Polícia
Comerciante indiciado por abuso sexual

BLEINE OLIVEIRA IVAN NUNES Repórteres União dos Palmares - A delegada Kátia Emanuelle Cavalcante indiciou ontem o comerciante Dagoberto Manoel da Silva, 24 anos, acusado de envolvimento com a exploração sexual de menores, em União dos Palmares, conforme denúncia veiculada na edição de ontem da Gazeta. Dagoberto deve responder por abuso sexual de menores. Dagoberto foi o primeiro da lista de acusados pelas meninas A.C.M.S., de 14 anos, C.S.P., de 13, e J.F.S., de 12 anos, a ser ouvido pela delegada regional Kátia Emanuelle Cavalcante. Hoje, outros dois comerciantes e pessoas apontadas como responsáveis pelo aliciamento das meninas serão notificadas para prestar depoimento. A delegada Kátia Emanuelle não pode fazer o reconhecimento dos acusados porque as meninas deixaram a cidade. A mãe de uma delas deve ser ouvida hoje para esclarecer novos fatos relacionados à exploração sexual e para onde foram levadas. A mãe me disse que elas estão com medo, revelou Kátia Emanuelle. No depoimento prestado à polícia, o comerciante Dagoberto da Silva disse que foi convidado pelo também comerciante Laércio da Rocha para ir à chácara citada pelas menores. Segundo consta do inquérito policial, ele confirma que estava num grupo de 10 pessoas, seis delas eram mulheres. Dagoberto garante que não ficou com nenhuma das mulheres, mas admitiu que algumas possam ser menores de idade. Outra afirmação dele é de que não viu pessoas sem roupa. No relato que fez, a menor J. disse que logo que chegou à chácara encontrou duas amigas apenas de calcinha e que, depois de ingerir bebida alcoólica oferecida por ele, manteve relação sexual com Dagoberto Manoel. Impunidade Só este ano, a polícia já desbaratou quatro grupos que exploravam menores em União dos Palmares. O chefe de Operações da Delegacia Regional, Renato Santos, disse que todos os envolvidos foram presos, autuados, processados, mas estão soltos por decisão judicial. Os números confirmam que a cidade registra um dos mais altos índices de prostituição do Estado. Além de Dagoberto e Laércio, serão convocados a depor o músico Sérgio Santos, sua namorada, até agora identificada apenas como Joeli, um travesti de nome Kelly. A intenção da delegada Kátia Emanuelle é desbaratar mais uma rede de exploração sexual de menores. ### Miséria facilita aliciamento de menores O quadro de carência entre as famílias das vítimas é a causa apontada pela população para explicar o registro freqüente de casos de prostituição e abuso sexual de menores em União dos Palmares. Afastado do trabalho por problemas de saúde, o secretário da igreja matriz de União dos Palmares, Nivaldo Antônio Santos, 53 anos, diz que a falta de emprego e a fome são os principais motivos para o envolvimento de meninas e mulheres em prostituição. Para ele, a sociedade palmarina tem que ficar atenta e buscar meios de oferecer alternativas aos pais e aos jovens, para que essa imagem de uma cidade perdida seja desfeita. É preciso também que o poder público faça sua parte, cobra Nivaldo, dizendo-se agradecido a Deus por ter conseguido encaminhar os três filhos. Mas, como admite, nem as três meninas do bairro Roberto Araújo nem tantas iguais a elas têm a mesma sorte. Entre os jovens palmarinos, o caso de A. J. C. repercutiu de forma natural. Eles dizem saber da situação de dificuldades que muitas enfrentam e, por isso, acabam sendo atraídas por aliciadores que as levam para a prostituição. Mas condenam homens e mulheres envolvidos na exploração de menores. Acho muita falta de respeito. As meninas não têm sequer físico. Esses caras deviam estar na cadeia, diz o estudante Carlos André Ferreira, de 15 anos, aluno do colégio estadual Monsenhor Clóvis Duarte. Seu colega Aramis Cícero da Silva, 16 anos, acredita que a falta de informação e de atenção dos pais também pode ser a causa da queda das menores. Transtorno Transtornado com a repercussão das denúncias feitas pelas três menores, o comerciante Laércio Rocha negou ter tido envolvimento sexual com qualquer delas. Ele deve ser ouvido hoje ou amanhã, pela delegada Kátia Emanuelle, por ter tido seu nome citado por A., J. e C. como proprietário da chácara onde, no dia 17 de julho, teria havido a sessão de orgia com as menores. Não conheço essas meninas, não sou culpado e já estou condenado por uma coisa que não fiz, afirma Laércio. O comerciante admite que, naquela data, se juntou a um grupo de amigos com os quais vinha da cidade de Ibateguara, e foi para a chácara de sua propriedade. Mas garante que as duas mulheres convidadas eram de maior idade. Eu estava com a Gisele e não sei quem eram as pessoas que chegaram depois, assegura Laércio. Para ele, a polícia deve procurar saber quem convidou e levou as menores até a chácara, que admitiu ser de sua propriedade. Ele nega ter oferecido bebida alcoólica ou ter feito qualquer proposta às menores, e diz que a festa foi uma invenção de última hora. As menores podem dizer quem as convidou e garantiu o transporte para chegarem ao local. |BL e IN