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Nº 5899
Polícia

Marido de prefeita de Rio Largo � preso

EDNELSON FEITOSA Repórter O coordenador de Planejamento da Prefeitura Municipal de Rio Largo, Ricardo Schavuzzi, marido da prefeita do município, Vânia Paiva (PMDB), foi preso ontem em sua casa de praia, em Tabuba, na Barra de Santo Antô

Por | Edição do dia 01/02/2006 - Matéria atualizada em 01/02/2006 às 00h00

EDNELSON FEITOSA Repórter O coordenador de Planejamento da Prefeitura Municipal de Rio Largo, Ricardo Schavuzzi, marido da prefeita do município, Vânia Paiva (PMDB), foi preso ontem em sua casa de praia, em Tabuba, na Barra de Santo Antônio. Ele é acusado de envolvimento nas ações do bando comandado pelo vereador Alexandre Cardoso da Silva, o “Júnior Pagão”, que está sendo indiciado em crime de pistolagem, seqüestro, assalto e formação de quadrilha. “Júnior Pagão”, que se encontra foragido, pois tem prisão preventiva decretada pela Justiça, está sendo caçado por policiais da delegacia de Rio Largo e do Tigre, o grupo de operações especiais da Polícia Civil. O tio do vereador do PV, Carlos Jorge Cardoso da Silva, o “Jorge Pagão”, teve sua prisão decretada e já está na cadeia. Todos os presos - inclusive Schavuzzi, fizeram exames de corpo de delito no Instituto Médico Legal e foram transferidos ontem para o presídio Cyridião Durval. Na madrugada de ontem, a Polícia Civil desencadeou uma megaoperação para cumprir os 17 mandados de prisão e dois de busca e apreensão, um deles na residência da prefeita Vânia Paiva, localizada no centro de Rio Largo. A operação foi comandada pelo diretor-geral da instituição, Robervaldo Davino, e contou com a participação de 120 policiais, sob a orientação de 22 delegados. Foram usadas 31 viaturas das polícias Civil, Militar e Corpo de Bombeiros (Unidade de Resgate). Os mandados foram assinados por seis juízes que compõem o Núcleo de Combate ao Crime Organizado. Eles participam da força-tarefa que entrou em operação no último mês de janeiro e conta com a participação do Ministério Público Estadual. A operação foi desencadeada às quatro horas da manhã, quando equipes das polícias Civil e Militar deixaram a Secretaria de Defesa Social para cumprir os mandados. “Estamos com policiais e delegados de todo o Estado”, revelou o delegado Davino, destacando que nem ele sabia quem seria preso. Treze pessoas que são acusadas de ligação com a quadrilha de “Júnior Pagão” foram presas. Duas já estavam na Delegacia de Rio Largo, inclusive Fernando Cleber Hortêncio da Costa, o “Carioca”, que confessou seqüestros e denunciou o vereador como líder do bando. Quando desceu da viatura da Oplit, na porta da delegacia, o coordenador de planejamento da Prefeitura de Rio Largo, Ricardo Schavuzzi, afirmou desconhecer o motivo de sua prisão. “Eles (referindo-se aos policiais) chegaram lá em casa e disseram que tinham um mandado. Estou aqui para saber do que se trata”, declarou Ricardo. Seu advogado, Adriano Soares, confirmou a existência de um mandado contra seu cliente e ressaltou que vai adotar as medidas jurídicas possíveis para obter sua liberdade. Soares admitiu que Ricardo tem um relacionamento político com “Júnior Pagão” e que não poderia ser diferente, pois se trata de um vereador, mas nada além disto. Destacou que a prisão do cliente foi uma surpresa e disse desconhecer se os indícios obtidos até o momento são consistentes. ### Líder da quadrilha continuava foragido Assim que concluiu as buscas na casa da prefeita Vânia Paiva, o delegado Barenco informou à imprensa que a megaoperação é uma resposta à criminalidade. “Fizemos treze prisões. Faltam quatro pessoas, que não estavam na cidade”, declarou ele. Os presos são acusados, segundo Barenco, de fazer parte de um grupo de extermínio comprometido com seqüestros e assaltos. As prisões são resultado de uma investigação que durou dois meses. Ele explicou que as diligências estão em andamento e que assim que forem concluídas a imprensa será informada de todos os detalhes. No entanto, garantiu existir uma ligação política ou econômica das pessoas que tiveram suas prisões decretadas. OUTRO POLÍTICOS O delegado Barenco assegurou que até o momento a polícia não tem nome de