app-icon

Baixe o nosso app Gazeta de Alagoas de graça!

Baixar
Nº 5759
Polícia

Justi�a d� liberdade a Adalberon Moraes

| GILVAN FERREIRA Repórter O desembargador Orlando Manso concedeu habeas-corpus ao ex-prefeito de Satuba, Adalberon de Moraes Barros, acusado de envolvimento no assassinato da feirante Gizele Suplime dos Santos; do assessor parlamentar Jeams Alves dos S

Por | Edição do dia 16/12/2005 - Matéria atualizada em 16/12/2005 às 00h00

| GILVAN FERREIRA Repórter O desembargador Orlando Manso concedeu habeas-corpus ao ex-prefeito de Satuba, Adalberon de Moraes Barros, acusado de envolvimento no assassinato da feirante Gizele Suplime dos Santos; do assessor parlamentar Jeams Alves dos Santos; do professor Paulo Bandeira, e do amante da sua ex-esposa, Fátima Pedroza, Carlos André Fernandes Santos. Os crimes aconteceram, respectivamente, em julho de 1997, dezembro de 2002, junho de 2003 e o último em outubro deste ano. O ex-prefeito estava preso há dois anos e seis meses - acusado de envolvimento no assassinato do assessor parlamentar Jeams Alves e do professor Paulo Bandeira, assassinado em junho de 2003, depois de fazer denúncias contra Adalberon de Moraes, que estaria desviando recursos do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (Fundef). Anistia internacional O assassinato do professor Paulo Bandeira ganhou repercussão internacional. Ele foi seqüestrado e queimado vivo. Apesar de ter sido pronunciado pelo crime, Adalberon de Moraes ainda não foi julgado, o que deve acontecer somente no primeiro semestre do próximo ano. No pedido de habeas-corpus, os advogados de Adalberon de Moraes Barros alegaram excesso de prazo da prisão, falta de fundamentação no decreto da prisão preventiva e falta de fundamentação na manutenção da prisão de Adalberon de Moraes. Em Satuba, ontem, houve comemorações dos aliados de Adalberon, com o pipocar de fogos, em contrapartida ao clima de temor vivido pelas famílias das vítimas. Despacho No seu despacho, o desembargador Orlando Manso concorda com a argumentação dos advogados, mas faz algumas ressalvas e concede a liberdade ao ex-prefeito Aldaberon de Moraes. “A argumentação de que o decreto de prisão preventiva é desfundamentado não prospera, visto que não é mais oportunidade para se fazer essa alegação, por causa do paciente se encontrar, atualmente, preso por Sentença de Pronúncia. Por outro lado, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) já se pronunciou sobre isso, mantendo, inclusive, a prisão do paciente naquela oportunidade”. O desembargador prossegue em sua argumentação: “O magistrado não tem a faculdade de mandar prender apenas porque quer. Ele pode, obviamente, decretar a prisão não só do primário, como do reincidente, de bons ou de maus antecedentes; mas, para tanto, é preciso que demonstre a necessidade dessa prisão. Infelizmente, não ocorreu no caso em apreço, pois o juiz não demonstrou de forma sólida e clara, nem tampouco fundamentou o motivo pelo qual manteve o réu privado de sua liberdade, ao proferir a Sentença de Pronúncia”. O promotor-substituto do município de Satuba, Cyro Blatter, deve decidir se vai recorrer ou não da decisão do desembargador Orlando Manso, que beneficiou o ex-prefeito. Se recorrer, o recurso vai ser julgado pelo pleno do Tribunal de Justiça, ainda sem data marcada. ### Robson Lima O município de Satuba viveu ontem clima de expectativa | FORA DA CADEIA | Aliados festejam; parentes das vítimas vivem temor SATUBA SE DIVIDIU COM LIBERDADE DE EX-PREFEITO: FOGOS E ROJÕES SE CONTRAPÕEM AO MEDO |GILVAN FERREIRA Repórter A notícia da liberdade de Adalberon de Moraes dividiu ontem a cidade de Satuba. A Gazeta constatou que, enquanto correligionários do ex-prefeito soltavam fogos e rojões, o temor voltou a rondar as famílias do assessor parlamentar Jeams Alves; do professor Paulo Bandeira e do motorista Carlos André Fernandes dos Santos, supostas vítimas de Adalberon de Moraes. Logo depois da notícia de que Adalberon estava deixando o presídio Cirydião Durval, o seu grupo político promoveu uma comemoração no centro da cidade, inclusive com a queima de fogos de artifício. Adalberon já teria antecipado aos seus aliados que vai disputar a eleição para prefeito em 2008, inclusive já estaria negociando o seu apoio político a um candidato a