Quatro bairros de Macei� vivem clima de guerra
RÓDIO NOGUEIRA Estatísticas do Instituto Médico Legal Estácio de Lima (IML) revelam que os bairros do Vergel do Lago, Clima Bom, Jacintinho e Benedito Bentes foram recordistas em assassinatos nos primeiros quatro meses do corrente ano. Segundo o levanta
Por | Edição do dia 12/05/2002 - Matéria atualizada em 12/05/2002 às 00h00
RÓDIO NOGUEIRA Estatísticas do Instituto Médico Legal Estácio de Lima (IML) revelam que os bairros do Vergel do Lago, Clima Bom, Jacintinho e Benedito Bentes foram recordistas em assassinatos nos primeiros quatro meses do corrente ano. Segundo o levantamento do IML, uma média de sete assassinatos é registrada a cada mês nos bairros citados no levantamento. Mas fica com o Benedito Bentes o maior índice de violência. A polícia considera que são vários os fatores que contribuem para a crescente onda de homicídios. O Benedito Bentes é geograficamente uma imensa área cercada por canaviais, sítios, favelas e grotas, locais, segundo experientes policiais, próprios para a prática de crimes. Pobreza Sem formação cultural e sem oportunidade de emprego, muitos dos jovens ali residentes, sobretudo os de famílias desestruturadas, acabam se envolvendo em pequenos furtos e consumindo drogas. Segundo estudiosos do assunto, esta é a partida para a marginalidade. O radialista Walmar Buarque, coordenador do Projeto Catarse de Fomento à Cidadania, não tem dúvidas de que o maior número de jovens delinqüentes vem dos bairros pobres de Maceió. Os quatro conjuntos vivem um verdadeiro clima de guerra. Todo fim de semana a imprensa noticia jovens executados a tiros, facadas e golpes de cacete. Também mostra quadrilhas cobrando pedágios e uma grande onda de estupros. Não se pode negar que Benedito Bentes, Vergel do Lago, Clima Bom e Jacintinho vivem clima de guerra, com jovens se matando, revela Walmar Buarque, que trabalha com meninos de rua em Maceió. Nos últimos três meses de 2001, pelo menos 35 jovens, na faixa etária entre 15 e 20 anos, foram mortos a tiros e facadas. A maioria, segundo registros na delegacia de polícia do bairro, motivada por brigas de galera. Alguns tombaram por vingança. Há ainda os casos especiais, de pessoas sem nenhuma ligação com o crime, que morrem vítimas de latrocínio. O experiente policial civil José Barros, do 9º Distrito, relata que naquele bairro já se matou para roubar um par de tênis, ou cinco reais. O policial salienta que o delegado Agnaldo Ramos chega a instaurar até oito inquéritos por semana. São casos que vão de lesão corporal, tentativa de homicídio, homicídio, porte ilegal de arma, formação de quadrilha e porte de substância tóxica (droga) entre outros crimes. Paciência O delegado revela que nas rondas realizadas todas as noites tem tirado de circulação pessoas que poderiam criar problemas no bairro. Nosso trabalho começa a surtir efeito. Mas é preciso ter muita paciência. Assim é possível conseguir uma redução na onda de violência, salienta Agnaldo Ramos. O delegado Manuel Wanderley, do 3º Distrito, que abrange Prado, Levada, Trapiche da Barra e Vergel do Lago, disse não ter dúvidas de que a violência, sobretudo nas favelas do Conjunto Virgem dos Pobres tem relação direta com o tráfico de drogas. As margens da Lagoa Mundaú, no Vergel, estão tomadas por favelas. Quase todo fim de semana é registrada uma média de dois homicídios. O mês de abril até que não foi agitado. Mas não se pode acreditar em paz, afirma Manuel Wanderley. Segundo os arquivos do distrito, foram muitos os crimes registrados nos quatro meses do ano em curso. Ao final de cada inquérito, a conclusão era de que os assassinatos foram motivados por tráfico de drogas, brigas de galera, vingança e assaltos.