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Nº 5904
Polícia

Delegados s�o acusados em acidente

REGINA CARVALHO Repórter O atropelamento que provocou a morte de duas idosas e deixou mais duas feridas, há 15 dias, no bairro do Poço, causou troca de acusações entre delegados ontem. O jogo de empurra acabou envolvendo a cúpula da Secretaria de

Por | Edição do dia 17/02/2006 - Matéria atualizada em 17/02/2006 às 00h00

REGINA CARVALHO Repórter O atropelamento que provocou a morte de duas idosas e deixou mais duas feridas, há 15 dias, no bairro do Poço, causou troca de acusações entre delegados ontem. O jogo de empurra acabou envolvendo a cúpula da Secretaria de Defesa Social (SDS). O suposto envolvimento de um delegado como causador do acidente, a partir de denúncia feita por parentes das vítimas, começou a ser investigado por diretores da Polícia Civil. O diretor-adjunto da Polícia Civil, Roberto Lisboa, confirmou que na última quarta-feira o veículo que atropelou as idosas, um Gol, placa MUZ 7170, Fortaleza (CE), foi encontrado numa oficina do bairro da Ponta Grossa totalmente descaracterizado. Lisboa confirmou que o carro estava em poder de um delegado que atua na capital. “Vamos investigar agora se esse delegado estava guiando o veículo no dia do acidente ou se está encobrindo outra pessoa. Ele falou que quem estava guiando não era ele. Ele é um delegado do ‘pescoço grosso’. Vamos apurar para saber se ele tem culpa”, disse o diretor-adjunto, que não quis revelar o nome do delegado. Esse suposto delegado a quem se referiu Roberto Lisboa, segundo a Gazeta apurou, seria Jobson Cabral, do 4º Distrito Policial (DP), que, por sua vez, fez severas críticas à cúpula da SDS, alegando que é perseguido pelo diretor-geral da Polícia Civil, Robervaldo Davino e seu adjunto, Lisboa. “Não tenho nada a ver com esse atropelamento. Nem carro eu tenho. Eles me perseguem”, reagiu Jobson. Para ele, um dos motivos da “perseguição” seria o fato de seu nome ser cotado para assumir um cargo de alto escalão na Segurança Pública. Denúncias A informação sobre o suposto envolvimento de um delegado no atropelamento das idosas partiu dos parentes das vítimas. O taxista Carlos Lorena, filho de Maria de Lourdes Lorena Menezes, vítima fatal, ressaltou que está acompanhando o caso e teve a informação de que Antônio Vieira Barros Filho, delegado de Capela, conduzia o veículo que causou o acidente. “Todo mundo da segurança de Alagoas já está sabendo disso, que ele é suspeito do acidente, que tinha bebido no bar antes de provocar a morte da minha mãe”, disse. Antônio Vieira negou as acusações. “Não vou pagar por uma coisa que não fiz. A cúpula sabe quem atropelou. Já descobriram até de quem é o carro”, rebateu. Jobson Cabral, por sua vez, após fazer críticas à cúpula da Segurança Pública e alegar que nem veículo tem, confessou saber do caso. Ele disse que o veículo que provocou o acidente estava sendo guiado por um funcionário da empresa Limpel. “Sou amigo do dono da Limpel e ele me ligou pedindo ajuda. A pessoa que estava guiando o veículo não é daqui e vai se apresentar à polícia”. O diretor-adjunto da Polícia Civil, Roberto Lisboa, negou o envolvimento do delegado de Capela, Antônio Vieira, no acidente. “Houve o comentário, mas ele não tem nada a ver com o caso”, disse. O juiz da 14ª Vara de Delitos de Trânsito, Roldão de Oliveira, disse que até agora não recebeu informações da polícia sobre o caso, mas que deve se manifestar após a conclusão das investigações. O promotor-substituto de Justiça, da Promotoria Coletiva Especializada das Infrações de Trânsito, Márcio Roberto Tenório, declarou que após a conclusão do inquérito policial o Ministério Público deve analisar o caso. A Gazeta tentou ouvir o delegado de Acidentes, Fernando Tenório mas ele não foi localizado. Segundo informações de agentes, ele está viajando. ### Filho teme que caso seja esquecido Carlos Lorena, filho de Maria de Lourdes Lorena, vítima fatal do acidente, conta que esteve na última segunda-feira na Delegacia de Acidentes onde obteve a informação de que o caso será investigado somente depois do carnaval. “Eu acho que essa investigação está muito lenta. Estou achando que esse caso vai ser esquecido. A única coisa que eu posso fazer depois da morte da minha mãe é pedir justiça”. Maria de Lourdes tinha 79 anos e chegou a ser socorrida, mas morreu na Unidade de Emergência Armando Lages. Élia Monteiro da Anunciação, 78, uma das vítimas do acidente, voltou ontem a ser internada porque sentia dores em um dos joelhos. No dia do ocorrido, ela fraturou o fêmur e ficou internada. Agora, não consegue se mover como antes e permanece na cama. O quarto da idosa teve de ser totalmente adaptado. “Não temos espírito de revanchismo. A família toda tenta minimizar os traumas”, diz o professor universitário Washington da Anunciação, filho da idosa. Gritos Thaís Monteiro, neta de dona Élia, estava em casa no dia do acidente. Ela conta que ouviu os gritos da avó e o barulho no momento em que o veículo Gol bateu no Palio, que por sua vez atropelou as quatro idosas, que eram amigas há mais de 30 anos. “Todo mês aqui são por volta de três batidas de carro”, conta ela.|RC ### Moradores pedem instalação de lombada Thaís Lorena, neta de dona Élia, mostrou ontem um abaixo-assinado para ser entregue à Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT), pedindo a colocação de lombadas na Avenida Brasil, no Poço, local do acidente. Essa não é a primeira vez que os moradores pedem providências ao poder público. Eles contam que os veículos passam em alta velocidade, o que causa pânico entre os que residem na avenida. As outras vítimas do acidente foram Terezinha Moraes Lopes, 71 anos, que teve várias fraturas pelo corpo e os ossos de um pé esfacelados, e Eleuza Ferreira Rego, que foi atingida com maior violência e teve morte instantânea. Tragédia O filho de dona Élia, Washington da Anunciação, lembra que as quatro amigas costumavam sentar todas as noites na calçada para conversar. O grande desafio agora, segundo ele, é superar o trauma, já que dona Élia não consegue esquecer o atropelamento que matou as amigas. No momento da colisão entre o Palio e o Gol, a placa do último caiu no chão. De acordo com os moradores, o culpado pelo atropelamento foi o motorista do Gol que dirigia em alta velocidade, provavelmente embriagado, e que bateu no Palio, guiado por um evangélico. O acidente causou revolta entre as famílias e os moradores da região. |RC

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