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Nº 5824
Política

Paul�o diz que tarefa mais dif�cil do PT ser� corresponder �s expectativas

O Partido dos Trabalhadores (PT), maior partido de oposição da América Latina virou governo. A partir de 1º de janeiro de 2003 o PT, que se estruturou com um discurso e uma postura de oposição e fiscalização contundentes dos governos, vai ter que ajustar

Por | Edição do dia 28/10/2002 - Matéria atualizada em 28/10/2002 às 00h00

O Partido dos Trabalhadores (PT), maior partido de oposição da América Latina virou governo. A partir de 1º de janeiro de 2003 o PT, que se estruturou com um discurso e uma postura de oposição e fiscalização contundentes dos governos, vai ter que ajustar o discurso e se adaptar a uma nova e quase inusitada posição: ser ele o próprio governo. Na opinião do presidente do partido em Alagoas, deputado estadual Paulo Fernando (Paulão) a tarefa mais difícil dessa transição será, provavelmente, a grande expectativa da sociedade em relação às mudanças que o País precisa e que o PT sempre defendeu. Ele aposta na maturidade dos movimentos sociais “para compreender e ajudar no entendimento de que as mudanças não podem ocorrer num passe de mágica”. “A expectativa é grande e a pressão social também. Os movimentos sociais vão se manter mobilizados e, evidentemente, a cobrança será grande, desde o início. Mas acho que o PT está preparado para dialogar, ouvir e dar andamento às propostas que nos fizeram ganhar a eleição”, salienta o parlamentar. A Presidência da República é uma experiência nova para o partido, cuja atuação parlamentar tem se destacado nos campos da fiscalização das ações e recursos públicos e da legislação. O partido é governo em cerca de 200 municípios brasileiros, seis capitais e três Estados. “Temos uma imensa responsabilidade de manter a moralidade que sempre cobramos enquanto oposição; de trabalhar o conceito de democracia e de dialogar com o Congresso e sobretudo com a sociedade civil, porque é isso que o PT sempre pregou”, diz Paulão. A transparência é outro aspecto que ele considera de fundamental importância para o futuro governo. “O Brasil vai viver uma experiência nova do diálogo entre o governo e a sociedade; da participação popular, não só na hora de votar, mas nas decisões do governo. O PT considera fundamental a criação de canais de comunicação para estabelecer as políticas públicas, porque entende que é ouvindo a sociedade que se conseguem, muitas vezes, idéias baratas e geniais. Prioridade Segundo Paulão, o PT tem pressa de efetuar mudanças, mas deve haver a consciência, tanto do partido como dos movimentos sociais, de que muitas delas não podem ocorrer do dia para a noite. “O povo deve esperar seriedade, mas não milagres”, comenta. Como exemplo ele cita o Orçamento para o próximo ano. “Temos de entender que no primeiro ano de governo Lula vai ter que governar com um orçamento aprovado no atual governo, cujas metas e prioridades não são as mesmas do próximo governo. Então, temos um orçamento que prioriza o pagamento de dívidas, quando nossa prioridade é o investimento em políticas públicas, e o futuro governo vai precisar de muita habilidade para convencer os organismos internacionais de que a gente vai pagar o que deve, mas não às custas da fome do povo brasileiro; temos que discutir uma nova modalidade de pagamento”, destaca o parlamentar. Paulão defende que uma das prioridades terá que ser a reforma agrária, até porque o Brasil, apesar de sua enorme extensão territorial, é o único país da América Latina que ainda não realizou. Esse, na sua opinião, é um dos caminhos mais largos para a geração de emprego e renda prometida em campanha. Com aliados como o PL, PMN e PC do B, além do PPS, PSB e PDT, que aderiram no segundo turno, o PT se prepara para uma convivência democrática. No seu entendimento, o PL, que indicou o vice, deve querer, e tem direito, a espaço no governo, e a militância do PT tem que entender isso. O mesmo se aplica aos outros partidos aliados. Mas essas discussão, lembra Paulão, é da instância nacional do partido. Em Alagoas, onde o PT contou com o apoio do PSB no segundo turno, Paulão diz que o partido continuará na oposição ao governo Ronaldo Lessa. “Não há elementos que justifiquem uma mudança de postura do partido”, afirma o deputado.

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