Polícia
Moradores fogem do Dique Estrada

Assaltos, tráfico, homicídios. Os moradores querem um basta, pois estão cansados de tanta violência no Conjunto Virgem dos Podres, Dique Estrada, no Vergel do Lago. ?Fecho minha casa às 9 horas. Não vejo, não ouço, nem sei de nada que ocorre por aqui. Vou embora, porque meu marido está doente?, afirmou Maria José, que mora na quadra 50, respeitando a lei do silêncio imposta pelos marginais. ?Vou embora, porque não quero ficar aqui. Já foi bom, agora os maloqueiros tomaram conta. Só fico em casa à noite quando minha filha que é militar não está de serviço?, declarou Maria Marques, que é viúva, e também está com placa de venda em sua residência, na quadra 64. Há ruas com menos de cinqüenta metros com cinco casas para vender e outras duas para alugar. ?A violência está demais, quem pode foge daqui?, afirmou o pescador Erando dos Santos. Exclusão SOCIAL O advogado Everaldo Patriota, da Comissão de Direitos Humanos da OAB/AL, afirmou que o Dique Estrada é hoje ?uma área de exclusão social?. Com termos mais simples, a doméstica Vanessa da Silva adverte: ?Ninguém se lembra de gente pobre. Dizem que só tem bandido, mas tem muito trabalhador morando aqui?. Segundo os moradores, os traficantes dão as cartas. Eles invadem casas, matam, fogem e não são presos. A empregada doméstica Maria da Conceição das Neves Pereira, 39, é mais uma vítima da violência do Dique Estrada. Ela já perdeu o marido e o filho. José Roberto da Silva foi morto em janeiro. Na noite da última segunda-feira o filho, Lauderlan Neves Pereira, 20, foi executado no Virgem dos Pobres. ?Vou vender minha casa. Não posso ficar morando lá, pois tenho um filho de 11 anos para criar?, afirmou ela, revelando que está sendo ameaçada por traficantes da área. ?Dona Eunice também estava ameaçada e fugiu para não morrer. Eles invadiram a casa dela, no último sábado, atiraram e quebraram tudo?, disse Maria da Conceição. Ela revelou que o filho era usuário de drogas e entrou numa guerra que envolve traficantes. Informou que ?Sapinho? e ?Júnior? da galera do ?Nego Déu? praticaram o homicídio. A vítima era do grupo rival. |EF