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Nº 5824
Política

Governo quer pagar somente 6% de d�bitos com servidores

FERNANDO ARAÚJO Os servidores da administração indireta vão decidir hoje se aceitam ou não a proposta do governo estadual para quitar dívidas trabalhistas pendentes. São mais de dois mil funcionários das extintas Emater, Epeal, Comag, EDRN, Codeal,

Por | Edição do dia 24/10/2002 - Matéria atualizada em 24/10/2002 às 00h00

FERNANDO ARAÚJO Os servidores da administração indireta vão decidir hoje se aceitam ou não a proposta do governo estadual para quitar dívidas trabalhistas pendentes. São mais de dois mil funcionários das extintas Emater, Epeal, Comag, EDRN, Codeal, Sergasa e Ematur, cujas ações trabalhistas somam cerca de R$ 300 milhões, mas o governo ofereceu apenas R$ 20 milhões, equivalente a pouco mais de 6% do débito. A reunião será realizada no auditório do Senar, a partir das 10 horas. Para João Saraiva Cavalcante Neto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Setor Público Agrícola do Estado (Sindagro), que congrega a maior parte desses servidores, a proposta do governo é um estelionato eleitoral e deve merecer o repúdio dos trabalhadores. Ele destaca que o próprio governador Ronaldo Lessa prometeu, em campanha, quitar tudo o que deve aos servidores e agora quer impor uma migalha como pagamento da dívida, inclusive se aproveitando da situação de penúria desses funcionários. “O pior é que muitos desses trabalhadores enfrentam sérias dificuldades, inclusive passando fome, e estão dispostos a aceitar a humilhação do governo”, lamentou Saraiva, ao lembrar que muitos servidores já morreram de problemas cardíacos agravados pela crise financeira a que foram submetidos nos últimos quatro anos. O sindicalista informou ainda que os trabalhadores propuseram reduzir a dívida em 70% e receber os 30% restantes em 50 parcelas, mas o governo está irredutível. “Ou aceitam nossa oferta ou ficarão sem nada’’, avisa o secretário da Fazenda, Sérgio Dória, intermediário da proposta do governo. Defasagem Os servidores das empresas extintas, que estão “encostados” na Companhia Alagoana de Recursos Humanos (CARHP), apelidada de “sucatão’’, estão com seus vencimentos congelados há oito anos e também discutirão o reajuste salarial proposto pelo governo. “Nós propomos um aumento de 50% para cobrir parte da defasagem, mas o governo oferece 30% e ainda assim para cortar direitos adquiridos dos trabalhadores, como biênio, triênio e produtividade’’, explica João Saraiva. Além disso, o governo quer reduzir a taxa de interiorização e congelar as gratificações de função e vantagem irretiráveis. O presidente do Sindagro informa que mais da metade desses servidores ganha apenas um salário mínimo e o restante dois salários. Dos dois mil trabalhadores, 800 deles são inativos e 1.200 foram jogados na CARHP onde esperam a aposentadoria sem nada fazer. “É uma situação humilhante desses funcionários, muitos deles com mais de 25 anos de serviço prestados ao Estado’’, lamenta. João Saraiva lembra que ainda na campanha do primeiro governo Lessa prometeu mundos e fundos para o setor público agrícola e não cumpriu nenhuma das promessas de campanha. “Na campanha de 1998 o candidato Ronaldo Lessa prometeu modernizar a agricultura e disponibilizar assistência técnica e extensão rural à grande massa de pequenos agricultores. Ao assumir o governo, seu primeiro ato foi extinguir as empresas de pesquisa e extensão rural e jogar os trabalhadores no sucatão humano chamado CARHP’’, cobra o sindicalista.

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