deputado estadual com base no sertão de Alagoas. Ontem, Adalberon de Moraes não esteve em Satuba. Segundo pessoas ligadas a sua família, ele tinha decidido ficar em sua residência em Maceió, no bairro de Murilopólis, onde receberia a visita de amigos e correligionários políticos. A Gazeta recebeu a informação de que Moraes iria promover festas de Natal e ano-novo em Satuba, já que a atual prefeita, “Cícera do Bar”, decidiu suspender a realização desses festejos este ano no município. Adalberon de Moraes também teria anunciado a distribuição de cestas básicas para os seus eleitores. Medo O clima ontem em Satuba era de aparente tranqüilidade, mas os parentes das supostas vítimas de Adalberon de Moraes deixam transparecer o medo. Na residência da família do motorista Carlos André Fernandes, assassinado em outubro deste ano, o clima era de indignação. “Não temos o que fazer. Se a Justiça solta um homem que cometeu tantas barbaridades, o que podemos esperar? Para nossa família basta esperar pela justiça de Deus, já que a dos homens não é justa. Se ele foi capaz de mandar matar meu irmão dentro da cadeia, não faz muita diferença ele solto ou preso. Vamos continuar levando nossa vida normalmente, não vamos deixar Satuba, e como já disse, vamos aguardar a justiça de Deus”, disse uma das irmãs de Carlos André, que por receio de sofrer represálias pediu para não ser fotografada nem identificada. A família do assessor parlamentar Jeams Alves, assassinado em dezembro de 2003, também demonstrou receio de represálias por parte de Adalberon de Moraes. O secretário de Administração de Satuba e assessor do deputado Antônio Albuquerque, o ex-prefeito de Campo Alegre Cyro Vera Cruz, apontado como inimigo pessoal de Moraes, pediu segurança da Polícia Militar. Ontem, uma viatura da PM foi deslocada para a porta da Prefeitura de Satuba. Vera Cruz teria antecipado o seu temor de ser assassinado por Adalberon de Moraes, que o acusa de ter provocado o rompimento da atual prefeita de Satuba, Cícera do Bar, com o grupo político do ex-prefeito, que também teria “confessado” a integrantes da sua família o receio de ser morto pelo grupo de Vera Cruz. ### Colegas de professor morto protestam contra a soltura REGINA CARVALHO Repórter A soltura do ex-prefeito de Satuba Adalberon de Moraes pegou de surpresa os manifestantes que participaram ontem do ato público contra a violência, em frente ao Tribunal de Justiça. “Essa manifestação estava programada há vários dias e não sabíamos que ele (Adalberon) tinha sido solto. Para nós essa notícia é extremamente negativa. Ele é um elemento perigoso para a sociedade”, analisou a presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sinteal), Girlene Lázaro. Presente de natal A notícia da soltura do ex-prefeito foi recebida com tristeza, principalmente pelos professores que participaram do ato público. “Ele (Adalberon) foi contemplado com um grande presente em pleno período natalino”, completou a presidente do Sinteal. Adalberon de Moraes responde por vários crimes, um deles pela morte do professor Paulo Bandeira, ocorrida em 2004. Denúncias O professor foi queimado vivo dentro do veículo porque, segundo levantamento realizado pela polícia na época, teria denunciado desvios de recursos para a educação no município. Durante Fórum Social Mundial, realizado em janeiro, a morte do professor Paulo Bandeira foi discutida pelos participantes do evento. “Sabemos que ele (Adalberon) não foi sequer indiciado pela morte do professor”, reforçou Girlene Lázaro. bomba entre professores A liberdade do ex-prefeito caiu “como uma bomba” entre os professores. “A gente fica assustado com essa informação, que nos traz intranqüilidade e revolta. Temos que ter justiça nesse Estado. Esse crime teve repercussão internacional. O professor foi assassinado porque estava exercendo a sua cidadania”, discutiu a presidente do Sinteal. Lenilda Lima, vice-presidente da CUT, criticou a impunidade no crime do professor Paulo Bandeira. “A sociedade alagoana acordou com essa notícia triste que dava conta da liberdade do ex-prefeito”, lamentou. A cada discurso, manifestantes pediam justiça e a prisão de acusados. “A soltura dele só vem reforçar o objetivo da manifestação, que é de pedir justiça”, disse a vice-presidente da CUT.

Mais matérias
desta edição