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Nº 5902
Política

Integra��o Nacional une Alagoas e a Europa / Parte I

O ministro da Integração Social, Luciano Barbosa, assinou, no último dia 7, protocolo de intenções para dinamizar relações técnicas e econômicas entre cidades brasileiras e européias. A solenidade de assinatura do acordo aconteceu no gabinete do minist

Por | Edição do dia 10/11/2002 - Matéria atualizada em 10/11/2002 às 00h00

O ministro da Integração Social, Luciano Barbosa, assinou, no último dia 7, protocolo de intenções para dinamizar relações técnicas e econômicas entre cidades brasileiras e européias. A solenidade de assinatura do acordo aconteceu no gabinete do ministro e contou com a presença de representantes da Província de Arezzo, na Itália, e da prefeita de Arapiraca, Célia Rocha. O município de Arapiraca foi o primeiro a assinar o projeto de cooperação que objetiva intensificar as trocas comerciais entre as duas cidades e adotar medidas para ativar o setor econômico, turístico e social. Os termos do protocolo vão orientar o repasse de R$ 355 milhões pela Comunidade Européia até 2005 para financiar projetos de apoio de melhoria da infra-estrutura e iniciativas sociais em cidades da América Latina. Segundo o ministro, o Brasil está participando do lado bom da globalização, que é a integração entre as culturas e o desenvolvimento dos países, por intermédio das províncias, cidades e distritos. Esse projeto contemplará, até o fim do ano, cerca de 100 cidades brasileiras e o Estado do Mato Grosso do Sul será o próximo a receber os representantes de Arezzo para fechar o acordo. O ministro concedeu entrevista exclusiva à GAZETA DE ALAGOAS, onde afirma que esse intercâmbio com a Europa pode repercutir de forma positiva nas exportações brasileiras. ### - GAZETA DE ALAGOAS: De que trata o intercâmbio que o ministério está fazendo com a Comunidade Européia, por meio do acordo de cooperação técnica entre o Brasil e a Província de Arezzo, na Itália? - Luciano Barbosa: Por intermédio dessa troca de experiência, dessa solidariedade, dessa irmandade, nós podemos dinamizar a economia local trazendo a experiência, um pouco da cultura e do dinamismo econômico que nós encontramos hoje na Europa. A cidade de Arezzo, na Toscana, tem se pautado pelo enriquecimento da cadeia produtiva, provando que em uma sociedade globalizada, num mercado globalizado, há espaço para que as pequenas empresas possam sobreviver. Essa experiência das pequenas empresas que existem hoje na Itália, gostaríamos de trazer para o Brasil, para que se possa dinamizar a economia, principalmente das regiões menos desenvolvidas, mas que por traços culturais, por experiência ou vocação têm a tendência de formar boas empresas familiares. - Ministro, essas empresas familiares a que o senhor se refere seriam economias da região. Assim, qual é a relação da economia de Arezzo, na Itália, com a de Arapiraca? - Primeiro porque a região onde está localizada a cidade de Arezzo é produtora de fumo e a região de Arapiraca também produz fumo. Mas há uma perda de dinamismo econômico na região de Arapriaca, tanto pela qualidade do fumo, que tem caído um pouco, quanto pelo preço internacional do fumo. Isso leva à introdução de novas tecnologias para que a possamos obter mais competitividade no mercado internacional e melhorar a qualidade do fumo produzido. Esse intercâmbio pode melhorar bastante o saber econômico, a partir da produção do fumo naquela região fumageira. Por outro lado, naquela região também temos a produção agrícola de fruticultura e, muitas vezes, essa produção carece de adensamento da cadeia produtiva para aumentar o valor agregado. Por exemplo, se nós pudéssemos investir na produção de folhosas, na produção de hortaliças, fazer o adensamento da cadeia produtiva, melhorando a qualidade do produto e entregando aos supermercados já embalados, nós ganharíamos em preço de produção, e é isso que essas cidades européias têm feito. Pegam uma indústria aparentemente artesanal, agregam o valor e colocam qualidade nesse produto, de tal forma que ele passa a ter um valor maior do que teria se não houvesse esse adensamento da cadeia produtiva. É essa a grande experiência que se precisa trazer para o Brasil. Em diversas cidades e Estados temos uma situação parecida, principalmente na região do semi-árido nordestino e no Nordeste como um todo, onde enfrentamos muitos problemas na produção agrícola, na qualidade dessa produção e na tecnologia introduzida nessa produção. Sabemos, por exemplo, que as estruturas agrária e fundiária de boa parte do Nordeste, principalmente dos agrestes alagoano, pernambucano e paraibano, existem pequenos produtores, que poderiam tirar da terra não só o seu sustento, mas melhorar bastante a sua qualidade de vida, à medida que na sua produção sejam usadas novas tecnologias, para aumentar a produtividade e, também, novas formas de produção aproveitando esses insumos, para que se possa fazer o adensamento dessa cadeia produtiva, agregando ao valor de toda a região. Essa é a idéia básica, para que no campo econômico se promova essa solidariedade entre as cidades que possuem traços culturais e históricos bastantes distintos, mas que tenham algo em comum, que é a vontade de fazer com que pequenas indústrias levem famílias a se juntar e produzir enfrentando, inclusive, o mercado internacional, por intermédio da sua própria produção. - O senhor diria que essa cooperação entre as cidades brasileiras e européias se daria entre as que tenham mais ou menos a mesma produção?Não necessariamente, o que precisamos entender é que existe o lado econômico dessa solidariedade, dessa irmandade, dessa troca de experiência, o lado cultural e existe a troca de mercados. Por exemplo, em toda a costa litorânea do Brasil existe um mercado muito importante, que é o turismo, e cidades que possam estabelecer essa parceria, essa troca de experiências, quer dizer, enquanto eu consumo aquilo que a vantagem comparativa de uma determinada cidade da Europa possa produzir, eles podem consumir outro produto bastante diferente, que é o turismo brasileiro. Por meio desses laços entre cidades da Europa e do Brasil é possível intensificar, portanto, o turismo no Brasil. - A cooperação não envolve somente a parte técnica, mas também a financeira. Quais os recursos desse contrato assinado entre as cidades de Arezzo e Arapiraca? - Embora nós não possamos transformar isso na questão fundamental, ou seja, nós não estamos estabelecendo uma parceria com a finalidade de arrancar recursos para aplicar em infra-estrutura, existe a possibilidade de que se possa contrair, captar recursos vindos da Europa, em euros, para essas cidades com as quais estão sendo feitos os acordos de cooperação técnica. - O ministro da Integração Nacional tem se pautado pela luta, com o objetivo de definir as desigualdades, ressaltando as diferenças regionais e as potencialidades de cada região, para, por meio dessas potencialidades integrar os mercados e também promover o adensamento de suas cadeias produtivas, aumentando o valor agregado e, com isso, dinamizando a economia dessas regiões. Nesse aspecto, estudar a experiência de alguns países europeus e trocar essas experiências, em termos de irmandade, de solidariedade entre cidades brasileiras e européias é importante.

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