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Nº 5759
Polícia

Lojistas imp�em vigil�ncia ostensiva

| REGINA CARVALHO Repórter Em pouco mais de um quilômetro da Avenida Cleto Campelo, principal via do bairro Jacintinho, ficam aproximadamente 400 pontos comerciais. A grande concentração de lojas, farmácias, joalherias e supermercados acaba atraindo mar

Por | Edição do dia 25/12/2005 - Matéria atualizada em 25/12/2005 às 00h00

| REGINA CARVALHO Repórter Em pouco mais de um quilômetro da Avenida Cleto Campelo, principal via do bairro Jacintinho, ficam aproximadamente 400 pontos comerciais. A grande concentração de lojas, farmácias, joalherias e supermercados acaba atraindo marginais. Para fugir da abordagem de assaltantes e do prejuízo, a maioria dos comerciantes resolveu contratar segurança particular. O problema que já era rotina para moradores de localidades próximas e dos pequenos pontos de comercialização, se agravou nas últimas semanas. Vânia Lúcia Feitosa, proprietária de uma joalheria, resolveu reforçar a segurança depois de um arrombamento no seu ponto há uma semana. “Isso aconteceu de madrugada. No outro dia quando cheguei vi o que eles fizeram. Já tinha um segurança aqui, agora resolvi colocar alarmes”, lamenta. Prejuízo O prejuízo foi de mais de R$ 15 mil em mercadorias. “Eles arrombaram a porta dos fundos e levaram tudo que podiam. Foi horrível”, acrescenta Vânia Lúcia. Ela lembra que casos de arrombamentos e assaltos têm se tornado rotina entre os comerciantes, cada vez mais numerosos nessa área da periferia. Os proprietários de uma loja de roupas também aderiram a seguranças particulares, depois dos constantes assaltos nos pontos vizinhos. “Pegamos pessoas fazendo pequenos furtos, como algumas mulheres que escondem peças de roupas dentro da saia. Por isso contratamos dois homens para fazer a segurança. Pelo menos serve para intimidar os marginais”, relata Luciane Ferreira, funcionária. “Reféns” Uma das farmácias da Cleto Campelo sofreu dois assaltos nos últimos meses, mesmo assim os donos não contrataram segurança. “A gente se protege como pode”, lamenta a funcionária Ana Cláudia Pereira da Silveira, que chegou a ser ameaçada de morte em uma das abordagens dos marginais, que levaram R$ 295. O último dos assaltos ocorreu por volta das 19 horas. “Ele (o assaltante) disse até que me conhecia”, relatou. Socorro Buarque Rocha, dona de uma bonbonniáre conta que quase todos os estabelecimentos da Cleto Campelo foram assaltados. “Nessas semanas que antecederam o Natal, por exemplo, foram muito assaltos. Quase não há policiamento por aqui. Vejo somente agentes de trânsito por aqui. Meu ponto foi assaltado há três meses. O prejuízo foi pouco porque não tem grande movimento”, destaca. Violência A dona de uma joalheria, Vânia Lúcia, disse que desde que instalou seu ponto há uma década nunca viu tantos casos de arrombamentos. “A violência está muito grande. Estou aqui há dez anos e sempre existiram assaltos, mas não arrombamentos. Agora, a situação está mais séria do que antes. Principalmente nas últimas semanas”, lembra. É grande o fluxo de veículos na Avenida Cleto Campelo, extensão da Avenida Coronel Paranhos, no Jacintinho. Isso ocorre porque o trecho dá acesso a vários bairros de Maceió, dentre eles o Tabuleiro do Martins, Centro e praias. Por causa disso, também, a localidade tem se destacado por atrair clientela do mesmo bairro e localidades vizinhas. Segurança Por causa do grande número de assaltos, os donos e funcionários dos pontos comerciais resolveram se precaver. Para as lojas mais populares como uma bonbonniáre que já foi assaltada, a forma de reforçar a segurança é se unir com vizinhos e pagar pelos serviços de segurança particular. “Estou disposta a me juntar com outros donos de pontos e pagar a um segurança. Ficamos de nos reunir para definir isso”, ressaltou Socorro Buarque Rocha. ### Morador faz compras no próprio bairro De acordo com os moradores do Jacintinho, a Avenida Cleto Campelo virou referência de opção para as compras