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Nº 5899
Polícia

Seguran�a fragilizada favorece o crime

Maragogi – Efetivo reduzido, armamentos obsoletos, viaturas em pandarecos, telefones mudos, delegacias inadequadas e prédios que ameaçam desabar. Esse é quadro da segurança pública no Norte de Alagoas. A região vem crescendo populacional e economicamente,

Por | Edição do dia 01/02/2009 - Matéria atualizada em 01/02/2009 às 00h00

Maragogi – Efetivo reduzido, armamentos obsoletos, viaturas em pandarecos, telefones mudos, delegacias inadequadas e prédios que ameaçam desabar. Esse é quadro da segurança pública no Norte de Alagoas. A região vem crescendo populacional e economicamente, mas a máquina do Estado, indolente, não consegue acompanhar o ritmo fornecendo os serviços básicos à sociedade, entre eles, a segurança. A Gazeta visitou oito municípios e constatou a precariedade em delegacias e unidades do 6° Batalhão de Polícia Militar (6° BPM). A fragilidade no sistema de segurança pública do lado Norte alagoano ficou evidente com a onda de assaltos nas rodovias e os ataques a empresas hoteleiras e de turismo, sem que as autoridades consigam dar uma resposta à altura. O contra-ataque policial esbarra na carência de equipamentos e de efetivo que possibilitem a execução de ações ostensivas e de inteligência. Ante esse panorama caótico, o crime organizado deita e rola. Na outra ponta, a sociedade, amedrontada, clama por segurança. ### Capenga, polícia combate crime a pé São Miguel dos Milagres – “Não tenho pressa para ir embora. O último casal (Adão e Eva) que saiu do paraíso está arrependido até hoje”, disse um dos mais consagrados jornalistas brasileiros, o baiano Sebastião Nery, ao se referir a São Miguel dos Milagres, onde costuma, todo janeiro, passar suas férias. De fato, Deus foi generoso ao criar o município litorâneo, falta ao homem cuidá-lo melhor. No que diz respeito à segurança pública, o Estado peca. A Polícia Militar (PM) está sem viatura há dois anos e a Civil, desde setembro do ano passado. Diligência, só a pé. “A função da PM é fazer o policiamento ostensivo. Sem viaturas, ficamos à noite sem fazer nada, sentados. Durante o dia, fazemos o trabalho a pé”, disse um policial, que pediu para não ser identificado, temendo retaliações. O efetivo diário é formado por quatro militares. O patrulhamento da cidade é feito esporadicamente quando a guarnição da vizinha cidade de Porto de Pedras se desloca até lá. Numa situação emergencial, o comando do Grupamento da PM tem de pedir à prefeitura um veículo para realizar incursões. ### Polícia Militar atua sem comunicação Passo do Camaragibe – Na era digital, os policiais militares do grupamento de Passo do Camaragibe têm no orelhão a principal ferramenta de comunicação. Internamente, não existe telefone, nem radiocomunicador. Para piorar, o município não é coberto pelo sistema de telefonia móvel. “Ficamos isolados e ainda temos de usar cartão telefônico se quisermos fazer uma ligação telefônica”, lamentou um policial militar. “A comunicação é zero”, enfatizou. A viatura da PM até possui sistema de rádio, mas não consegue, sequer, contato com a companhia de São Luís do Quitunde, que faz limite com Passo do Camaragibe. A corporação trabalha com armamentos obsoletos, a exemplo da metralhadora INA, revólveres 38 e rifles Puma. “A munição é velha, não confio. Trabalho com minha pistola, porque se for depender das armas da PM, estamos mortos”, comentou. ### Policiais civis estão ameaçados de despejo Porto Calvo – Os policiais civis da Delegacia Municipal de Porto Calvo estão ameaçados de despejo. Segundo um agente, a Secretaria de Defesa Social (SDS) há três meses não paga o aluguel do imóvel onde funciona a distrital, no Centro da cidade. A casa singela nunca foi uma delegacia de fato: não possui xadrez. O antigo prédio onde funcionava a delegacia de Porto Calvo foi abandonado há quase uma década. O imóvel é histórico, mas se encontra em ruínas, servindo de depósito para bancas usadas na feira livre e de criadouro de caramujos e insetos nocivos. “Aqui é motel, banheiro, esconderijo para maconheiro, é tudo, menos delegacia”, disse a dona-de-casa Maria José da Conceição, 45 anos, que mora vizinha ao imóvel desativado. ### Delegacia de Maragogi está com efetivo reduzido Maragogi – É consenso em Maragogi que a delegacia municipal deveria ser uma unidade-modelo, afinal trata-se do segundo pólo turístico de Alagoas, mas a realidade é bem diferente. A distrital está com o efetivo reduzidíssimo e conseguir fazer um simples Boletim de Ocorrência (BO) é tarefa inglória. Que o diga o comerciante recifense Romero Lima Wanderley, 34 anos. Assaltado no dia 23 de janeiro em Maragogi, Wanderley só conseguiu formalizar a queixa uma semana depois. “É um absurdo uma cidade turística do porte de Maragogi, ter uma delegacia neste estado”, observou ele. /// Grupamento militar de São Miguel dos Milagres: uma realidade dura para enfrentar o crime. Foto: Carlos Rosa

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