nenhum outro político comprometido com as ações do bando. No entanto, advertiu que se surgirem nomes de deputados, conforme se tem comentado, eles serão apontados à Justiça. “Numa investigação como esta existem sempre mentores e braços intermediários”, continuou ele, sem revelar se “Júnior Pagão” é mentor ou um dos intermediários da quadrilha de seqüestradores. DIRETO PARA O CIRYDIÃO No final da manhã de ontem, o delegado de Rio Largo revelou que já estão presos o marido da prefeita, Ricardo Schvuzzi; um tio de “Júnior Pagão”, Carlos Jorge Cardoso da Silva, além de Ernesto Cassiano dos Santos Filho, Erivaldo da Silva, Edson Amador da Silva Júnior, Washington Luiz da Silva Feitosa, Luís Pedro da Silva, Fernando Cleber Hortêncio da Costa, José Ricardo Simeão Lins, Valdemir de Araújo Silva, Marinaldo dos Santos Silva, Alexandro Berto de Pontes, José Benedito Sebastião, Cláudio dos Santos e Givaldo da Conceição. “Após serem submetidos a exame de corpo de delito no IML, eles vão para o presídio Cirydião Durval”, frisou o delegado, acrescentando que o grupo é de 15 acusados, porque dois já estavam presos na distrital. Eles estão com prisão temporária (30 dias) decretada pela Justiça. O comerciante Carlos Jorge Cardoso da Silva, tio do vereador Júnior Pagão, negou seu envolvimento em crimes e defendeu o sobrinho. “Estou sendo humilhado; estou aqui algemado como vocês estão vendo. A família Pagão não tem bandidos. Meu pai é um homem de bem e eu não entendo por que estamos passando por essa humilhação”, desabafou. CÚMPLICE DE PAGÃO Na manhã de ontem, o diretor- geral da Polícia Civil, Robervaldo Davino, informou que Carlos Alberto Monteiro, um dos acusados do seqüestro do bancário Hélio Alves de Oliveira, resgatado pela polícia do cativeiro, na tarde de segunda-feira, também confessou o seqüestro de um adolescente. Ele teria revelado ser cúmplice do vereador Júnior Pagão, pois fazia parte de uma célula da quadrilha. Além dos dois seqüestros, Carlos Alberto confessou dois assaltos a ônibus, num dos quais o motorista acabou assassinado, e um assalto a caminhão. Os cinco crimes teriam sido cometidos em janeiro. Num segundo interrogatório, que foi comandado pela delegada de Messias, Lucy Mônica, Carlos teria revelado pormenores das ações do bando do vereador do PV de Rio Largo, inclusive um assassinato. Ele voltou a afirmar que era do bando de Júnior Pagão e que havia ex-militares comprometidos com o político. Quanto aos fugitivos, entre eles o vereador por Rio Largo Júnior Pagão, o delegado informou que eles somente não foram capturados porque não se encontravam no município no momento da operação realizada pela polícia. |EF ### Quadrilha teria ateado fogo à secretaria GILVAN FERREIRA Repórter A prisão de 13 acusados de envolvimento em uma série de crimes em Rio Largo e em outros municípios da Grande Maceió, ainda não encerra as investigações sobre as ações de uma das maiores quadrilhas em atuação no Estado. De acordo com testemunhas ouvidas pelo delegado Marcílio Barenco, a quadrilha foi responsável pelo incêndio na Secretaria de Finanças de Rio Largo, em outubro de 2004, e vários outros crimes. A quadrilha também planejava o assassinato de um vereador de Rio Largo, que entrou em conflito com o vereador Júnior Pagão, considerado “cabeça” do bando. Segundo o delegado de Rio Largo, Marcílio Barenco, a quadrilha é formada por mais de 20 integrantes, que atuam há mais de três anos em Rio Largo. O delegado Barenco levou cerca de dois meses para chegar à “superquadrilha” de seqüestradores. Ele foi ajudado pelo depoimento de duas testemunhas, o preso Claúdio dos Santos, o Cow, integrante do bando, e uma segunda testemunha identificada como Genauro, nome fictício de um dos mais ativos integrantes da quadrilha. Sabotagem Durante sete horas de depoimento ao delegado Barenco, que foi acompanhado pelo Ministério Público de Rio Largo, Genauro revelou a maioria dos crimes cometidos pela quadrilha. A testemunha alegou que, além de seqüestros, o bando atuava como grupo de extermínio e praticava assaltos, seqüestros, crimes de pistolagem, tráfico de drogas, roubo, furto de veículos e até sabotagem. De acordo com Barenco, Genauro revelou que o grupo foi responsável pelo