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Nº 5824
Política

Debate deixa Lessa acuado, sem�explicar fracasso do governo

FERNANDO ARAÚJO O debate entre os principais concorrentes ao governo de Alagoas, promovido ontem, pela TV GAZETA, serviu não apenas para o confronto de idéias e propostas de governo, mas, sobretudo, para definir o perfil do candidato mais preparado p

Por | Edição do dia 03/10/2002 - Matéria atualizada em 03/10/2002 às 00h00

FERNANDO ARAÚJO O debate entre os principais concorrentes ao governo de Alagoas, promovido ontem, pela TV GAZETA, serviu não apenas para o confronto de idéias e propostas de governo, mas, sobretudo, para definir o perfil do candidato mais preparado para governar o Estado. E a grande parcela de eleitores que as pesquisas de opinião pública têm identificado como indefinidos tiveram a oportunidade de tirar suas dúvidas e certamente irão às urnas neste domingo conscientes de que escolherão o melhor nome para comandar o destino de Alagoas. Comandado pelo jornalista Alexandre Garcia, o debate também serviu para registrar o nervosismo de Ronaldo Lessa, o mais criticado dos candidatos pelos indicadores negativos de seu governo. O governador não conseguiu explicar a estagnação industrial, o aumento dos índices de violência, de analfabetismo e desemprego que grassam em todo o Estado. Acuado, Lessa preferiu atribuir essas mazelas de Alagoas a seus antecessores, que ele classifica de “forças do atraso’’. Em algum momento do debate, ele tentou negar o crescimento desses indicadores sociais que envergonham o Estado e o País, e, sem maiores explicações, justificou o quadro de miséria dizendo ter recebido como herança um Estado destruído. Sobre o caos na segurança pública, tema recorrente no debate, o governador tentou tapar o sol com a peneira ao negar o clima de violência e insegurança em todo o Estado, preferindo culpar a imprensa pela divulgação de “notícias alarmantes e mentirosas’’. Como vitrine, Lessa foi o grande perdedor do debate. Livre atirador Como livre atirador, o candidato do PT, Judson Cabral, apresentou-se como um dos mais tranqüilos do debate, ora atacando os pontos negativos da administração Lessa, ora fustigando a falta de experiência do candidato do PDT, Geraldo Sampaio, que pagou caro pelo fato de também ser vice de Ronaldo Lessa, e, portanto, co-responsável pelo desastre administrativo do governo socialista. Acusado por Lessa de ser despreparado, Judson respondeu que estava preparado para governar Alagoas não para botar irmão no Tribunal de Contas nem praticar nepotismo no governo, acusações que pesam contra o governador, que empregou 35 parentes no Estado e ultimamente colocou o irmão Otávio como conselheiro do TC. O candidato do PDT, Geraldo Sampaio, perdeu uma boa oportunidade para revelar aos alagoanos alguns pontos do programa de governo que afirma ter registrado em cartório, mas que ninguém o conhece até agora. Totalmente perdido no debate, o vice de Lessa divagou por temas que diz ter conhecimento, mas que na realidade demonstrou pouca intimidade com as questões que ele próprio levantou. Falou muito e disse pouco para um candidato ao governo, e pouco contribuiu para o nível do debate. Fernando Collor (PRTB) foi o mais equilibrado dos candidatos e o que demonstrou mais segurança e conhecimento dos temas abordados durante o debate, inclusive pelos outros candidatos. Seu alvo maior foi Ronaldo Lessa, principal adversário na corrida ao Palácio dos Martírios, que foi castigado durante todo o tempo. Collor cobrou coerência do governador na questão da rolagem das Letras Financeiras, que antes ele (Lessa) condenava e acabara de fazer uma negociata com os credores desses títulos públicos em prejuízo do Estado, cujo endividamento aumentou em mais de R$ 1,2 bilhão com a inclusão desses papéis podres na dívida pública estadual. Lessa sequer se defendeu. Explicações Acusado de ser o responsável pelo acordo dos usineiros, que teria quebrado Alagoas, o ex-presidente Fernando Collor se defendeu explicando que o acordo pelo qual as usinas deixaram de pagar ICMS sobre a cana própria foi uma decisão da Justiça, que ele, como governador, teria que cumprir. Outras acusações levantadas pelos adversários em que acusaram Collor de não ter sido bom prefeito nem bom governador, o ex-presidente historiou todas as obras de suas duas administrações, além de registrar os esforços que fez por Alagoas como presidente da República e lembrou os títulos que recebeu de organismos internacionais nas áreas de saúde, educação e meio ambiente. Se alguém ganhou com o debate foi o eleitor alagoano, que teve a oportunidade de discernir entre os debatedores quem falou a verdade e quem tentou enganar o povo com a retórica continuísta. E isto certamente será conferido nas urnas, no próximo domingo. Segurança Apesar do clima de civilidade que antecedeu ao debate, até porque os dois principais candidatos (Collor e Lessa) haviam feito um pacto de não agressão, a Polícia Militar mobilizou 120 homens dos vários batalhões para garantir a ordem no local do debate, realizado na TV GAZETA. As torcidas dos candidatos ficaram separadas para evitar tumulto, e todos acompanharam o debate através de telões colocados próximo ao prédio da TV GAZETA. Apesar da exaltação de alguns partidários do candidato Lessa (inclusive policiais que fazem segurança do governador infiltrados entre assessores e estudantes), não foi registrado qualquer tumulto. Para isso, concorreu o fraco desempenho do candidato, que sequer despertou a motivação de seus próprios partidários.

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