? que, passe o tempo que passar na cadeia, ao sair, vai atrás do dinheiro?. (FF)