Polícia
Pol�cia estoura pontos clandestinos de revenda em AL

MAIKEL MARQUES Repórter Porto Real do Colégio - Operação do departamento de fiscalização da Secretaria da Fazenda (Sefaz), com apoio das polícias Civil e Militar, resultou na desarticulação, ontem, de oito pontos clandestinos de revenda de gasolina, álcool, óleo diesel e óleo lubrificante ao preço de R$ 1,00 o litro. A revenda clandestina do produto - sem nota fiscal - acontecia em plena luz do dia nos fundos de bares e lanchonetes situados a menos de 300 metros do posto de fiscalização da Sefaz, à margem da BR-101, em Porto Real do Colégio. Os trambiqueiros tinham estrutura para armazenar mais de 10 mil litros de combustível de uma só vez, mas a fiscalização só conseguiu apreender pouco mais de 3.000 litros de combustível. Josefa Daiana Tenório, esposa de revendedor, e João Pereira Lima, funcionário de revendedor foragido e que escondia em fundo falso 500 litros de álcool, foram presos em flagrante. Os cabeças do esquema conseguiram fugir e até ontem à noite não tinham sido localizados pelos agentes envolvidos na operação. A descoberta do esquema compra e revenda de combustível desviado de caminhões que circulam pela BR-101 se deu mediante denúncia anônima formulada ao setor de fiscalização da Sefaz. ### Polícia prende dois suspeitos de integrarem a quadrilha Depois de mapear os sete pontos de revenda, os fiscais da Sefaz e policiais civis e militares decidiram deflagrar a operação de forma conjunta às 10 da manhã de ontem. Chegamos de uma só vez em todos os pontos, mas não conseguimos prender os cabeças do esquema, explica Plácido Augusto Fonseca, fiscal da Sefaz responsável pela operação. Revenda noturna O proprietário da churrascaria Novo Ponto de Encontro, cujo nome ainda não foi revelado, é apontado como um dos maiores vendedores de combustível clandestino da região. Ele construiu cisterna com sistema de ventilação e capacidade para armazenar até 4.000 litros de álcool. O falso tanque fica em terreno equipado com refletor para orientar os motoristas que desviam ou compram combustível no período noturno. O combustível e os tonéis apreendidos foram levados para o depósito da Sefaz em Porto Real do Colégio. Todo o material aprendido está à disposição da Justiça. PREÇO ATRATIVO O principal atrativo à compra e revenda clandestinas de álcool, gasolina e óleo diesel era o preço final do litro do produto, revendido muito abaixo do valor de mercado. Qualquer litro de combustível saía por apenas R$ 1,00 o litro, revelou o delegado de Porto Real do Colégio, Fernando Lustosa, que autuou em flagrante dois dos envolvidos no esquema. São eles: Josefa Daiana Tenório, esposa de um dos revendedores, e João Pereira Lima, funcionário de revendedor que guardava 500 litros de álcool em tanque nos fundos de sua churrascaria. Embora tenham confessado o crime ao delegado, os dois negaram à Gazeta qualquer participação no esquema. Foram autuados pelos seguintes crimes: receptação dolosa, formação de quadrilha e revenda e estocagem de combustível clandestino. VENDA ARTICULADA A revenda do produto acontecia de forma discreta em plena luz do dia para não chamar a atenção da fiscalização da Secretaria da Fazenda. O fluxo de consumidores de pequeno, médio e grande porte crescia durante a madrugada quando havia redução do número de fiscais. Provavelmente, a maioria dos clientes buscava o produto somente depois do pôr-do-sol, explica Marco Aurélio Galvão, gerente do posto da Sefaz de Porto Real do Colégio. A venda era muito bem articulada. Não tínhamos qualquer desconfiança do esquema, justificou o fiscal. Policiais envolvidos na operação ouviram dos dois presos a informação de que a venda do produto acontecia, em alguns postos, 24 horas por dia. |MM ### Caminhoneiros são principais clientes Os principais responsáveis pela alimentação ou abastecimento dos postos clandestinos são os motoristas que transportam álcool, gasolina e óleo diesel pela rodovia BR-101. Levantamento da Sefaz indica que, em média, 20 caminhões passam pelo posto de fiscalização em Porto Real do Colégio todos os dias. Segundo apurou a reportagem da Gazeta, os motoristas desviam ou roubam combustível das empresas para as quais trabalham geralmente no período noturno, quando param para descansar em Porto Real do Colégio. Além de retirar combustível do tanque do próprio veículo, também roubam o produto do tanque utilizado para o transporte do produto revendido. O desvio de 100 ou 200 litros de um tanque com mais de 15 mil litros praticamente não faz falta ao final da contabilidade. Ao final, todos ganham. O dono do posto comprou a preço irrisório e revende com grande margem de lucro porque não paga qualquer tipo de imposto, explica um dos policiais envolvidos na operação. A Secretaria da Fazenda também suspeita da movimentação de caminhões de destilarias de Alagoas que apresentam notas fiscais da venda de álcool para cidades do Sudeste. Há indícios de que o produtor possa ser revendido de forma clandestina na região. Os custos de transporte de um caminhão com álcool de Alagoas para São Paulo inviabilizam a venda do produto naquela região, explica Plácido Augusto, da Sefaz. Foragidos O delegado regional de Penedo, Josias Luiz de Lima, explicou que seus agentes continuam o trabalho de diligência na tentativa de prender os comerciantes que pagam imposto para vender alimentação, mas na verdade comercializam combustível clandestino. Somente com a prisão desse pessoal é que conseguiremos desmontar todo o esquema, explicou. |MM