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Nº 5898
Polícia

Pol�cia admite inoper�ncia em fugas

| BLEINE OLIVEIRA Repórter A Polícia Civil enfrentou, nos últimos três dias, uma sucessão de fugas em delegacias da capital e do interior. Entre os fugitivos, um dos acusados pelo assassinato do estudante Guilherme Magalhães Cabral, 23, crime ocorrido

Por | Edição do dia 31/12/2005 - Matéria atualizada em 31/12/2005 às 00h00

| BLEINE OLIVEIRA Repórter A Polícia Civil enfrentou, nos últimos três dias, uma sucessão de fugas em delegacias da capital e do interior. Entre os fugitivos, um dos acusados pelo assassinato do estudante Guilherme Magalhães Cabral, 23, crime ocorrido no início de novembro passado. Com prisão preventiva decretada, João Tenório Gomes fugiu no início da noite da última quarta-feira, 28, serrando as grades de uma das celas do 7º Distrito Policial, em Maceió. As outras fugas ocorreram nas delegacias dos municípios de Satuba e Ibateguara. O diretor-adjunto da Polícia Civil, delegado Roberto Lisboa, disse que, além de não ter estrutura para isso, manter pessoas detidas não é uma atribuição do órgão. “Nosso papel é investigar. Manter presos é com os responsáveis pelo sistema prisional”, argumentou Lisboa. Inoperância Para ele, o Estado enfrenta uma crise tanto no sistema prisional quanto nas delegacias, onde as condições de trabalho são difíceis. “O sistema está inoperante”, afirmou o diretor-adjunto, lamentando que os recursos orçamentários destinados ao custeio da Polícia Civil nunca são liberados nos valores previstos. Segundo ele, apenas metade dos R$ 750 mil destinados ao custeio mensal (combustível, alimentação, reforma e manutenção de delegacias) é repassada à Secretaria de Defesa Social (SDS). “Deste modo, nosso trabalho se torna difícil”, declara o delegado Roberto Lisboa, revelando, para que se tenha noção da escassez de recursos, que no vizinho Estado de Sergipe, o custeio liberado é de R$ 1,2 milhão mensal. Mesmo diante das dificuldades, ele diz que não admite a fuga de presos. Para o diretor-adjunto é inadmissível “que um preso fuja às quatro e meia da tarde”. Em sua avaliação, três hipóteses explicam a fuga no 7º DP. “Ou os policiais dormiram, se ausentaram ou propositadamente permitiram a fuga”. Investigação “Se tinha um plano de fuga, ele não está perto”, disse o delegado Roberto Lisboa, referindo-se a João Tenório Gomes, acusado pela morte do estudante Guilherme Cabral. Mas deixou claro que o delegado Waldor Coimbra Lou, responsável pelo 7º DP, está agindo para recapturá-lo. João Gomes é proprietário do lava-jato onde Guilherme costumava lavar o veículo Ford Fiesta, de sua família, no qual foi seqüestrado e assassinado. O que de fato ocorreu, ressalta ele, será esclarecido com o inquérito aberto pela Corregedoria da Polícia Civil, que já começou a investigar a fuga naquela distrital. Embora admita que isso exige “muito dinheiro”, Lisboa defende a execução de projetos de reforma das delegacias, “que são pequenas e inadequadas para a realidade de hoje”. É preciso ainda, acrescenta ele, garantir a alimentação dos presos. Hoje, a família é responsável por trazer diariamente a comida, o que, na avaliação de Lisboa, facilita a entrada de objetos que podem ser usados em fugas. ### Em Ibateguara, 3 usam arame para escapar IVAN NUNES Repórter Ibateguara - A carceragem da Polícia Militar de Ibateguara registrou, na madrugada quinta-feira, 29, a segunda fuga de presos este ano. Com um pedaço de arame, três detentos fizeram uma abertura na estreita parede de alvenaria da única cela em atividade da carceragem, abriram uma janela lateral e fugiram por dentro de um milharal plantado por alguns policiais da cidade. Os detentos não tiveram nenhuma dificuldade em escapar devido à fragilidade da carceragem, que funciona numa casa alugada pela prefeitura há mais de 20 anos. Dos três fugitivos, apenas um era preso de Justiça: José Luciano dos Santos, 17, envolvido num assalto à mão-armada com outros dois comparsas, que fugiram da carceragem, em maio deste ano, pela porta da frente da mesma delegacia. Os outros dois fugitivos estavam presos sob acusação de arruaça e bebedeira. A carceragem da Polícia Militar de Ibateguara está localizada no oitão da Igreja São Sebastião, enquanto a delegacia funciona no centro da cidade, numa distância aproximadamente de quase quatro quilômetros, de um setor para o outro. A carceragem não tem segurança no período da noite. O aposentado Francisco Caetano, 74, que atua como carcereiro durante o dia, recolhe-se para sua residência todo começo de noite. Segundo o escrivão de Justiça, Genivaldo Lopes, a delegacia de Ibateguara não possui estrutura. O delegado Antônio Rosalvo Cardoso, há dois meses respondendo pela Delegacia Municipal de Ibateguara, informou que vai abrir inquérito para investigar a fuga. ### Em