Polícia
Caso Juliana: pedida pris�o de acusados

REGINA CARVALHO Repórter Murici - Com base no depoimento de Rita de Cássia dos Santos, principal testemunha do desaparecimento de Juliana Cassiano da Silva, de 16 anos, o delegado de Murici, Élvio Alves Brasil, entregou ontem o inquérito policial à Justiça pedindo a prisão preventiva de Fausto Cardoso Batista Neto, o Faustinho, e de Jadson Cansanção da Silva. Eles são, respectivamente, sobrinho e funcionário do bicheiro Plínio Batista. O pedido de prisão preventiva de Faustinho e Jadson será analisado pela juíza da Comarca de Murici, Aída Antunes Lins. Ela confirmou que recebeu o pedido e que o despachou para o representante do Ministério Público Estadual, Napoleão Franco, que tem cinco dias para dar seu parecer. Segundo Élvio Brasil, que preside o inquérito há um mês e meio, Faustinho entrou em contradição por várias vezes durante os depoimentos prestados à polícia. Ele disse, por exemplo, que foi dormir meia-noite, mas não era verdade e também informou que do bar onde estava Juliana ele foi para uma boate. Mas que o movimento estava fraco e por isso teria voltado para casa. Entretanto, constatamos que nesse dia o movimento na boate foi intenso, contou o delegado. De acordo com levantamentos realizados pela polícia, Faustinho se aproximou da casa onde residia Juliana, no Beco do Genildo, uma das áreas mais pobres do município. Lá, ele acabou convencendo a menor a entrar no carro. O delegado acredita ainda que ela se recusou a manter relações sexuais com os acusados, o que teria provocado a fúria de Faustinho e Jadson. A vítima, que estava embriagada, foi levada a uma fazenda de propriedade do bicheiro Plínio Batista, conhecida como Mumbuca, onde começou a ser espancada e, ainda com vida, foi jogada no Rio Mundaú. No segundo laudo que recebemos ficou constatado que ela morreu por estrangulamento mecânico e apresentava reflexos vitais, mas também consta o afogamento da vítima, relatou Élvio Brasil. No primeiro laudo emitido pelo Instituto de Criminalística (IC) constava que Juliana havia sido morta por asfixia mecânica, informações consideradas ainda incompletas, segundo a polícia. Para comprovar que houve homicídio qualificado requisitei outro laudo, com mais informações sobre o estado da vítima, detalhou o delegado. Como o corpo de Juliana apresentava estado avançado de decomposição, não foi possível identificar quais os tipos de tortura a vítima sofreu. Entretanto, o laudo deixou explícito que o estrangulamento foi feito com uma toalha. Principal testemunha do caso, Rita de Cássia ficou presa por dez dias na delegacia de Murici, até que a polícia pudesse apurar os momentos que antecederam o crime. Ela negou por duas vezes que tivesse visto Juliana com Faustinho e, por apresentar contradição nos depoimentos, pedimos a prisão temporária, explicou o delegado. Segundo o delegado, Rita de Cássia pode ter omitido alguns fatos da polícia por estar com medo de parentes de Faustinho. O delegado informou que vai indiciar Rita de Cássia por aliciamento de menores, já que ela forçou Juliana, uma menor, a ingerir bebida alcóolica momentos antes de ela desaparecer. A polícia diz que Faustinho tem histórico de violência, informação confirmada por moradores de Murici, ouvidos durante as diligências. Alguns relatos informaram que, quando o acusado ingere bebida alcoólica, costuma agir com agressividade, principalmente com as mulheres. Ele costuma morder e machucar as vítimas quando bebe, disse o delegado. Os levantamentos apontam que Faustinho, Jadson e a própria vítima estavam embriagados no dia do desaparecimento da menor. ### Ameaçada, família espera por justiça Murici - Juliana Cassiano da Silva ajudava a mãe na fabricação de fogos de artifício. No dia 10 de abril deste ano, um domingo, ela passou o dia ingerindo bebidas alcoólicas com outras amigas no bar do seu Tonho. Dançou com várias pessoas, dentre elas, Faustinho. Já embriagada, Juliana teria sido levada para casa por Rita de Cássia dos Santos, a quem confessou que iria sair com Faustinho e Jadson. Por volta das 23h30, depois de deixar Juliana próximo a sua residência, Rita viu um veículo se aproximando e identificou que Faustinho e Jadson estavam no interior do carro. No dia seguinte, os parentes de Juliana foram à delegacia comunicar o desparecimento, mas os policiais pediram que eles esperassem mais um pouco para registrar a queixa. Na terça-feira, dois dias depois, o corpo de Juliana apareceu boiando na margem do Rio Mundaú, em avançado estado de decomposição. Ontem, na frente do Fórum de Murici, a mãe de Juliana, Cícera Cassiano da Silva, denunciou que um rapaz identificado apenas como Bira ofereceu R$ 5 mil, em nome do ex-vereador Fausto Cardoso, para que ela não continuasse fazendo denúncias sobre Faustinho. Ele disse que quatro mil dava para comprar uma casa e mais mil reais para ajeitar a cova da minha filha, contou Cícera. De acordo com ela, durante as caminhadas realizadas pelos parentes no intuito de pedir justiça, Maurício, tio de Faustinho, tentou intimidá-los. Ele já me ameaçou duas vezes. Nas caminhadas, ele ficou me perseguindo, relatou a mãe de Juliana. Emocionada, ela cobra por justiça. José Firmino da Silva, primo de Juliana, denunciou que seus parentes têm sofrido ameaças constantes da família de Faustinho. Ficam dizendo que é jogo político, mas, na verdade, eles estão nos ameaçando. O próprio Plínio Batista chegou aqui [no Fórum] com capangas para intimidar a gente. RC