Polícia
Empres�ria d� calote em condom�nios

FÁBIA ASSUMPÇÃO Repórter Continua desaparecida desde sexta-feira (2) a empresária Míriam Andrade, 70 anos, dona da Administradora de Condomínio MA Feitosa, responsável pelo gerenciamento de mais de 100 prédios de Maceió - alguns deles de alto luxo. Ela deve responder pelo crime de estelionato e por apropriação indébita. De acordo com o delegado Nilson Alcântara, da Delegacia de Defraudações, o golpe aplicado por Miriam pode chegar a meio milhão de reais (R$ 500 mil). Até ontem de manhã, o delegado já tinha recebido dezenas de queixas contra Míriam. Entre os clientes da empresária estavam prédios de alto luxo e até clínicas médicas. Ontem de manhã, policiais militares tiveram que fazer a segurança do prédio da empresa MA Feitosa, na Jatiúca. Revoltadas com a situação, algumas vítimas do calote ameaçavam atear fogo ao prédio da empresa. O maior calote foi levado pelos moradores do Edíficio Costa Brava, na Mangabeiras, onde Miriam também era síndica. Eles perderam R$ 160 mil, pagos de taxa extra nos últimos três anos para reforma do prédio. Miriam teria se apropriado do dinheiro destinado ao pagamento dos empregados e de outros serviços. No Costa Brava o clima ontem era de perplexidade entre os moradores. Miriam morava no prédio há quase cinco anos. Em 2001, assumiu como síndica, prometendo resolver uma dificuldade que o prédio tinha para cobrar dos condôminos inadimplentes, porque até então o edifício não tinha documentação de pessoa jurídica para entrar com uma ação na Justiça contra eles. Com isso, conseguiu a confiança dos moradores. No apartamento 103 do Costa Brava quem atende é o seu irmão, que se recusa a manter contato com a imprensa, dizendo desconhecer os problemas enfrentados pela irmã. Uma das moradoras do edifício, Magna Ferreira Medeiros, disse que Miriam era uma síndica exemplar e colocou muitas coisas do prédio em ordem. Mas que já andava desconfiada dela, por causa da demora para o início da reforma do prédio. Ela acabou com a tão sonhada reforma do prédio, lamentava-se. Há três anos, além dos R$ 190 do condomínio, eles eram obrigados a pagar uma taxa extra de R$ 100 para reforma do prédio. Quando a gente atrasava, ela mandava logo uma carta de cobrança, lembra Magna. Desde fevereiro os condôminos vinham cobrando uma prestação de contas bancárias movimentadas por Miriam. Mas ela sempre se esquivava de apresentar os extratos. Miriam era responsável pela administração de todo o dinheiro e era a única a ter as senhas das contas bancárias do condomínio. Como a empresa de Mírim administrava pelo menos 120 prédios em Maceió, o delegado acredita que o golpe pode chegar a mais de R$ 450 mil. Alcântara disse que Miriam vai ser intimada a prestar depoimento. Conta zerada Ao coletar os documentos deixados na empresa, os moradores do Costa Brava tiveram a triste confirmação de que a conta do condomínio estava zerada. No Edíficio Luís de Bourbon, na Ponta Verde, Miriam deixou sem o salário do mês os cinco funcionários do prédio, três porteiros e dois serviçais, além do piscineiro e do jardineiro. A empresa dela era responsável pela administração do prédio há três anos e recebia mensalmente R$ 3.504 Miriam deixou uma carta ao irmão, em tom de despedida. Na mensagem, ela diz estar passando por problemas de saúde e dificuldades financeiras, e que chegou até a pensar em suicídio.