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Nº 5759
Polícia

Presos PMs suspeitos de roubar cargas

| EDNELSON FEITOSA Repórter A prisão de três oficiais e um soldado da Polícia Militar, suspeitos de formarem uma nova gangue fardada - com envolvimento em roubo de carga e veículos; assaltos e crimes de pistolagem, na capital e interior de Alagoas - jo

Por | Edição do dia 15/12/2005 - Matéria atualizada em 15/12/2005 às 00h00

| EDNELSON FEITOSA Repórter A prisão de três oficiais e um soldado da Polícia Militar, suspeitos de formarem uma nova gangue fardada - com envolvimento em roubo de carga e veículos; assaltos e crimes de pistolagem, na capital e interior de Alagoas - joga luz sobre recentes assassinatos e ameaças de morte a delegados que investigam o caso. Os primeiros resultados da investigação sobre a quadrilha - que pode estar envolvida também na morte do fazendeiro Fernando Fidélis e do pistoleiro Cícero Belém - vieram à tona com o inquérito policial aberto do assassinato do ex-detento Alexsandro Porfírio Araújo, 27, ocorrido na última quinta-feira, em pleno centro da cidade do Pilar. “Sandro”, como era conhecido, foi morto dentro de sua casa, na presença da esposa, Josefa dos Santos, e de um filho menor, por dois homens que se identificaram como policiais. Ele recebeu quatro tiros e morreu na hora. Os criminosos fugiram numa motocicleta. O caso está sendo apurado pela delegada Paula Frachinneti, que já foi ameaçada de morte pela quadrilha. A Gazeta apurou que a prisão do capitão PM Fortes e dos tenentes PM Raimundo Lessa e Rocha Júnior, este último filho do coronel PM Nilton Rocha, ex-comandante da Polícia Militar, foi uma decisão administrativa sugerida pela corregedoria da corporação. Também está no presídio militar do Trapiche da Barra o soldado PM Aldo Tenório. Morte de sandro O que a polícia apurou até o momento é que “Sandro” morreu por haver delatado os possíveis integrantes do bando. Alexsandro Porfírio teria colaborado com as investigações da polícia, logo após ser recapturado e acusado do roubo de um veículo Fiat Uno às margens da Lagoa Manguaba, no Pilar, ocorrido em agosto passado. O crime mais bárbaro que teria sido praticado pelo grupo ocorreu no último mês de junho, segundo o detento, quando eles mataram três sergipanos para roubar a carga de um caminhão carregado de batata-doce. Policiais engajados nas investigações da quadrilha garantiram que Sandro não foi o único a apontar os oficiais e outros militares como comprometidos em crimes. Ele teria tão somente confirmado informações prestadas por outros dois acusados de roubo de cargas, presos pela equipe da delegada Paula Frachinneti. José Ronaldo Cândido da Silva e Fabiano Tenório, que se encontram presos no Cirydião Durval, foram capturados em Teotônio Vilela, na mesma época, revelaram detalhes das ações comandadas pelo ladrão de cargas, conhecido como Júnior Tenório. Ele seria uma espécie de executor das operações planejadas pelos militares. Pelo que a delegada apurou, agregados ao braço militar da quadrilha estariam o fazendeiro Aristeu Fidélis, seu filho, Cicinho Fidélis e duas pessoas que foram assassinadas este ano, em ações que a polícia ainda não conseguiu esclarecer e que também foram citadas no inquérito: Fernando Fidélis, morto no presídio Baldomero Cavalcanti, e Cícero Belém, executado a tiros na Durval de Góes Monteiro, no bairro do Tabuleiro do Martins. Outro integrante do bando está desaparecido. “Chapolim” era motorista de caminhão e tinha ido cobrar uma dívida a Cícero Belém, em São Miguel dos Campos, no mês de outubro, quando foi seqüestrado e seu corpo jamais encontrado. ### Quadrilha recebia arma e carro de PMs GILVAN FERREIRA Repórter O suposto envolvimento dos oficiais e policiais militares com roubos e assaltos está sendo investigado pelo tenente-coronel Eneildo Batista, da Corregedoria da Polícia Militar. Ele comanda uma sindicância aberta por ordem do comandante da Polícia Militar, coronel Edmilson Cavalcante, instalada depois que a Gazeta publicou reportagem revelando investigação da Polícia Federal, que chegou a interceptar um plano da quadrilha para assassinar a delegada do Pilar, Paula Frachinetti, e o chefe da delegacia da 13ª Superintendência Regional da Polícia Rodoviária Federal, inspetor José Edson dos Santos, e as ações do grupo criminoso que seria comandado pelo assaltante Júnior Tenório, ex-segurança do deputado estadual Francisco Tenório. Forte proteção O assassinato do presidiário Alexsandro Porfírio Aráujo, o “Sandro”, que participava das ações da quadrilha, que também vem sendo investigada por assaltos a agências dos Correios, pode desencadear uma “guerra” interna dentro do grupo que, segundo policiais que participam das investigações, ainda não foi desarticulado pela suposta “proteção” recebida por Júnior Tenório de autoridades da área de polícia e de políticos que receberiam beneficios da quadrilha. Na última tentativa de prender Júnior Tenório, no último dia 5, ele conseguiu fugir de uma das suas residências no Benedito Bentes, depois de ter sido avisado antecipadamente. Júnior Tenório tem vários mandados de prisão emitidos pela Justiça. o caminhoneiro identificado como “Chapolim”, que está desaparecido, também pode ter sido vítima da própria quadrilha. O relatório encaminhado à Policia Federal, que promoveu o início das investigações, mostra a função de alguns dos líderes da quadrilha. Os policiais militares seriam responsáveis pelo repasse das armas, dos veículos e da “passagem livre“ aos integrantes da quadrilha em blitzen e barreiras policiais. Eles também seriam responsavéis pela segurança e planejamento de algumas ações da quadrilha, que age preferencialmente nos trechos mais perigosos das rodovias alagoanas, entre os municípios de Pilar, Atalaia e Maribondo. Na relação da Polícia Federal, além dos PMs capitão Fortes, ex-comandante do Batalhão da PM de Pilar; dos tenentes Júnior Rocha e Raimundo Lessa; do soldado Aldo Tenório e de integrantes da família Fidélis, o bando teria ainda a participação do ex-vereador por São Miguel dos Campos Oceano Moura, que teria fugido para o Estado de São Paulo; do assaltante Biano; do soldado Fred e de um oficial do Corpo de Bombeiros. Os integrantes da nova “gangue fardada” vêm sendo investigados por uma força-tarefa, presidida por delegados da Polícia Federal, agentes da Polícia Rodoviária Federal e pelos delegados Paula Frachinneti e Manoel Wanderley, da Polícia Civil.

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