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Nº 5759
Política

Collor diz que n�o deixar� povo alagoano s�

O ex-presidente Fernando Collor de Mello se considera vitorioso na eleição realizada no último domingo em Alagoas. Em entrevista coletiva concedida ontem à tarde, na sede da GAZETA DE ALAGOAS, ele fez questão de destacar a aceitação que teve nas urnas,

Por | Edição do dia 09/10/2002 - Matéria atualizada em 09/10/2002 às 00h00

O ex-presidente Fernando Collor de Mello se considera vitorioso na eleição realizada no último domingo em Alagoas. Em entrevista coletiva concedida ontem à tarde, na sede da GAZETA DE ALAGOAS, ele fez questão de destacar a aceitação que teve nas urnas, onde obteve mais de 420 mil votos. O ex-presidente enfatizou que o resultado o deixou convencido de que deve continuar na vida pública. Em resposta ao carinho que diz ter recebido em todo o Estado, definido por ele como “votos de boas-vindas” na sua volta à política, Collor dirigiu uma mensagem especial ao povo alagoano: “Agradeço do fundo do coração a todos os que expressaram esse apoio. Desta vez não sou eu a pedir que não me deixem só. Agora, sou eu que tenho a dizer que não os deixarei sós”. Durante o encontro com os jornalistas, o ex-presidente fez uma avaliação do resultado do pleito, lamentou os problemas registrados nas seções eleitorais e avisou que pretende consolidar um núcleo de oposição ao atual governo. O ex-presidente declarou que “o veredicto das urnas não se discute, se acata”. Segundo ele, o processo democrático sofreu alguns percalços, como o excesso de pessoas numa mesma zona eleitoral, por motivo de redução de custos, que fez com que grandes aglomerações se formassem em cada sessão. “Isso prejudicou o andamento normal da votação e fez com que o número de votos nulos fosse muito alto. Além disso, tivemos muitas novidades que não foram muito bem esclarecidas. Tudo isso atrapalhou o eleitor. Várias pessoas letradas tiveram dificuldades na hora da votação. Essas falhas prejudicaram minha eleição. Os próprios adversários já haviam previsto esse fato, alegando que uma boa parcela do nosso eleitorado teria problemas na hora de votar e que isso faria com que eles tivessem uma certa vantagem. Mas, enfim, esse é o resultado das urnas e é legítimo”, frisou Fernando Collor. Ele disse que continua pensando em ser novamente candidato à Presidência da República, mas não em caráter imediatista. “Desde o momento em que fui afastado da Presidência, sempre manifestei o desejo de, em algum momento, voltar a apresentar o meu nome. Não sei quando, nem saberia precisar uma data para isso. Contudo, é uma pretensão que eu tenho”. Contatos Collor anunciou que pretende ficar em Alagoas, dedicando mais do seu tempo ao contato com os correligionários, amigos, lideranças políticas e comunitárias. “Estarei ao lado de todos os prefeitos, vereadores e lideranças que me apoiaram nessa eleição, como a prefeita de Arapiraca, Célia Rocha, por exemplo. Aliás, tenho por Célia um enorme carinho e consideração, pois foi uma mulher muito corajosa. Sofreu constrangimentos sérios quando decidiu apoiar minha candidatura. É uma valorosa alagoana”, salientou. Sobre a disputa eleitoral de 2004, para a Prefeitura de Maceió, o ex-presidente disse que ainda é cedo para fazer qualquer prognóstico sobre o assunto. Fernando Collor afirmou ainda que os mais de 420 mil votos que obteve no último pleito “não saíram do bolso”, mas sim “do sentimento, do coração e da consciência popular”. “Nossos comícios eram verdadeiras explosões de emoção, carinho, afetividade, sentimento, confiança e esperança. É em nome desse sentimento que eu quero agradecer de coração a todos aqueles que, lá nos distritos mais distantes do Estado de Alagoas, participaram desse processo eleitoral e deram sua confiança à nossa proposta e ao nosso projeto. Fiquei convencido de que devo continuar na vida pública. Nossa campanha foi muito alegre e todos participaram com muito entusiasmo. Os votos que obtive nessa eleição foram um sinal de boas-vindas e isso me deixa muito satisfeito”, ressaltou. O ex-presidente lembrou que a disputa eleitoral é composta por vencidos e vencedores. Ele afirmou que o resultado do pleito não o abalou e que irá construir um projeto consistente de oposição. Sobre a disputa pela Presidência da  República, entre Luiz Inácio Lula da Silva  e José Serra, Collor declarou que considera ser uma escolha difícil para o segundo turno. Uso da máquina Ele criticou o uso das máquinas administrativas federal, estadual e municipal em favor da campanha do seu adversário. “Além da Prefeitura de Maceió, o governo federal. O presidente Fernando Henrique Cardoso ligou para o presidente da Assembléia Legislativa do Estado, deputado Antônio Albuquerque, pedindo a ele que apoiasse o meu opositor. Foi uma artilharia pesada que tive que enfrentar”, observou Collor. O ex-presidente afirmou que não se arrepende de não ter disputado o Senado. “Minha postulação inicial era essa, mas depois fui demovido dessa idéia em função de companheiros correligionários terem me mostrado a necessidade de haver uma candidatura ao governo do Estado competitiva, que aglutinasse as forças políticas que entendiam que uma saída pelo centro-ideológico fosse a melhor para o futuro do Estado. Foi uma decisão acertada e um papel que eu deveria cumprir e cumpri”. Collor explicou que o Brasil necessita urgentemente de uma reforma política, que considera a mãe de todas as reformas. “Ela está sendo postergada. Existe um desvio na legislação que faz com que candidatos com votação ínfima sejam eleitos. Isso precisa ser corrigido rapidamente para coibir discrepâncias. Aqui em Alagoas o meu filho Arnon de Mello teve uma votação excepcional, sendo candidato pela primeira vez, mas não foi eleito por não atingir o coeficiente eleitoral”, observou. Projeto Fernando Collor anunciou que irá se engajar, a partir de agora, nas eleições de 2004. “Estarei de mangas arregaçadas, trabalhando por aqueles que ajudaram e que queiram formar um núcleo de oposição ao atual governo. Vamos tratar de ganhar as eleições municipais e depois a nível estadual. O fundamental é que nós não personalizemos esse núcleo em torno de um nome que irá disputar isso ou aquilo. O importante é termos um projeto alternativo de governo. Alagoas passa por um momento muito crítico. Alagoas, no período de 1999 a 2001, ultrapassou o Maranhão como o Estado mais pobre do Brasil. Essa marca foi alcançada dentro do atual governo”. O ex-presidente Fernando Collor encerrou a entrevista coletiva, afirmando que não existe nenhuma mágoa do processo eleitoral. “Eu gostaria de agradecer, do fundo do meu coração, a todos aqueles que saíram às ruas, que se mobilizaram, que sorriram, acenaram, abraçaram, estenderam suas mãos e lutaram para que nosso projeto fosse vitorioso. Quero dizer que vocês não estarão sós. Agora, eu é que não os deixarei sós. Estarei com vocês, em Alagoas, a cada segundo, minuto, hora e dia. Vamos juntos manter essa união para que possamos realizar e concretizar nossos projetos num futuro muito próximo”.

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