Satuba, fuga foi pelo banheiro A Delegacia de Satuba também protagonizou uma fuga. Na madrugada de ontem, o eletricista Lenilson Alves dos Santos, 42, preso por porte ilegal de arma e suspeito de praticar assaltos no município, abriu um buraco no banheiro da cela e fugiu. Outros dois presos que estavam no local se recusaram a acompanhar o fugitivo. O delegado Claudemiltkson Benemarcan comunicou a fuga, por ofício, ao diretor-geral da Polícia Civil, Robervaldo Davino. Lenilson era reincidente. Ele tinha sido preso duas vezes no último mês de abril, também por porte ilegal de arma, mas as prisões foram relaxadas pela Justiça. No início do mês, ele foi localizado por policiais, armado de revólver, e autuado em flagrante pelo delegado do município. Ele deveria ser transferido para o presídio Cirydião Durval, no início de janeiro. Segundo os policiais da Delegacia de Satuba, existem muitos problemas na estrutura do prédio onde funciona a distrital, principalmente infiltrações. Por isto, ele conseguiu cavar o reboco e chutar os tijolos, tendo acesso à parte externa. A delegacia funciona numa casa alugada. Segundo o delegado, os presos Josias Manoel de Melo e Claudionor Silva dos Santos, que também estão presos por porte ilegal, preferiram ficar na cela. Foram eles que chamaram a atenção dos policiais quando perceberam que o companheiro estava deixando a cela. |EF ### Preso morre e 35 fogem do Baldomero GILVAN FERREIRA EDNELSON FEITOSA Repórteres Trinta e cinco presidiários fugiram e um foi morto durante uma fuga, ontem à noite, do presídio Baldomero Cavalcanti. O presidiário Fábio José de Oliveira, 26, o “Tatuagem”, que cumpria pena por furto qualificado, assaltos e formação de quadrilha, teria sido atingido durante uma troca de tiros entre os fugitivos e os agentes penitenciários e policiais miliatres que faziam segurança da área extena do presídio Baldomero Cavalcanti. Outros 22 detentos não conseguiram fugir por terem sido descobertos por agentes penitenciários e tiveram que voltar para as celas. Os presidiários fugiram por um túnel de cerca de 25 metros, que foi cavado em um dos banheiros de uma das celas do módulo IV. Policiais militares do Bope, do 5º Batalhão, do Grupo de Apoio Prisional e agentes penitenciários foram mobilizados para tentar recapturar os fugitivos, que escaparam em direção ao conjunto Gama Lins. Investigação Segundo o secretário de Ressocialização, tenente-coronel Aurélio Rozendo, oito presidiários foram recapturados pelos agentes penitenciários e policiais militares da guarda externa do presídio Baldomero Cavalcanti. O secretário Aurélio Rozendo disse que ia abrir uma sindicância para apurar os responsáveis pela fuga. Ele disse ainda que os agentes penitenciários não tinham percebido nenhuma movimentação estranha até o momento da fuga. Facilitação “Nós vamos abrir uma sindicância para apurar a fuga, se houve alguma facilitação ou envolvimento de funcionários com essa fuga, mas vamos continuar com uma operação para tentar recapturar os outros fugitivos”, disse. “Nós conversarmos com os presos recapturados, a maioria jovens até 30 anos de idade, e eles disseram que tentaram fugir porque suas penas ainda estavam longe de serem concluídas”, completou o coronel Entre os foragidos estão Fábio Medeiros de Lima, 22, José Cícero Pedroza Pinto, 41, Roberto de Oliveira da Silva, Marcos Antônio da Silva, José Edson Floro dos Santos, 26, Adriano de Oliveira Damasceno, 32, José Ronaldo da Silva, 28, Átila Jackson dos Santos e Edivânio Antônio dos Santos. A maioria dos fugitivos está cumprindo pena por roubo, furto e homicídio. Clima tenso O clima de tensão nos presídios tinha voltado a ficar tenso durante a semana. Após quase dois meses de aparente calmaria, o clima de tensão voltou ao sistema penitenciário de Alagoas. Quatro presos foram esfaqueados nas últimas 48 horas. Uma das vítimas permanece internada na Unidade de Emergência e corre risco de morte. Os guardas revelaram que outros feridos de menor gravidade receberão atendimento em enfermarias. A direção da Secretaria de Ressocialização alegou ontem desconhecer o problema. Mortos e feridos Os três presídios masculinos de Maceió se rebelaram no início do mês de novembro. Dois presos foram assassinados e mais de uma dezena ficaram feridos. O problema começou com o assassinato do fazendeiro Fernando Fidélis, executado a tiros dentro do Baldomero Cavalcanti. O fato derrubou toda diretoria da Secretaria de Ressocialização, inclusive o secretário Walter Gama. O fato levou a decretação da prisão do ex-secretário Walter Gama e do diretor do presídio Baldomero, Jair Macário. Um oficial de linha dura da PM foi designado pelo governador Ronaldo Lessa. O coronel Aurélio Rozendo assumiu a Secretaria de Ressocialização e substituiu todos os diretores.

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