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Nº 5905
Política

Apenas 26 mulheres disputam as elei��es em Alagoas

FÁTIMA VASCONCELLOS Apenas 26 mulheres submeteram-se à disputa dos cargos políticos nas eleições deste ano. Mesmo assim, três como primeira suplente ao Senado, 15 concorrem a uma vaga de deputada estadual, 7 a federal e apenas uma vice-governadora. A r

Por | Edição do dia 22/09/2002 - Matéria atualizada em 22/09/2002 às 00h00

FÁTIMA VASCONCELLOS Apenas 26 mulheres submeteram-se à disputa dos cargos políticos nas eleições deste ano. Mesmo assim, três como primeira suplente ao Senado, 15 concorrem a uma vaga de deputada estadual, 7 a federal e apenas uma vice-governadora. A representação está muito longe dos 30% de cotas reservadas para elas em cada partido. O motivo, segundo alegam, passam por questões que vão desde o descrédito com a política, as inconveniências impostas pelos partidos e a relação custo/benefício. Muitas acreditam não ser compensador tanto desgaste, considerando o perfil de quem se identifica com um trabalho sério. Na opinião da escritora Leda Almeida, professora da Universidade Federal de Alagoas, não são dadas condições objetivas às mulheres. “A lei assegura a participação feminina na política, mas na prática há uma série de dificuldades, desde questões simples, como o horário inconveniente das reuniões para quem tem dupla jornada (a família e o trabalho), por exemplo. Outro ponto é que apesar de todo avanço, ainda somos poucas nos cargos de comando. Houve um crescimento da ocupação do espaço social, mas coisa ainda acanhada. O espaço não está definido maciçamente. Tudo isso se reflete também no campo da política. Além dessas variantes, há de se considerar o condicionamento sóciocultural da mulher. Historicamente falando, ela não foi preparada, do ponto de vista emocional, para ser líder. As que se tornam assim venceram o limite do condicionamento e isto é um processo lento, por isso estamos com poucas mulheres candidatas”. A juíza Fátima Pirauá enfatiza que as entidades feministas, elas próprias, deixam muito a desejar no que diz respeito ao incentivo da candidatura de mulheres. Ciclo familiar “Há predominância do sexo masculino nos cargos políticos. As instituições políticas continuam organizadas como antigamente, um modelo onde ele trabalha fora e ela fica presa ao ciclo familiar. Apesar da mudança na vida das mulheres, há uma tendência a ficarem próximas da responsabilidade doméstica. O movimento de mulheres tem sido desatento e tímido com a luta pela reversão desse quadro”, critica a magistrada. Fátima Pirauá polemizou na eleição passada, quando deixou de registrar as chapas partidárias que descumpriram a lei de cotas às mulheres. Na época, todos os partidos tiveram que cumprir a lei e preencher 30% dos cargos com mulheres. É o que manda a lei e a juíza fez cumprir o que está posto na legislação, por isso na sua comarca, a de Paulo Jacinto, o Direito foi respeitado, diferente do ocorrido nos demais municípios. “Há um desapreço generalizado com as questões femininas. Os partidos dão ênfase aos assuntos de interesse das mulheres em seus discursos mas fazem muito pouco. Por isso é imprescindível que elas mesmas construam os fatos, coloquem seus nomes à votação. Educação, saúde, segurança, emprego, temas tão explorados pelos candidatos, mexem com o interesse das mulheres e não vejo razão para elas se omitirem de uma participação mais direta”. Identificação A psicóloga Ana Lúcia Vasconcelos argumenta que os cargos políticos, principalmente os do Executivo, continuam sendo vistos com a identificação do sexo masculino. “Para a sociedade a figura do homem combina melhor com o cargo. É reflexo da nossa cultura machista. Para chegar lá a mulher precisa vencer o preconceito dos eleitores e até do parceiro, dos familiares que nem sempre apoiam a idéia. Ela tem que romper com muita coisa, se tiver o ideal do cargo. É preciso, portanto, estar certa do tamanho do desgaste e disposta a enfrentar. A concorrência é desigual com os veteranos da política e sua postura diante do povo. Boa parte das mulheres vê a política como um meio corrupto e medíocre, desenvolvendo um sentimento de repulsa que a faz recuar do desafio de virar o jogo”, observa. Se em Alagoas apenas 26 estão em campanha, em nível nacional, apesar de representarem atualmente mais de 50% do eleitorado brasileiro, elas correspondem apenas a 3,96% dos candidatos. O quadro é o seguinte: um total de 2.637 mulheres estão disputando as eleições deste ano para o Congresso Nacional (Senado e Câmara de Deputados), governo estaduais e Assembléias Legislativas. Não há nenhuma mulher candidata a presidente da República, ao contrário de 1998, quando Thereza Ruiz (PTN) concorreu com 11 outros candidatos nas eleições presidenciais. Apesar do número pequeno de candidatas, a taxa de 2002 é superior a das eleições de 1998, quando elas representaram 12,27% do total de candidatos, ou em 1994, em que somavam só 6%. No Estado de Alagoas, além de Flávia Lima (vice-governadora do PT), quatro candidatas a deputada estadual são da Coligação Renova Alagoas, entre 23 homens; só no PSB são três no meio de 23 homens. A Frente Popular está com quatro num universo de 30 candidatos do sexo masculino; o PMDB, PMN, PSDB e PT do B têm cada um uma candidata. No quadro de candidatos a deputado federal o índice cai ainda mais. São quatro  mulheres entre 21 homens na  coligação do PSB, uma na Frente  Trabalhista Popular, entre 12; e  duas entre 17 homens na coligação Alagoas Unida.

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