Um milh�o de alagoanos�vivem com menos de um sal�rio
FERNANDO ARAÚJO O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acaba de divulgar a Pesquisa Nacional por Amostragem (Pnud) de 2001, cujos dados expõem o estado de pobreza endêmica em que vive a maioria dos alagoanos. Cerca de um milhão de
Por | Edição do dia 22/09/2002 - Matéria atualizada em 22/09/2002 às 00h00
FERNANDO ARAÚJO O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acaba de divulgar a Pesquisa Nacional por Amostragem (Pnud) de 2001, cujos dados expõem o estado de pobreza endêmica em que vive a maioria dos alagoanos. Cerca de um milhão de pessoas quase um terço de toda a população do Estado vive com menos de um salário mínimo. São exatamente 218.370 famílias (28,5% do total) com rendimento médio mensal de até R$ 200,00. Mais grave ainda é o contingente de 160 mil miseráveis que não têm nenhuma renda, vivendo abaixo da linha de pobreza, na verdadeira miséria humana. Outro terço da população 215.021 famílias -, cerca de 900 mil pessoas, têm rendimento familiar de um a dois salários mínimos. Ainda, segundo dados da Pnud, cerca de meio milhão de alagoanos tem renda familiar entre dois e três salários mínimos, enquanto o restante da população está dividida entre os que ganham de três a cinco salários (87.537 famílias), de cinco a dez mínimos ((49.475 famílias), de 10 a 20 salários (19.975 famílias) e na última faixa de renda mais de 20 salários mínimos - existe apenas um grupo de 13.796 famílias. O rendimento médio mensal das famílias é de R$ 537,00 em Alagoas, mais ou menos o mesmo índice do Nordeste, que é de 583,00. Dos nove Estados, só o Rio Grande do Norte e Pernambuco estão acima desse patamar, com renda média de R$ 630,00. Estamos entre os sete Estados com a pior renda do Nordeste, igualando-se nos mesmos índices de miséria humana, diz o economista Edmilson Correia Veras, ao analisar os dados da pesquisa do IBGE. Ele esclarece que nesse universo de pobreza, as famílias alagoanas com renda mensal a partir de 10 salários mínimos ( 2,6% do total) são consideradas privilegiadas. Menor ainda é o índice de famílias com renda mensal acima de 20 salários mínimos: só 1,8% dessas famílias ganha acima de R$ 4 mil por mês, e são consideradas ricas. É a faixa de mais alto extrato de renda do Estado, conclui o professor Edmilson Correia Veras, que também é pesquisador da Fipe. Do total de 765.437 famílias alagoanas, 538.039 estão nos centros urbanos e 227.398 residem na área rural do Estado. Nas cidades, o rendimento médio mensal é de R$ 646,00 contra R$ 281,00 da zona rural. Isto quer dizer que o trabalhador rural recebe 43,5% do salário do homem urbano. Pesquisa A pesquisa revela outra triste realidade: a renda familiar no Nordeste é cerca de três vezes menor que a média nacional. Os números mostram que 13% das famílias brasileiras têm rendimento mensal de até um salário mínimo, enquanto as que ganham mais de 20 salários mínimos representam 4,5% do total. Com relação ao Nordeste, as diferenças regionais são gritantes: no Nordeste, 25,1% das famílias têm renda mensal de até um salário mínimo. No Sul, o percentual cai para 8%, enquanto no Sudeste, é de 8,1%. No Norte, considerada apenas a área urbana, 13% das famílias ganham até um salário mínimo, e no Centro-Oeste, esse percentual é de 11%.