Serra e Lula trocam farpas no �ltimo debate
Rio O candidato José Serra (PSDB) disse ontem, durante o debate na Rede Globo, que vai reduzir a carga tributária em um ponto percentual ao ano. Segundo ele, a queda será compensada pelo aumento da arrecadação com o crescimento da economia. O candid
Por | Edição do dia 26/10/2002 - Matéria atualizada em 26/10/2002 às 00h00
Rio O candidato José Serra (PSDB) disse ontem, durante o debate na Rede Globo, que vai reduzir a carga tributária em um ponto percentual ao ano. Segundo ele, a queda será compensada pelo aumento da arrecadação com o crescimento da economia. O candidato tucano criticou as administrações petistas. As prefeituras administradas pelo PT cobram o dobro dos impostos sobre serviços e do IPTU que é a média das outras cidades, afirmou o tucano. Já o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que o governo federal foi o responsável por aumentar a carga tributária em oito pontos percentuais, para cerca de 35%. Ele também acusou o governo de não fazer a reforma tributária e disse que fará as mudanças nessa área no próximo ano. Mudança Serra disse que a mudança na carga tributária já começou, como a medida provisória que retirou a cumulatividade do PIS. Ele criticou a proposta petista de formar um grupo para analisar qual seria a melhor reforma a ser feita. A idéia de que se vai juntar todo mundo para se chegar em uma solução final não vai dar certo. Não adianta dizer que vai juntar todo mundo. A coisa não funciona desse jeito, disse Serra. Segundo ele, Lula não diz como vai fazer a reforma. Lula afirmou que o governo não faz a reforma porque a elite brasileira não gosta de pagar imposto. Apesar das farpas, no último debate da campanha presidencial, tudo foi programado para ter um tom bem comportado, com uma estrutura na qual os candidatos evitariam o confronto direto. Mas durante todo o tempo José Serra (PSDB) tentou provocar o concorrente petista, Luiz Inácio Lula da Silva. Sempre que possível, o tucano usava seu tempo de resposta para indagar o adversário ou criticar administrações petistas. Um dos exemplos mais claros foi a insistência dele em arrastar o rival para o debate sobre salário mínimo o que acabou ocorrendo, no segundo bloco. Quando Lula evitou falar em valores determinados, preferindo afirmar que possui um plano de elevação gradual do salário em quatro anos, Serra disse que as propostas de Lula estão se tornando cada vez mais vagas com a proximidade das eleições. O tucano prometeu aumentar o salário para R$ 300 nos próximos quatro anos. Orçamento Lula disse que o seu adversário deveria explicar aos eleitores que a proposta de Orçamento apresentada pela administração atual ao Congresso permitirá reajustar o mínimo para R$ 211 em 2003. Os dois candidatos, vestidos de maneira semelhante, com terno escuro e gravata vermelha, responderam a perguntas de leitores indecisos, sorteados pela produção do programa, sobre temas como habitação, aposentadoria, poupança, planos de saúde, combate ao tráfico de drogas e outros. No início, Serra pareceu tranqüilo e menos altivo que em outros debates. O candidato petista também parecia calmo, mas atento às tentativas do tucano de puxá-lo para uma arena própria, além dos limites dos eleitores indecisos. Lula fez críticas ao Ministério da Saúde, citando especificamente um exemplo na área da saúde da mulher. Disse que aquelas que são encaminhadas no Sistema Único de Saúde (SUS) para exames de mamografia para detectar câncer de mama chegam a esperar sete meses na fila. Mas a doença não espera, disse o petista. Serra não resistiu e saiu em defesa do seu trabalho. Disse que nunca se instalou tanto mamógrafo no Brasil e nunca se cuidou da saúde da mulher quanto no governo atual. Mas admitiu que ainda falta muito para fazer.