Eleitorado feminino pode decidir pleito no Estado
Elas representam 51,5% do eleitorado de Alagoas, totalizando 824.310 mulheres, num universo de 1.600.092 eleitores. Juntas teriam força suficiente para definir o resultado das eleições, mas na lógica dos princípios democráticos entram outras variantes, co
Por | Edição do dia 22/09/2002 - Matéria atualizada em 22/09/2002 às 00h00
Elas representam 51,5% do eleitorado de Alagoas, totalizando 824.310 mulheres, num universo de 1.600.092 eleitores. Juntas teriam força suficiente para definir o resultado das eleições, mas na lógica dos princípios democráticos entram outras variantes, como grau de escolaridade, nível de consciência política e respeito à cidadania. Com todos esses elementos em jogo, o voto das mulheres toma rumos diferentes e o que poderia ser unanimidade na verdade se reflete de forma dispersa, não havendo tendência política que predomine entre a classe. Segundo Kátia Sampaio, especialista em gestão de pessoas, o nível de escolaridade tem influência direta nessa questão. Quanto mais informada, maior a chance de fazer boas escolhas. Isto se aplica em todos os campos, não é diferente com a política. O eleitorado feminino é maioria, mas nem todas as mulheres tiveram acesso ao mesmo nível de escolaridade, daí um dos principais motivos da disparidade do voto de cada uma, observa a profissional, lembrando ainda questões subjetivas, a exemplo do meio onde se convive, como elemento que interfere na tomada de decisão e na forma de ver o mundo, em geral. De acordo com dados do TRE/AL, o total de votantes analfabetos em Alagoas é de 300.221, sendo 24.291 na capital e têm curso superior completo 29.007 alagoanos, enquanto 17.238 possuem nível superior incompleto. Mesmo entre os alfabetizados, 485.144 apenas sabem ler e escrever: 447.508 têm o ensino fundamental incompleto; 139.048 têm o Ensino Médio incompleto; 108.354 têm o Ensino Médio completo; 71.312 concluíram o Ensino Fundamental. A professora Gilda Rodrigues enfatiza que numa sociedade democrática, já é difícil, por si só, aglutinar votos de uma categoria para determinada candidatura. Com o agravante da disparidade no grau de instrução e consciência da cidadania, fica ainda mais difícil dizer que um segmento da sociedade no caso em questão o feminino -, decide a eleição. Cada membro do grupo tem liberdade de opinião, pensa diferente, enfim, há muita discordância. O resultado da eleição virá de todos os segmentos de classe. Envolve a sociedade como um todo, não um gueto especificamente. É ilusão pensar o contrário. Em nível nacional, pela primeira vez em uma disputa para a Presidência da República, as mulheres são a maioria do eleitorado. Mais que isso: elas nunca tiveram tanta participação nas eleições como desta vez. É verdade que ainda são uma minoria disputando os cargos, mas estão ativas não só como candidatas mas também como agregadas. De olho no eleitorado feminino, os candidatos deram espaços para as mulheres em seus palanques, basta olhar como a figura feminina está sendo valorizada nos comícios e propaganda política. Os tucanos se apressaram em conseguir uma mulher para contrabalançar: transformaram a deputada Rita Camata em vice de Serra. Ciro Gomes nem precisou fazer tanto esforço, a esposa e atriz Patrícia Pillar entrou de cabeça na campanha desde o primeiro momento. A ex-primeira-dama carioca, Rosinha Garotinho, além de dar uma força para o marido presidenciável inverteu os papéis e pode ser eleita governadora do Rio no primeiro turno.