loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
sexta-feira, 21/03/2025 | Ano | Nº 5928
Maceió, AL
25° Tempo
Home > Polícia

Polícia

Padre Tito escapa de atentado � bala

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp

| BLEINE OLIVEIRA Repórter O presidente da Fundação Municipal de Apoio à Criança e ao Adolescente (Funacriad), padre Tito Régis, denunciou ontem, na delegacia do 11º Distrito Policial, ter sido vítima de um atentado. A tentativa de assassinato aconteceu por volta das 7h30 de ontem, nas proximidades da Casa Dom Bosco, no bairro de Santa Amélia, onde o padre reside. Como faz todas as segundas-feiras, Tito Régis caminhava em direção ao Convento Nossa Senhora Rainha da Paz, localizado nas proximidades da instituição que dirige, quando dois homens, vestidos de preto, e em duas motos, apontaram revólveres e dispararam em sua direção. Por pouco o religioso, que trabalha com atendimento a menores em situação de risco, não foi assassinado. A sorte dele, como ressalta Ednaldo Silva Messias, psicólogo da Casa Dom Bosco, onde vivem 50 meninos com idade entre 8 e 18 anos, foi a passagem, pelo local, de uma ambulância com a sirene acionada. “O barulho assustou os dois homens que, talvez pensando ser a polícia, fugiram em velocidade” - relata Ednaldo. Após o atentado padre Tito se recolheu, para local não informado. Entretanto, pessoas ligadas ao religioso acreditam que ele esteja na própria Casa Dom Bosco, traumatizado pelo que aconteceu. Recentemente, Tito Régis enfrentou uma crise depressiva provocada pela suspeita de um câncer no estômago. Mas exames e diagnóstico de médicos paulistas descartaram a hipótese. SEM INIMIGOS No depoimento que prestou ao delegado Geraldo Soares de Carvalho, do 11º DP, padre Tito revelou detalhes do episódio que quase o matou. Mas, segundo informações de agentes policiais, ele não forneceu pistas que facilitem o trabalho de investigação. O padre teria dito que não tem suspeitos ou motivos que pudessem provocar seu assassinato. Ele não discutiu com ninguém e garante não ter inimigos. Ele disse ainda que não reconheceu nenhum dos dois homens que tentaram matá-lo. Os únicos fatos que, na avaliação da polícia e de assessores do religioso, explicariam a violência são as ações do padre para criação de um centro de atendimento a dependentes de drogas e as críticas que fez ao processo de escolha dos integrantes dos Conselhos Tutelares. Em junho último ele manifestou insatisfação com os fatos que antecederam e com o próprio resultado das eleições. Na condição de presidente da Funacriad, entidade pública que mantém os Conselhos Tutelares, o religioso criticou a ingerência política na disputa pelas vagas e reclamou do desconhecimento de muitos candidatos sobre a questão do menor e do adolescente. O cargo de conselheiro é exercido por três anos e o salário é de R$ 1.020,00. Insegurança “Caberá à polícia descobrir quem atentou contra vida do Padre Tito. Mas é preciso que as providências sejam rápidas. Estamos apreensivos e inseguros com o que o que aconteceu” - disse o psicólogo Ednaldo Messias, ressaltando que a instituição Dom Bosco pode ser alvo de novos atentados. Para ele, a sociedade precisa saber quem e porque atentaram contra a vida do religioso. “Padre Tito é um incansável lutador da causa do menor. Sua luta agora é pela recuperação dos dependentes de drogas, talvez isso tenha atingido interesses” - insinua o psicólogo. Ele pede proteção para a Casa Dom Bosco, instituição de assistência a menores criada em 1992. Lá estão menores encaminhados pelos Conselhos Tutelares que saem de casa em decorrência da desagregação familiar e do abandono. Os meninos recebem atendimento psicológico, assistência médico-odontológico e aprendem atividades profissionalizantes. A padaria e a horta são dois importantes projetos desenvolvidos na instituição. “Temos aqui um grande trabalho social, que depende muito do padre Tito” - completa Ednaldo Messias. ### Ataque pode estar ligado aos tutelares Os assessores do religioso acreditam que a tentativa de assassinato em que o padre Tito Régis foi vítima pode ter origem nas denúncias de corrupção e de ingerência política feitas durante o recente processo de eleição de novos conselheiros tutelares. As denúncias foram encaminhadas ao Ministério Público. Na ocasião, o padre reclamou que vereadores financiaram algumas candidaturas para garantir espaço para seus “cabos eleitorais”. Crítico dessa ingerência, Tito Régis chegou a afirmar que “ao invés de trabalharem para a causa nobre da criança, muitos candidatos estão a serviço de interesses de políticos”. Outra dura crítica foi feita ao desconhecimento de alguns candidatos sobre a política de atendimento a crianças e adolescentes. “É possível encontrar conselheiros que não conhecem sequer o Estatuto da Criança e do Adolescente. O resultado disso é o aumento do problema dos menores nas ruas e a falta de continuidade dos que trabalham com seriedade”, afirmou o padre, durante o processo eleitoral de junho último. SEGURANÇA NA CASA Informado sobre o atentado, o prefeito Cícero Almeida garantiu apoio ao presidente da Funacriad, instituição pública municipal que cuida da assistência a crianças e adolescentes em situação de risco. Além do prefeito, o religioso recebeu apoio da Arquidiocese de Maceió, que se colocou à disposição para ajudá-lo a enfrentar o episódio. Após o atentado quase ninguém conseguiu falar com o padre. Mesmo depois de quase ter sido atingido pelas balas disparadas em sua direção, Tito Régis seguiu para o Convento da Mãe Rainha, celebrou a missa que estava programada e só depois foi à delegacia do 11º DP, no bairro do Clima Bom. Fora do ar Ao sair de lá, ninguém mais soube de seu paradeiro. Nem mesmo os dirigentes da Arquidiocese que durante todo o dia tentaram falar com o religioso. Padre Tito manteve o telefone celular desligado e nenhum de seus assessores soube ou quis informar onde ele estava. Uma das orientações que o padre recebeu é de que reforce a segurança na casa onde mora e passe a andar acompanhado. Até ontem, quando fez o trajeto até a igreja onde celebraria missa, Tito Régis sempre andou sozinho. Seus assessores recomendam que agora ele adote algumas medidas que possam garantir-lhe mais proteção. “Ele ainda está atordoado. Mas creio que amanhã (hoje) terá superado o trauma inicial e poderá contar detalhes do difícil momento que viveu”, afirma Ednaldo Messias, psicólogo que trabalha na Casa Dom Bosco. Segundo ele, uma das primeiras providências adotadas na instituição foi manter os portões de entrada fechados. Ao contrário da situação anterior ao episódio, o acesso às dependências da Casa só é possível agora com identificação. |BL

Relacionadas