incêndio na Secretaria de Finanças de Rio Largo, em outubro de 2004. A quadrilha também planejava o assassinato de um vereador de Rio Largo, que entrou em conflito com o vereador Júnior Pagão. Genauro foi levado para local seguro, sob forte proteção policial. Na relação dos casos de seqüestros da “superquadrilha“ estariam o empresário Antônio Antunes Filho, herdeiro do Grupo Café Afa; Gláucia Maria de Araújo Sampaio, da Max Drogaria, e a estudante Laviolete Patrícia de Araújo, filha do empresário paraibano Luís Firmino de Araújo, da churrascaria Espettos do Picuí. Segundo a testemunha, em um dos seqüestros o coordenador de planejamento da prefeitura de Rio Largo, Ricardo Schavuzzi, teria oferecido dinheiro emprestado para que a família pagasse o resgate. “Ele deu R$ 30 mil ‘emprestados’ para que a família fizesse o pagamento do seqüestro, que tinha sido feito a mando de Júnior Pagão, aliado e sócio de Schavuzzi”, revelou a testemunha ao delegado Marcílio Barenco. A quadrilha também teria forte atuação em Messias, onde praticou pelo menos dois seqüestros. No da comerciante Simone Mendes Saraiva Oliveira, 31, que foi levada em troca do seu filho de 10 anos, o resgate rendeu R$ 12 mil à quadrilha. O do comerciante Antônio Adelino da Silva também teria rendido R$ 12 mil ao grupo criminoso. ### Prisões podem levar a Júnior Pagão A prisão de parte da “superquadrilha” pode facilitar a detenção do vereador Júnior Pagão, que estaria “escondido” sob proteção de um deputado estadual, além de estar recebendo proteção de outros vereadores de Rio Largo. Um deles teria oferecido uma das suas propriedades para servir como esconderijo a Pagão, que, mesmo foragido, ainda “assusta” os moradores de cidade. Os policiais que participaram da operação avaliaram que as prisões do secretário Ricardo Schavuzzi e de Jorge Pagão poderiam fazer com que o vereador se entregasse à polícia. “Ele já foi longe demais e, agora, com a prisão do Schavuzzi e do seu tio Jorge Pagão, o vereador ficou sem muita opção, inclusive deve ter provocado uma certa revolta aos outros integrantes da quadrilha”, disse um dos policiais que participaram da Operação Mata do Rolo. Ontem, a Gazeta tentou ouvir os moradores de Rio Largo, que ocuparam várias ruas da cidade e deram plantão na porta da delegacia para acompanhar a operação policial. Entretanto, temendo represálias, eles mantiveram silêncio e evitaram os jornalistas que acompanharam a operação. A Gazeta também esteve na Câmara de Rio Largo, mas a única funcionária que estava trabalhando se negou a falar sobre o vereador Júnior Pagão. |GF ### Foragido assina cheques da Câmara O delegado Marcílio Barenco ameaçou pedir à Justiça a prisão de pessoas que estariam favorecendo e facilitando a fuga do vereador Júnior Pagão. Ele citou o exemplo da Mesa Diretora da Câmara de Vereadores de Rio Largo. “O Júnior Pagão (primeiro secretário da Câmara de Vereadores de Rio Largo) continua assinando cheques da Câmara. Se ele está foragido como é que está assinando cheques para pagamento de vereadores e fornecedores? Já estou investigando essa denúncia e, se ficar comprovado, posso pedir a prisão dessas pessoas à Justiça por acobertar uma prática criminosa. Se o vereador assinou cheques alguém levou até ele ou ele veio até o local e quem facilitou essa ação pode ser preso”, ameaçou Barenco. “Invasão” O presidente da Associação dos Delegados de Polícia Alagoas (Adepol), Antônio Carlos Lessa, disse que a cidade de Rio Largo vai ser “invadida” por mais de 30 delegados, que vão reforçar o apoio às ações do delegado Marcílio Barenco no município. “Nós vamos levar um grupo de delegados para oferecer apoio ao delegado Marcílio Barenco. Vamos fazer uma operação “pente-fino” na cidade e demonstrar que o delegado não está sozinho. Não vamos aceitar qualquer tipo de pressão ou ameaça ao delegado e estaremos prontos para agir em sua defesa”, afirmou Lessa. Apesar de não ter participado ontem da operação “Mata do Rolo”, a Superintendência da Polícia Federal em Alagoas, que também faz parte do núcleo de combate ao crime organizado criado pelo Tribunal de Justiça de Alagoas, pode atuar nas próximas ações em Rio Largo. |GF

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