Polícia
Assassinatos s�o para limpar pra�as

Para a coordenadora estadual do Movimento de Meninos e Meninas de Rua, Gracielda Bezerra Carvalho, os menores são assassinados como forma de limpar as praças e as ruas e evitar os seus pequenos furtos e roubos. Este ano, seis meninos foram mortos de forma misteriosa, nas imediações da Praça dos Martírios, Feira do Rato e proximidades da Praça Deodoro. Segundo Gracielda, há mortes também entre eles pela disputa da cola de sapateiro, a principal droga que utilizam. O Pistola morreu aos 18 anos, depois de viver todos esses anos na rua, com um tiro de espingarda 12, que esfacelou a sua cabeça, teve morte instantânea, por volta das 18 horas, deixando marcas até mesmo no Teatro Deodoro, mas até agora ninguém sabe de onde partiram os disparos: ninguém sabe, ninguém viu, disse Gracielda. Pistola fazia pequenos furtos e o homicídio ocorreu no final do ano passado. O caso do garoto Labirinto, 16 anos, foi um dos mais chocantes. Ele foi seqüestrado das proximidades da Pizzaria Sorriso, na Praça Sinimbu, quando se encontrava na companhia de outros meninos de rua. Segundo o depoimento dos companheiros, Labirinto gritou por tudo para que não o levassem, mas de nada adiantou. O caso fez um ano agora em junho, mas nem o corpo apareceu e as testemunhas ficaram durante um bom tempo aterrorizadas, relatou Gracielda. Labirinto também praticava pequenos furtos. Todos os homicídios continuam impunes. De acordo com a sua experiência junto a esses menores que vivem, exclusivamente, nas ruas de Maceió, a maior violência praticada por menores ainda ocorre na periferia, onde galeras se envolvem no tráfico de drogas. As pessoas acham que os meninos de rua são violentos, mas a violência maior está na periferia, podemos comprovar com o fato de que poucos vão parar no Centro de Ressocialização do Menor: de 50 internos, só dois são de rua, observou Gracielda Carvalho. Na sua opinião, os governantes deveriam investir em políticas públicas, a melhor forma de reduzir a violência.