de fim de ano. “Gosto de comprar aqui, porque não gasto dinheiro com passagem para ir ao Centro ou shopping. Além de ser mais barato e ter de tudo”, destaca Jane Eduarda, moradora do bairro. Já o comerciante José Neto revela um lado menos atrativo. Ele é morador do bairro e vive com a família nas proximidades da avenida. “Quando é tarde o melhor é ficar em casa, por causa dos assaltos”, lamentou o comerciante. O segurança particular Carlos Lima, que trabalha para uma empresa e atua em pelo menos três locais diferentes além da joalheria, informa que esse tipo de serviço está sendo requisitado por grande parte dos 400 estabelecimentos. “Sou segurança há dez anos e sempre tenho visto surgirem problemas nessa região. Os assaltos têm acontecido com freqüência cada vez maior por aqui”, destaca. |RC ### Local tem o maior comércio entre os bairros de Maceió Para Cícero Berto, presidente da Federação das Micro e Pequenas Empresas, o Jacintinho virou um centro de compras que oferece variedade aos clientes, e o movimento tem crescido consideravelmente. A situação já é realidade há mais de duas décadas, desde que os primeros pontos foram implantados. “Ao longo dos anos, tem crescido muito a quantidade de pontos comerciais no Jacintinho”, completou Berto. O comércio no local se destaca principalmente pela variedade dos produtos, onde estão lojas populares e mais sofisticadas, encontradas também em bairros nobres da capital. “Não são apenas produtos populares. Existem lojas consideradas mais finas”, reforça Berto. Aglomerado O presidente da federação das micro e pequenas empresas lembra que o aglomerado de estabelecimentos do Jacintinho é o maior e o mais forte da capital, em relação ao comércio oferecido em bairros. “Sem dúvida o do Jacintinho é o mais forte e maior de Maceió. Depois dele vem o do Tabuleiro, que também está crescendo muito”, lembra Cícero Berto. Na avenida, vendedores ambulantes ocupam quase que toda a margem. Espremidos, pedestres têm de desviar dos obstáculos impostos pela própria desorganização do lugar. A “confusão” virou característica do local, frequentado, quase que em sua maioria, por pessoas de baixa renda, quase sempre os moradores do local. Lucro Nesse trecho de pouco mais de um quilômetro, são pelo menos três supermercados, inúmeras farmácias, posto de combustível, lojas de roupas, avícolas, açougues, vendedores ambulantes e até mesmo o tradicional mercado público do Jacintinho. Um conjunto de opções que acaba atraindo clientes e também micro e pequenos empresários que resolveram instalar seus estabelecimentos na periferia como forma alternativa de incrementar seus lucros. A maioria dos estabelecimentos comerciais estão há muitos anos no local. Os proprietários não reclamam das vendas, que cresceram consideravelmente nas últimas semanas. Por conta disso, resolveram também reforçar a segurança. Polícia Antônio Brito, do Comando de Policiamento da Capital (CPC) informou que a Polícia Militar está disponibilizando uma viatura para fazer rondas diárias no trecho do Jacintinho. Ele reconhece que a área é problemática, principalmente nesse período do ano - porque vira alvo de marginais -, e por isso determinou reforço do policiamento. “Esta semana, conseguimos efetuar mais de 10 prisões”, relatou coronel Brito. Segundo levantamento realizado pelo CPC, entre o fim do mês de novembro até a última sexta-feira, 23, o Jacintinho ocupa a 4ª colocação em número de ocorrências na capital. O primeiro lugar é ocupado pelo complexo Benedito Bentes; o segundo envolve os bairros do Trapiche, Vergel e localidades próximas e na 3ª colocação, o Centro. O coronel Brito reconhece a crescente contratação do serviço de segurança particular por comerciantes e destaca que muitos desses contratos são feitos por PMs que estão de folga. “Há até a preferência de algumas pessoas por policiais para fazerem esse serviço. Ter segurança nunca é pouco. Para quem tem condições de pagar é bom”, lembra o coronel Brito. RC

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