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Nº 5759
Polícia

Mais de 500 presos passam fome em AL

| GILVAN FERREIRA Repórter O secretário de Defesa Social, Paschoal Savastano, reconheceu ontem que mais de 500 presos enfrentam carência de alimentação nas delegacias da capital e do interior. Savastano disse que, apesar da falta de recursos por parte

Por | Edição do dia 13/01/2006 - Matéria atualizada em 13/01/2006 às 00h00

| GILVAN FERREIRA Repórter O secretário de Defesa Social, Paschoal Savastano, reconheceu ontem que mais de 500 presos enfrentam carência de alimentação nas delegacias da capital e do interior. Savastano disse que, apesar da falta de recursos por parte da Defesa Social, vai cumprir a decisão do presidente do Tribunal de Justiça (TJ) de Alagoas, Estácio Gama, que determinou que o Estado garanta a alimentação diária de presos sob custódia do Estado. Savastano defende o reforço do orçamento da Polícia Civil. “Nós reconhecemos as dificuldades e estamos avaliando uma maneira de cumprir a decisão do presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, mas a solução seria aumentar o orçamento da Polícia Civil para 2006. Eu recebi um levantamento que mostra que temos mais de 500 presos em delegacias da capital e do interior. Essas pessoas enfrentam dificuldades para se alimentar. Não temos no orçamento verba para essa destinação, mas estamos buscando uma alternativa para resolver essa questão”, disse Savastano. PENÚRIA A Gazeta comprovou as dificuldades enfrentadas pelos delegados e policiais civis para alimentar os presos sob custódia. Na delegacia do 5º Distrito, no Tabuleiro do Martins, uma das mais movimentadas da capital, a situação dos presos vem preocupando o delegado Cícero Rocha. “Atualmente, estou com oito presos, dois deles foram encaminhados hoje [ontem] para o médico porque estavam doentes. Mas uma das minhas maiores preocupações é com uma mulher trazida para a delegacia por ter furtado três conjuntos para bebês. Ela está passando fome. Alimenta-se com os restos de comida de outros presos. Cheguei a doar 20 reais para ela comprar comida”. Maria Aparecida dos Santos confirmou a versão do delegado. Ela disse que foi presa no dia 17 de dezembro, depois de furtar três conjuntos infantis de uma loja na feirinha do Tabuleiro do Martins. Ela disse que só tem uma irmã, que mora em Maceió, no bairro de Bebedouro, mas que não teria condições de ajudar por ser “muito” pobre. “Eu sei que errei, roubei, mas devolvi os produtos à dona da lojinha. Minha situação é difícil e estou passando fome aqui. Só não morri ainda porque os presos me dão os restos de comida, quando sobra, e conto com a ajuda do delegado, que deu dinheiro para comprar quentinha. Não tenho ninguém que possa me ajudar, minha irmã é muito pobre e o resto dos meus parentes mora em Sergipe”, contou”. O delegado Cícero Rocha disse que já encaminhou o processo de Maria Aparecida para a Justiça e aguarda uma posição. Ele chegou a sugerir que ela fosse transferida para o presídio Santa Luzia.

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