Polícia
Desovas: exames de DNA dependem da Pol�cia

ANA MÁRCIA Alagoas dispõe do mais avançado Laboratório de Genética Forense do País, com um Programa de Identificação Humana e Diagnóstico Molecular que utiliza tecnologia de Primeiro Mundo, mas até agora, nenhum contato foi feito com o coordenador, Luiz Antônio Ferreira da Silva, para fazer a identificação dos nove cadáveres encontrados num cemitério clandestino, no mês passado, numa mata fechada, em Marechal Deodoro. O laboratório de genética pertence à Ufal e segundo o professor Luiz Antônio, seria necessário que os peritos do Instituto Médico Legal (IML) tivessem seguido normas técnicas para recolher partes de tecidos e outros materiais orgânicos das vítimas para exames mais rápidos e eficazes de identificação de DNA. Para seguir esses procedimentos técnicos, o professor diz que eles deveriam ter recebido treinamento, já proposto pela entidade científica à Secretaria de Defesa Social, através do seu Instituto de Criminalística. O IML deveria ter retirado, por exemplo, desses nove cadáveres, cartilagens aderidas aos ossos, cabelos com bulbos e restos de tecidos ainda não totalmente decompostos. Nesses casos, como se tratava de corpos ainda recentes, não seria necessário utilizar o osso para identificar o DNA, com resultados garantidos, explicou Luiz Antônio. Na sua opinião seria necessário que o IML firmasse um protocolo para buscar os supostos familiares de posse dos códigos de DNA. A técnica para ossos é bem mais demorada, complexa e difícil: requer extrair tecidos orgânicos de ossos para identificação do DNA e eles não podem sofrer quaisquer alterações por produtos químicos, comprometendo o exame da seqüência genética. Destaque O Laboratório de Genética Forense se destaca no Brasil, junto com o existente no Rio de Janeiro, que funciona com o Programa de Identificação Humana e Diagnóstico Molecular. Seu principal objetivo não é identificar culpados, pois seria uma atribuição policial, mas identificar as vítimas de crimes, sobretudo de grupos de extermínio, como é o caso dessas nove pessoas, entre milhares de desaparecidos no Estado. Estamos oferecendo a utilização da ciência na área forense, com uma tecnologia altamente desenvolvida, mas estranhamente, o Estado, não parece interessado em aproveitá-la, para descobrir quem são esses alagoanos mortos e desaparecidos, inclusive menores, ressaltou o professor Luiz Antônio. De posse dos exames de DNA, familiares de pessoas desaparecidas poderiam, através de exames de sangue, comparar seu DNA com os das vítimas, descobrindo assim se entre os corpos examinados está o desaparecido que procura. Há, inclusive, um projeto na Fapeal (Fundação de Pesquisa do Estado de Alagoas) para a formação de um Banco de DNA Civil. As informações genéticas ficariam, assim, armazenadas em computadores para que as famílias pudessem comparar os DNAs, identificando alguém que desapareceu. O impasse é a liberação de R$ 380 mil para o projeto. O banco de DNA não deixa os crimes caírem no esquecimento, falou Luiz Antônio. O trabalho desenvolvido pelo professor Luiz Antônio no Laboratório de Genética, da Ufal, é reconhecido internacionalmente, com livros publicados e debatidos em congressos da área.