Polícia
Pistoleiros matam assessor de deputado

GILVAN FERREIRA Repórter O assessor do deputado estadual João Beltrão (PMN), Ulisses Cansanção Acioly Neto, 51, ?Vovô? foi assassinado ontem, por volta das 15h30, com cinco tiros, no estacionamento da loja de implementos agrícolas Pemagri, na Av. Durval de Góes Monteiro, no Tabuleiro do Martins. De acordo com as primeiras investigações de policiais do 5º Distrito da Capital, três homens, que estavam num Clio prata ou um Fiesta, placa MVS 3846, supostamente fria, dispararam, no minímo, nove tiros em direção ao assessor. Os peritos do Instituto de Criminalística (IC) revelaram que pelo menos cinco tiros, um na cabeça, outro na testa e três na barriga, atingiram Ulisses Acioly, que morreu no local. Outros quatro tiros se alojaram na parede da Pemagri. Ele foi morto quando deixava a loja e se dirigia a caminhonete F 350, de propriedade do deputado João Beltrão, que estava no estacionamento da loja. Ulisses Acioly administrava as fazendas do deputado João Beltrão nos estados do Maranhão e de Tocantins PLACAS DIFERENTES Um detalhe chamou atenção dos policiais civis: a placa do veículo MVA 4133 estava adulterada, na frente do veículo o registro da placa é do município de Rio Largo, mas atrás, apesar do mesmo número MVA 4133, o registro é de Maceió. Segundo as testemunhas, depois dos disparos os três homens fugiram em direção à Av. Durval de Góes Monteiro. A Gazeta apurou que Ulisses Acioly, que era irmão da juíza de Traipu, Eliane Acioly, administrava várias fazendas do deputado João Beltrão, que foi ao local do crime, mas evitou falar à imprensa. O assassinato de Ulisses Acioly será investigado pelo delegado do 5º distrito, Cícero Rocha, que ontem estava acompanhando depoimentos de testemunhas da morte do policial Robson Rui. Apesar de evitar entrar em detalhes, os policiais do 5º distrito afirmaram que o assassinato do assessor do deputado João Beltrão teria ?todas? as características de crime premeditado, praticado por pistoleiros. Os funcionários da loja e parentes de Ulisses Acioly serão ouvidos a partir de hoje pela manhã. O deputado João Beltrão, segundo os policiais do 5º Distrito, também deve ser convocado para depor. Os parentes de Ulisses Acioly estiveram no local do crime, mas evitaram falar com a imprensa e procuraram passar informações aos policiais do 5º distrito. Um dos parentes de Ulisses disse que ele tinha saído de sua residência com uma pasta preta, contendo R$ 5 mil. A pasta não foi achada, mas os policiais encontraram R$ 1.880 em um dos bolsos da calça de Ulisses e algumas notas de doláres na carteira. ### Ulisses: acusações e suspeitas Ulisses Cansanção Acioly Neto respondia processo no Estado de Tocantins. Ele era acusado de envolvimento no assassinato do fazendeiro Pedro Daniel Lins, o Pedrinho Arapiraca, executado com 15 tiros de pistola e escopeta, em julho de 2001, na cidade de Taguatinga (TO). Segundo a Polícia Civil de Tocantins, o fazendeiro Pedro Arapiraca teria sido assassinado a mando do deputado estadual João Beltrão. O fazendeiro teria entrado em conflito com o parlamentar por disputa de terras. Além Ulisses Acioly, que foi preso pela polícia de Tocantins, também foram presos e denunciados pela Justiça daquele Estado, outros dois assessores do parlamentar, Paulo Nei de Moraes, Wilton Luiz da Silva, e mais um de seus seguranças, o ex-PM Jaires da Silva Santos e o tenente Talvane Luiz da Silva. Segundo a polícia de Tocantins, o fazendeiro Pedrinho Arapiraca teria sido vítima de uma emboscada pelos cinco acusados. Eles teriam utilizado, segundo o inquérito policial, a caminhonete S10, de propriedade de Mirele Catarina Lima Siqueira, esposa do deputado João Beltrão, para fugir do local. O Tribunal de Justiça de Tocantins enviou o processo à procuradoria-geral de Justiça de Alagoas, que acatou a denúncia contra o parlamentar e devolveu o processo à Justiça de Tocantins. Segundo os policiais do 5º distrito, caberá ao delegado Cícero Rocha definir a linha de investigação, que também deve incluir a possibilidade do assassinato de Ulisses ter sido praticado por vingança ou até ?queima de arquivo?. A única hipótese descartada seria a versão de latrocínio (morte seguida de assalto).