Lula diz que n�o tem como fixar novo valor do sal�rio m�nimo
São Paulo O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou ontem, numa reunião com sindicalistas no Teatro Hilton, no centro de São Paulo, que, se não puder reajustar o salário mínimo de 200 para 240 reais, não o fará. De acordo com Lula, na
Por | Edição do dia 27/11/2002 - Matéria atualizada em 27/11/2002 às 00h00
São Paulo O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou ontem, numa reunião com sindicalistas no Teatro Hilton, no centro de São Paulo, que, se não puder reajustar o salário mínimo de 200 para 240 reais, não o fará. De acordo com Lula, nada, nada mesmo o fará deixar de falar a verdade ao povo, por mais dura que seja a realidade. Se pudermos dar um mínimo de 240 reais, vamos dar, mas se não puder, não daremos. De acordo com Lula, as discussões sobre o reajuste do salário mínimo estão sendo feitas de forma antecipada. Ele afirmou que fará um governo baseado na lealdade com a população, tanto nos bons como nos maus momentos. Não posso vender facilidades, considerou. Além de dizer que as discussões a respeito do mínimo estão sendo realizadas antes do tempo próprio, Lula deixou claro que não aceitará pressão para indicar ou antecipar os nomes da equipe de governo. O presidente eleito disse: Sei a quan-tidade de toneladas que carrego nas costas. Segundo Lula, no País, há apenas 25 ministérios e, entre os critérios que definem a composição, está o pessoal. Se tiver de escolher para o mesmo cargo entre dois nomes de grande competência, vou ter de optar por aquele que tenho mais confiança. O presidente lembrou, mais uma vez, que não fará um governo só do PT. Quero fazer um governo plural, de competência e sensibilidade política. Quero dizer que este barco tem comandante. No fim do discurso de cerca de uma hora, Lula reiterou aos sindicalistas: Vocês nunca serão pegos de surpresa. O presidente voltou a pedir união em torno das propostas de consenso para consertar as questões do País. Mesmo afirmando que as discussões do mínimo estão sendo feitas antes do previsto, Lula disse que o governo eleito dobrará o poder aquisitivo do salário em quatro anos. Sindicalismo cidadão O presidente eleito criticou o debate travado por meio da imprensa nos últimos dias entre os presidentes da CUT (Central Única dos Trabalhadores), João Felício, e da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, sobre o imposto sindical. Para ele, essa discussão é pequena. Isso é coisa menor. O momento agora é de menos brava e de mais competência, disse Lula, pedindo para o movimento sindical se unir neste momento. Para Paulinho, o recado de Lula foi muito mais um puxão de orelha no PT e na CUT. Segundo ele, o discurso de Lula está alinhado às propostas da Força Sindical, que pede para as centrais sindicais discutirem primeiro os pontos de coesão e deixar por último os temas polêmicos. Já Felício não encarou a crítica de Lula como um puxão de orelha. Ele (Lula) conhece há muito tempo as divergências que existem entre a CUT e a Força. Não vamos nos negar a opinar sobre aquilo em que acreditamos, disse o presidente da CUT. Lula pediu também a colaboração de todos os sindicalistas no seu governo. Segundo ele, todos serão chamados a participar e a colaborar com as reformas que ele julga serem emergenciais, como a tributária e a previdenciária. Por último, avisou aos sindicalistas que acabou com a moleza deles e alertou-os dizendo que não adianta só subir em cima do caminhão e dizer que está falando em nome do companheiro Lula. Precisamos fazer um sindicalismo cidadão, afirmou o presidente eleito.